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6.4.24

2023. CLIMA

 

O mais quente a nível Global

2024-04-05 (IPMA)

O relatório State of the Global Climate2023 , da Organização Meteorológica Mundial (WMO), apresenta uma síntese do estado dos indicadores climáticos em 2023, dos quais podemos destacar a temperatura do ar à superfície, temperatura da superfície e da superfície do oceano à escala global, concentração de gases com efeito de estufa, quantidade de calor dos oceanos, nível do mar, acidificação dos oceanos, gelo marinho do Ártico e da Antártico, placa de gelo da Gronelândia, glaciares, cobertura de neve, precipitação e ozono estratosférico, bem como a análise dos principais fatores de variabilidade climática interanual, incluindo o El Niño - Oscilação Sul.


Em relação aos fenómenos extremos destacam-se os relacionados com ciclones tropicais, tempestades de vento, cheias, secas e extremos de calor e frio. Este relatório apresenta também as mais recentes conclusões sobre riscos e impactos relacionados com o clima, incluindo a segurança alimentar e a deslocação das populações.
Em termos de resultados, o ano de 2023 foi o mais quente desde que há registos.A temperatura média do ar global em 2023 foi 1.45 ± 0.12 °C acima da média de 1850–1900, valor muito perto do limite inferior de 1.5° C do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

Destaca-se neste relatório os seguintes indicadores:
•    Temperatura do ar: 2023 foi o ano mais quente dos últimos 174 anos (registos de observação), ultrapassando claramente o anteriorano mais quente, 2016, 1.29 ± 0.12 °C acima da média de
1850–1900 (Fig. 1). Os últimos nove anos, 2015–2023, foram os mais quentes desde que há registos.
•    Gases de efeito estufa:a concentração dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso –atingiu níveis recordes observados em 2022, o último ano para o qual os valores globais consolidados estão disponíveis (1984–2022). Dados em tempo real de locais específicos mostram que os níveis dos três gases de efeito de estufacontinuaram a aumentar em 2023.
•    Oceanos:o conteúdo de calor dos oceanos atingiu o seu nível mais alto nos últimos 65 anos (registos de observação).Um período prolongado de La Niña, desde meados de 2020 até o início de 2023, deu lugar a condições de El Niño que se estabeleceram até setembro de 2023, o que contribuiu para o aumento da temperatura média global da superfície do mardurante 2023.
•    Nível médio do mar: em 2023, o nível médio do mar a nível global atingiu um máximo histórico nos registos de satélite (de 1993 até ao presente), refletindo o aquecimento contínuo dos oceanos, bem como o derretimento de glaciares e mantos de gelo.A taxa de aumento médio global do nível médio do mar nos últimos dez anos (2014-2023) é mais do dobro da taxade aumento do nível médio do mar na primeira década dos registos de satélite (1993–2002).
•    Gelo marinho do Ártico: a extensão do gelo marinho no Ártico continua muito inferior ao normal em 2023(Fig. 2), com a extensão máxima anual e a extensão mínima anual a serem respetivamente o 5º e 6º valores mais baixos desde 1979 (inicio dos registos de satélite). A Antártida também atingiu um mínimo absoluto recorde no mês de fevereiro e um mínimo histórico desde junho ao início de novembro.
•    Cobertura de gelo Gronelândia: foi o verão mais quente já registado na estação Summit, 3.4 °C mais quente que a média 1991–2020e 1.0 °C mais quente que o anteriorrecorde.
•    Glaciares: os glaciares da parte oeste da América do Norte e nos Alpes Europeus tiveram umperíodode diminuição extrema. Na Suíça, os glaciares perderam cerca de 10% do seu volume restante nos últimos dois anos.
•    Eventos extremos: as condições meteorológicas extremas continuaram a causar graves impactossocioeconómicos.O calor extremo afetou muitas partes do mundo, incêndios florestais no Havaí, Canadá e Europa levaram à perda de vidas, destruição de casas e poluição atmosférica em grande escala. Inundações associadas a chuvas extremas do ciclone Daniel no Mediterrâneoafetou a Grécia, a Bulgária, a Turquia e a Líbia comperdas de vidas em particular na Líbia.

 
  • Figura 1: Anomalias da temperatura do ar média anual no Globo (em relação a 1850–1900 )de 1850 a 2023.Os dados são de seis fontes conforme indicado na legenda, Fonte: WMO.

    Figura 1: Anomalias da temperatura do ar média anual no Globo (em relação a 1850–1900 )de 1850 a 2023.Os dados são de seis fontes conforme indicado na legenda, Fonte: WMO.

  • Figura 2:  (à esquerda) Extensão diária do gelo marinho do Ártico de janeiro a dezembro, mostrando 2023 (linha vermelha) em relação ao valor médio (1991–2020, azul escuro) e os recordes de maior e menor extensão para cada dia (azul médio). Os anos individuais são mostrados a azul claro. (à direita) Concentração de gelo em 19 de setembro de 2023, na extensão mínima anual de gelo do Ártico. A linha amarela indica a mediana para período 1981-2010.

    Figura 2: (à esquerda) Extensão diária do gelo marinho do Ártico de janeiro a dezembro, mostrando 2023 (linha vermelha) em relação ao valor médio (1991–2020, azul escuro) e os recordes de maior e menor extensão para cada dia (azul médio). Os anos individuais são mostrados a azul claro. (à direita) Concentração de gelo em 19 de setembro de 2023, na extensão mínima anual de gelo do Ártico. A linha amarela indica a mediana para período 1981-2010.