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2.11.11

CASCAIS E O TERRAMOTO DE 1755


 PASSARAM 256 ANOS

Como é do conhecimento geral no dia 1º de Novembro de 1755 registou-se um abalo de terra em Portugal continental do qual resultaram prejuizos humanos e materiais de elevada monta.
Em Lisboa há registos de 60.000 mortos em consequência directa do sismo e do sobsequente maremoto.Embora não houvesse registos na altura, admite-se ter o abalo atingido o grau nove da escala de Richter tendo sido sentido até na Austria onde " tremeram " os lustres. No que a Cascais diz respeito encontrei a seguinte informação:

   
As memórias Paroquiais, bem como as respostas dos reitores às questões levantadas pelas autoridades após o terramoto de 1755, (...) A existência de uma torre com relógio, que desapareceu nessa ocasião, bem como a utilidade e a forma de utilização do espaço interno das muralhas do castelo, vêm bem expressas nas palavras do padre Marçal da Silveira : " Está esta vila sem relógio porque este, e sua grande torre feita pelos mouros, que se fez em cinzas. O Palácio dos Marqueses de Cascais que era de uma excelente prespectiva, e de esquisitas pinturas, com uma bela ermida, desconhece-se tudo pelo que foi e já não é ( ...) Nesta freguesia há um castelo, cujo hoje está todo cheio de moradores e para nada serve mais, porém ainda se lhe conservam algumas ameias, cuja fica para as bandas da ribeira, pegando com os palácios dos Marqueses de Cascais " .


 * 1
 (...) Em termos de edificações de carácter sacro, seriam várias as existentes em Cascais durante a época moderna. No entanto, devido ao terramoto de 1755, a grande maioria delas terá sido destruída, dando lugar a reconstruções que, de acordo com os dados recolhidos no terreno, as terão transformado naquilo que hoje são. Segundo o Reitor da Igreja Matriz de Cascais, padre Manuel Marçal da Silveira, nada sobrou do terramoto, e o que se manteve em pé, estava em tais condições que mais valia destruir para construir de raiz do que aproveitar aquelas ruínas; " A vila ficou toda arruinada até ao chão. Não há casa, que ou não caísse em terra, ou não ficasse abalada, ameaçando ruína. Os templos, a ponte, a cidadela, e os seus quarteis, tudo está demolido, e feito em pó. A maior parte da vila habita ainda em barracas fora, e dentro do destrito, a ponte está com um só arco em pé, e se não passa por ela, e tudo em última ruína, sem que se reparasse ainda nada, sómente algumas casas se teem levantado, poucas, ao mesmo tempo que outras, com as tempestades e ventos se teem acabado de postrar.

 Do Reitor da Igreja da Freguesia da Ressureição, a segunda Freguesia de Cascais e situada no espaço extra -muros, sabemos que foi esta uma das mais afectadas Freguesias do País, com a catástrofe do terramoto de 1755:

 " De todas as terras foi esta que experimentou maior ruína ( Conforme dizem todos ) por causa do dito terramoto, pois todos os edifícios se arruinaram, e quase todos cairam, e algum que não caiu ficou de todo inabitável,(...)*

Os asteriscos * que assinalo em 1 e 2  pretendo com eles registar que alterei a grafia da época para cómoda leitura, embora tenha mantido as virgulas e pontuações afim de manter algo dos textos originais.
 Recorri à consulta da obra de João Anibal Henriques " Subsídios Monográficos para uma História Rural Cascalense " para ajudar a elaborar este texto .


Sismo de Lisboa de 1755

Sismo de Lisboa de 1755
 
 
O Sismo de 1755, também conhecido por Terremoto de 1755, ocorreu no dia 1 de novembro de 1755, resultando na destruição quase completa da cidade de Lisboa, especialmente na zona da Baixa, e atingindo ainda grande parte do litoral do Algarve e Setúbal. O sismo foi seguido de um maremoto - que se crê tenha atingido a altura de 20 metros - e de múltiplos incêndios, tendo feito certamente mais de 10 mil mortos. Foi um dos sismos mais mortíferos da história, marcando o que alguns historiadores chamam a pré-história da Europa Moderna. Os sismólogos estimam que o sismo de 1755 atingiu magnitudes entre 8,7 a 9 na escala de Richter.
  • Acidentes Mortais: 30 000
  • Data: 01/11/1755