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29.4.11

VITORINO NEMÉSIO.

                                     A minha casa é a concha. Como os bichos
                                     Segreguei-a de mim com paciência:
                                     Fachada de marés, a sonho e lixos,
                                     O horto e os muros só areia e ausência.


                                     Minha casa sou eu e os meus caprichos.
                                     O orgulho carregado de inocência
                                     Se às vezes dá uma varanda,vence-a
                                     O sal que os santos esboroou nos nichos.


                                     E telhados de vidro, e escadarias
                                     Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
                                     Lareira aberta ao vento, as salas frias.


                                     A minha casa...Mas é outra a história:
                                     Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,


UMA TÍPICA CHAMINÉ DA REGIÃO DE CASCAIS ( Foto de J.P.L. Em Fevereiro de 2011 )
                                    
 Sentado numa pedra de memória. *




* Vitorino Nemésio. OBRAS COMPLETAS, Vol - I - Poesia, Lisboa: INCM, 1989, P.131. 



Vitorino Nemésio

Poeta
Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva GOSE • GCSE • GOIH foi um poeta, romancista, cronista, académico e intelectual açoriano que se destacou como autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Vitorino Nemésio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vitorino Nemésio
Obra artística realizada na Escola Secundária Vitorino Nemésio
Nome completo Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva
Nascimento 19 de dezembro de 1901
Praia da Vitória, Açores, Portugal
Morte 20 de fevereiro de 1978 (76 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes (1926, 4 filhos)
Alma mater Universidade de Coimbra
Ocupação Poeta e escritor
Prémios Prémio Ricardo Malheiros (1944)
Prémio Internacional Montaigne (1973)
Magnum opus Mau Tempo no Canal


Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva GOSE • GCSE • GOIH (Praia da Vitória, 19 de dezembro de 1901Lisboa, 20 de fevereiro de 1978) foi um poeta, romancista, cronista, académico e intelectual açoriano que se destacou como autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Biografia

Filho de Vitorino Gomes da Silva e de Maria da Glória Mendes Pinheiro, na infância a vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, uma vez que foi expulso do Liceu de Angra, e reprovou o 5.º ano, facto que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores.[1] Do período do Liceu de Angra, apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deusdado, professor de História, que o introduziu na vida das Letras.
Com 16 anos de idade, Nemésio desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, em 16 de julho de 1918, com a qualificação de dez valores.
A sua estadia na Horta foi curta, de maio a agosto de 1918. A 13 de agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio.
Apesar da tenra idade, Nemésio chegou à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário.
Em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um intenso comércio marítimo e uma impressionante animação nocturna, uma vez que se constituía em porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num "nó de comunicações" mundiais. Esse ambiente cosmopolita contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever a obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas quatro principais ilhas do grupo central açoriano: Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919 iniciou o serviço militar, como voluntário na arma de Infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora do arquipélago. Concluiu o liceu em Coimbra, em 1921, e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio trocou esse curso pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, e, em 1925, matriculou-se no curso de Filologia Românica da mesma Faculdade.
Na primeira viagem que faz a Espanha, com o Orfeão Académico, em 1923, conhece Miguel Unamuno, escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, e teórico do humanismo revolucionário antifranquista, com quem trocará correspondência anos mais tarde.
Nesse mesmo ano foi iniciado na Maçonaria. [2]
A 12 de fevereiro de 1926 desposou, em Coimbra, Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos: Georgina (novembro de 1926), Jorge (abril de 1929), Manuel (julho de 1930) e Ana Paula (dezembro de 1931).
Em 1930 transferiu-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa[3] onde, no ano seguinte, concluiu o curso de Filologia Românica,[4] com elevadas classificações, começando desde logo a lecionar literatura italiana. A partir de 1931 deu inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou Literatura Italiana e, mais tarde, Literatura Espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio. Entre 1937 e 1939 leccionou na Vrije Universiteit Brussel,[5] tendo regressado, neste último ano, ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1958 leccionou no Brasil. A 19 de julho de 1961 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, a 17 de abril de 1967, Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[6] A 12 de setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas, passando a ser Catedrático Jubilado.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de dezembro de 1975 a 25 de outubro de 1976.
Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prêmio Nacional de Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
A 30 de agosto de 1978 recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a título póstumo.[6] Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua na zona da Quinta de Santa Clara, na Ameixoeira.[7]

Obra

Vitorino Nemésio foi ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, epistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, para além de toda a actividade de docência. O seu nome consta da lista de colaboradores da Revista dos Centenários[8] publicada por ocasião da Exposição do Mundo Português e nas revistas, Panorama [9] (1941-1949) Conímbriga [10] de 1923, Renovação (1925-1926) [11], Atlântico [12] e Litoral [13] (1944-1945).
Levou a cabo, na sua obra, uma transformação das tendências da Presença (que de certa forma precedeu), que garantiu a eternidade dos seus textos. Fortemente marcado pelas raízes insulares, a vida açoriana e as recordações da sua infância percorrem a obra do escritor, numa espécie de apelo, revelado pela ternura da sua inspiração popular, pela presença das coisas simples e das gentes, e pela profunda humanidade face à existência e ao sofrimento da vida humana.
Entre as suas principais obras contam-se:

Poesia

  • O Bicho Harmonioso (1938)
  • Eu, Comovido a Oeste (1940)
  • Nem Toda a Noite a Vida (1953)
  • O Verbo e a Morte (1959)
  • Canto de Véspera (1966)
  • Limite de idade (1972)
  • Sapateia Açoriana, Andamento Holandês e Outros Poemas (1976)
  • Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga (2003) - póstumo
  • Poemas Brasileiros (1972)
  • Meu Coração É Como Peixe Cego (1942)

Ficção

Ensaio e Crítica

  • Sob os Signos de Agora (1932)
  • A Mocidade de Herculano (1934)
  • Relações Francesas do Romantismo Português (1936)
  • Ondas Médias (1945)
  • Conhecimento de Poesia (1958)

Crónica

  • O Segredo de Ouro Preto (1954)
  • Corsário das Ilhas (1956)
  • Jornal do Observador (1974).

A Ficção em Vitorino Nemésio

Os trechos de inspiração açoriana são bastante significativos na sua obra notando-se a presença de infantis lembranças, e amores, dores e agoiros de figuras de humildes que nestas páginas ficam vivendo, sob a obsessão circundante do mar, na opinião de Afonso Lopes Vieira. A sua experiência de ilhéu encontra-se presente na sua obra em geral, cuja vida no domínio da ficção se inicia em 1924 com a publicação do volume de contos Paço do Milhafre prefaciada por Afonso Lopes Vieira, e mais tarde rebaptizada com o título O Mistério do Paço do Milhafre, tendo sido publicada em 1949.
Vitorino Nemésio ao longo de toda a sua carreira literária nunca deixou de surpreender os demais. O escritor nos seus romances conseguiu transmitir uma certa originalidade de escrita, sobretudo na descrição dos lugares e no desenho das personagens, e até dar uma certa generosidade humana que se pode presenciar em Varanda de Pilatos, (obra publicada em 1927) e no volume de novelas A Casa Fechada, constituída por três histórias: O Tubarão, Negócio de Pomba e A Casa Fechada Em relação a esta última história, a crítica foi bastante positiva e unânime, tendo sido considerada uma obra excepcional.
Contudo houve uma obra romanesca, mais complexa, variada, densa e subtil que é Mau Tempo no Canal, obra incomparável na literatura portuguesa do século XX. Este romance havia já sido "ensaiado" pela novela Negócio de Pomba, isto é, esta possui muitos aspectos que irão ser tratados a posteriori naquele romance.
Depois de ter escrito Mau Tempo no Canal, pode-se afirmar que Vitorino Nemésio nunca mais voltou aos trilhos do romance. Ele próprio afirma num inédito do seu espólio Morro autor de um romance único. Mau Tempo no Canal corresponde ao momento mais alto da sua vasta produção literária e é uma das obras-primas da literatura portuguesa.
Ao visitar a Horta pela segunda vez, em 1946, escreveu em Corsário das Ilhas: Gosto da Horta como de nêsperas. Tinha saudades do que fui, já nem sei bem como, aqui. Todo o imaginado é mais ou menos frustrado quando o realizamos; mas na Horta não é bem excedido […]. Matriz no alto onde foram as casas do donatário flamengo e que os jesuítas adaptaram, como sempre, cubicular e faustosamente, mais duas ou três igrejas conventuais nos altos; a cada ponta, ou sainte, as paróquias da Conceição e das Angústias, e o mais que é preciso para completar uma cidadezinha airosa alva como uma noiva – Horta, ou seja, trinta anos depois, Nemésio continuava a recordar os primores do acolhimento, a hospitalidade patriarcal, a gentileza em tudo e por tudo.

Outros géneros narrativos

Dentro do género narrativa, para além da obra de ficção, Vitorino Nemésio escreveu e publicou obras de natureza biográfica: desde logo o seu doutoramento tratou a vida de Alexandre Herculano. Escreveu igualmente uma biografia de Isabel de Aragão, a Rainha Santa.
Também escreveu crónicas das viagens que fez ao Brasil, aos Açores e à Madeira e publicou ensaios sobre temas diversos, como temas portugueses e brasileiros, um ensaio sobre Gil Vicente e também crítica de poesia.

A Poesia em Vitorino Nemésio

Nemésio é sobretudo um poeta, tal como ele próprio o afirma, uma vez que escrever poesia foi uma actividade ininterrupta mantida desde 1916 (com o Canto Matinal) até 1976 (Era do Átomo Crise do Homem).
Entre as suas principais obras poéticas contam-se:
  • O Bicho Harmonioso (publicada em 1938)
  • Eu, Comovido a Oeste (publicada em 1940)
  • Festa Redonda (publicada em 1950)
  • Nem toda a Noite a Vida (publicada em 1952)
  • O Pão e a Culpa (publicada em 1955)
  • O Verbo e a Morte (publicada em 1959)
  • Sapateia Açoriana (publicada em 1976)
  • Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga (póstumo, publicada em 2003)
Na opinião de Óscar Lopes, falando a respeito da poesia nemesiana, ele diz-nos que os volumes de versos se podem agrupar em dois ciclos distintos e que se intersectam na obra Nem toda a Noite a Vida que é o mais heterogéneo de todos.
No primeiro ciclo a temática está relacionada com a insularidade, com a saudade à ilha, à infância, à adolescência, ao pai e ao seu primeiro amor proibido. Toda esta temática está bem visível em O Bicho Harmonioso e em Eu, Comovido a Oeste.
No segundo ciclo já se nota uma transmutação de temas, enveredando para uma temática religiosa e metafísica. Coloca questões acerca da vida e da morte, do ser (devir e permanência do ser), e da busca de sentido para a existência. Por isso o poeta é identificado com a corrente filosófica existencialista. A par desta poesia erudita o poeta cultiva também uma poesia popular profundamente marcada por símbolos de açorianidade, pelo que muitas vezes é acusado de regionalismo literário na sua obra.

Outras actividades

A par da sua actividade literária e de docência, Vitorino Nemésio dava conferências (foi numa das viagens à Espanha para dar uma conferência que acabou por conhecer pessoalmente Miguel Unamuno), colaborava com a RTP (Se Bem Me Lembro), bem como em várias revistas e jornais (Seara Nova, Presença, O Diabo e Diário Popular), fundou e dirigiu em conjunto com outros jornais e revistas Gente Nova), foi redactor de jornais e assumiu a direcção do jornal O Dia, no fim da sua carreira profissional.
Trabalhou também como tradutor. Traduziu, a partir do francês, La Seconde Chance, de Constantin Virgil Gheorghiu, publicado pela Livraria Bertrand com o título A Única Saída.

O conceito de Açorianidade

O conceito de "açorianidade" foi definido por Nemésio em 1932 e, desde então, foi amplamente divulgado em contextos bem diferenciados, desde estudos de âmbito literário a intervenções de ordem política. Naquele ano, por ocasião do V Centenário do Descobrimento dos Açores, afirmou:
"(...) Quisera poder enfeixar nesta página emotiva o essencial da minha consciência de ilhéu. Em primeiro lugar o apego à terra, este amor elementar que não conhece razões, mas impulsos; e logo o sentimento de uma herança étnica que se relaciona intimamente com a grandeza do mar.
Um espírito nada tradicionalista, mas humaníssimo nas suas contradições, com um temperamento e uma forma literária cépticos, - o basco Baroja, - escreveu um livro chamado Juventud, Egolatria 'O ter nascido junto do mar agrada-me, parece-me como um augúrio de liberdade e de câmbio'. Escreveu a verdade. E muito mais quando se nasce mais do que junto do mar, no próprio seio e infinitude do mar, como as medusas e os peixes (...)
Uma espécie de embriaguez do isolamento impregna a alma e os actos de todo o ilhéu, estrutura-lhe o espírito e procura uma fórmula quási religiosa de convívio com quem não teve a fortuna de nascer, como o logos, na água (...)
(...) Meio milénio de existência sobre tufos vulcânicos, por baixo de nuvens que são asas e bicharocos que são nuvens, é já uma carga respeitável de tempo - e o tempo é espírito em fieri (...)
Como homens, estamos soldados historicamente ao povo de onde viemos e enraizados pelo habitat a uns montes de lava que soltam da própria entranha uma substância que nos penetra. A geografia, para nós, vale outro tanto como a história, e não é debalde que as nossas recordações escritas inserem uns cinquenta por cento de relatos de sismos e enchentes. Como as sereias temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos ossos mergulham no mar.
Um dia, se me puder fechar nas minhas quatro paredes da Terceira, sem obrigações para com o mundo e com a vida civil já cumprida, tentarei um ensaio sobre a minha açorianidade subjacente que o desterro afina e exacerba."[14]
Posteriormente, em 1975, em quatro novos textos[15] publicados no Diário Insular, o mesmo foi retomado e aprofundado. É o próprio Nemésio que recorda:
"Outro sintoma linguístico da impulsividade afirmativa dos Açores como etnia ou espaço geográfico originais está no emprego da palavra 'açorianidade'. Quem escreve estas linhas passa por inventor desse vocábulo, há bons quarenta anos. Luís Ribeiro, o insigne etnógrafo e jurisconsulto açoriano de 'Os Açores de Portugal' - opúsculo de grande valia, pela posição de contraste, para o emancipalismo de hoje - foi um dos que generosamente me 'patentearam' por tão pobre criação vocabular. Porque lia então muitos ensaístas espanhóis, incluindo o clássico Pi y Margall de 'Las nacionalidades', decalquei sobre 'hispanidade e argentinidade' (Unamuno) o meu 'açorianidade' ".[16]

Notas


  1. NEMÉSIO, Vitorino. Açores: De onde sopram os ventos. in: Diário Insular, nº 8815, 5 Out. 1975. p. 1 e 3. apud: Revista DI, nº 257, 9 Mar. 2008. p. 4-11.

Bibliografia

  • Diário Insular de 22 de Abril de 2009.
  • A. Moniz - Para uma leitura de "Mau tempo no canal" . Lisboa, 1996.
  • R. Patricio - Conhecimento de Poesia.A critica literaria segundo Vitorino Nemesio . Braga, 2000.
  • M. Maia Gouveia - Vitorino Nemésio e Cecilia Meireles : a ilha ancestral . Porto, 2001.

Ver também

Ligações externas

  • Clemente, Elvo. Folhas do caminho. EDIPUCRS, 2003. pp. 105. ISBN 857430381X

  • Arnaut, António (2017). Introdução à Maçonaria. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. p. 132. ISBN 978-989-26-1327-7

  • [1]

  • «Vitorino Nemésio». Porto Editora. Infopédia. Consultado em 20 de fevereiro de 2014

  • Roza Huylebrouck (Maio de 1990). «O Português no ensino universitário e para-universitário em terras de expressão neerlandesa: Bélgica/Flandres e Países Baixos» (pdf). pág. 254. Biblioteca digital da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Consultado em 3 de Julho de 2014

  • http://www.ordens.presidencia.pt/

  • [2]

  • Helena Bruto da Costa. «Ficha histórica:Revista dos Centenários (1939-1940)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 29 de Maio de 2015

  • José Guilherme Victorino (julho de 2018). «Ficha histórica:Panorama: revista portuguesa de arte e turismo» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 14 de setembro de 2018

  • Jorge Mangorrinha (1 de março de 2016). «Ficha histórica: Conímbriga : revista mensal de arte, letras, sciências e crítica (1923)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 9 de fevereiro de 2018

  • Jorge Mangorrinha (1 de Março de 2016). «Ficha histórica:Renovação : revista quinzenal de artes, litertura e atualidades (1925-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de maio de 2018

  • Helena Roldão (12 de Outubro de 2012). «Ficha histórica:Atlântico: revista luso-brasileira (1942-1950)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Novembro de 2019

  • Helena Roldão (19 de Junho de 2018). «Ficha histórica:Litoral : revista mensal de cultura (1944-1945)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 25 de Janeiro de 2019

  • NEMÉSIO, Vitorino. "Açorianidade". in: Insula, Número Especial Comemorativo do V Centenário do Descobrimento dos Açores, nº 7-8 (Julho-Agosto), Ponta Delgada, 1932. p. 59.

  • Dois deles publicados inicialmente pelo Jornal Novo. Recorde-se que o momento à época, em Portugal e nas ilhas era conturbado, nomeadamente no que concerne às ideias de processo revolucionário e de autonomia regional.


  • ALMOÇAGEME



    ALMOÇAGEME ( Foto de J.P.L. em Abril de 2011 )
     .Mapa


    Almoçageme

    Vila
    Almoçageme
     
     
     
    Almoçageme é uma aldeia do distrito de Lisboa, concelho de Sintra, freguesia de Colares, situada na encosta noroeste da Serra de Sintra.
     O topónimo Almoçageme é de origem árabe. Uma possível raiz é "al-Masjid" ou "al-Mesijide", que significa "a mesquita", embora não existam referências a alguma mesquita antiga no local.
     
     As festividades em honra de Nossa Senhora da Graça realizam-se na aldeia em outubro. Há ruínas de uma “villa” romana, datada do século II a.C.. 
    Foram escavadas em 1905 para a construção da Estrada do Rodizio, que liga Almoçageme à Praia Grande.
     Achados arqueológicos das escavações da villa romana de Santo André de Almoçageme estão no museu arqueológico de São Miguel de Odrinhas.
     Almoçageme tem no seu território a praia da Adraga.

    28.4.11

    GOMES DA COSTA


    " O general Gomes da Costa, um militar de grande prestígio, saíra de Braga seguido de toda a guarnição e avançara sobre Lisboa numa marcha triunfal. Gomes da Costa, na sua proclamação declarara:

     

       " VERGADA SOB A ACÇÃO DUMA MINORIA DEVASSA E TIRÂNICA, A NAÇÃO SENTE-SE MORRER. EU POR MIM REVOLTO-ME ABERTAMENTE

    Ninguém se lhe opôs porque a verdade era que não só Gomes da Costa mas o país inteiro sentia-se revoltado, estava, enfim, farto!

       Estava toda a gente farta e foi com um suspiro de alívio que a enorme maioria dos portugueses acolheu e abençoo o 28 de Maio. " *

    *  PEDRO FALCÃO. " OS VALARES " 




    Isto ocorreu em 1926 como sabemos. E se fosse nos dias de hoje?


    Manuel Gomes da Costa

    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
     
     
    Disambig grey.svg Nota: Para a avenida homónima, veja Avenida do Marechal Gomes da Costa.
     
     
    Manuel Gomes da Costa
    Manuel Gomes da Costa
    10Presidente da República Portuguesa
    Período 29 de junho de 1926
    a 9 de julho de 1926
    Antecessor José Mendes Cabeçadas
    Sucessor Óscar Carmona
    Presidente do Ministério de Portugal
    Período 17 de junho de 1926
    a 9 de julho de 1926
    Antecessor José Mendes Cabeçadas
    Sucessor Óscar Carmona
    Dados pessoais
    Nome completo Manuel de Oliveira Gomes da Costa
    Nascimento 14 de janeiro de 1863
    Reino de Portugal Portugal, Lisboa, Santa Isabel
    Morte 17 de dezembro de 1929 (66 anos)
    Portugal Portugal, Lisboa, São Sebastião da Pedreira
    Primeira-dama Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936)
    Partido Independente (até 1917 e 1918–1929), Partido Centrista Republicano (1917–1918)
    Profissão Militar (Marechal)
    Assinatura Assinatura de Manuel Gomes da Costa


    Manuel de Oliveira Gomes da Costa GOTEGOAGCA (Santa Isabel, Lisboa, 14 de janeiro de 1863São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 17 de dezembro de 1929) foi um militar e político português, presidente do Ministério acumulando com a chefia do Estado, fazendo dele o de facto décimo presidente da República Portuguesa e o segundo da Ditadura Nacional.

    Biografia

    Nasceu em Lisboa, na Rua do Sol ao Rato, número 205, da freguesia de Santa Isabel, descendente de militares, era filho de Carlos Dias da Costa, à data sargento quartel mestre do Regimento de Infantaria n.º16, natural de Pombalinho, Soure, e de Madalena Rosa de Oliveira, natural de Lisboa. Cresceu com duas irmãs mais novas, Amália e Lucrécia, iniciando o seu percurso militar aos 10 anos, ingressando no Colégio Militar.

    Carreira militar

     
     
    Generais Tamagini, Haking e Gomes da Costa.



    Enquanto soldado, destacou-se nas campanhas de pacificação das colónias, na Índia e em África, e ainda na I Grande Guerra. Ao lado dos Aliados, em inícios de 1917, comandou a Segunda Divisão do Corpo Expedicionário Português. Durante a Batalha de Lys, em 9 de abril de 1918, o CEP teve 400 baixas e cerca de 6500 prisioneiros, um terço de suas forças na linha de frente. A divisão de Gomes da Costa foi particularmente atingida e foi praticamente exterminada.
    A 15 de Fevereiro de 1919 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis,[1] a 14 de Setembro de 1920 foi feito Grande-Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a 5 de Outubro de 1921 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis.[2]

    Revolução

    Um monárquico convicto, Gomes da Costa, tinha convivido com pessoas de várias convicções políticas. Isso e a sua reputação de soldado levaram-no a liderar a direita conservadora, cujos revolucionários lideraram o golpe de estado de 28 de maio de 1926 em Braga, que derrubou a Primeira República portuguesa, depois da morte do general Alves Roçadas, sua escolha original, que deveria ter sido seu chefe.[1]
    Depois do sucesso da revolução, ele não assumiu o poder a princípio, confiando os cargos de Presidente da República e Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro-Ministro) a José Mendes Cabeçadas, o líder da revolução em Lisboa. Logo os líderes do golpe não gostaram da atitude de Mendes Cabeçadas, uma escolha do anterior presidente Bernardino Machado e ainda simpatizante da antiga república. Ele foi substituído por Gomes da Costa em ambos os cargos numa reunião do quartel-general em Sacavém, a 17 de Junho de 1926. O novo governo foi o primeiro a incluir o último primeiro-ministro e ditador de Portugal, António de Oliveira Salazar, como ministro da Fazenda


     
    Marcha de tropas de Gomes da Costa em Lisboa, 28 de Maio de 1926.


    O governo de Gomes da Costa durou tanto quanto o de Mendes Cabeçadas, porque foi derrubado por um novo golpe em 9 de julho do mesmo ano. Esta contra-revolução foi chefiada por João José Sinel de Cordes e Óscar Carmona, depois de Gomes da Costa tentar remover Carmona como ministro das relações exteriores e de se revelar incapaz de lidar com os dossiers governativos.

     

    Exílio e posteridade


    Carmona, agora presidente do Ministério, enviou-o para o exílio nos Açores, e fê-lo Marechal do Exército Português, usando o pretexto de que Gomes da Costa era "inapto para o cargo".[1] Ainda exerceu algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Em Setembro de 1927, regressou já doente ao Continente, tendo falecido em condições miseráveis, sozinho, pobre e desligado do poder, 3 meses depois.[1] Faleceu em casa, na rua João Crisóstomo, n.º7, terceiro andar, da freguesia de São Sebastião da Pedreira, sendo a causa de morte insuficiência cardio-renal. O funeral seguiu para o Cemitério do Alto de São João.
    Parte do seu espólio literário encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal. Encontra-se colaboração sua na revista  


    Contemporânea[3] (1915-1920). 


    Gomes da Costa foi casado com Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936), cujo matrimónio ocorreu em Penamacor, a 15 de Maio de 1885. Deste casamento tiveram três filhos: Estela Henriqueta de Mira Godinho Gomes da Costa (1889-1968), que casou com Pedro Francisco Massano de Amorim (1862-1929), Governador da Índia, viúvo de Elvira Gorjão de Oliveira Amorim, sem descedência; Manuela de Mira Godinho Gomes da Costa (1890-1969), que casou com João Herculano de Melo e Moura (1893-1990), com descendência, e posteriormente no estado de divorciada com Joaquim Nunes Ereira, de quem não teve filhos; Carlos Gomes da Costa (1891-1967), que casou com Helena do Carmo May de Oliveira, com descendência.

     

    Obra Publicada

     
     
    Escultura de Gomes da Costa, do escultor Barata Feyo.
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    • Gaza: 1897-1898. Lisboa : M. Gomes, 1899.
    • A Grande Batalha do C. E. P. (A Batalha do Lys) 9 de Abril de 1918. Lisboa : Livraria Popular de Francisco Franco, 1919.
    • O Corpo de Exército Português na Grande Guerra: A Batalha do Lys: 9 de Abril de 1918. Porto : Tip. Renascença Portuguesa, 1920.
    • A guerra nas colonias: 1914-1918. Lisboa :Portugal-Brasil, 192_.
    • Soldados de Portugal. Macau : Imprensa Nacional, 1923.
    • Descobrimentos e conquistas. Lisboa : Serv. Gráf. do Exército, 1927.
    • Descobrimentos e conquistas: Afonso de Albuquerque: 1569-1915. Lisboa: Imprensa Nacional, 1929.
    • Memórias. Prefácio de Aires de Ornelas; posfácio do Coronel Ferreira do Amaral. Lisboa : A. M. Teixeira & C.ª, 1930.
    • A revolta de Goa e a campanha de 1895-1896. Lisboa : Soc. Ind. de Tipografia, 1939.

    Referências


    Ligações externas

  • «Gomes da Costa». Porto Editora. Infopédia. Consultado em 17 de dezembro de 2012

  • «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Manuel de Oliveira Gomes da Costa". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 28 de novembro de 2014


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