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15.3.20

SUPERMERCADOS e ETC.... RESTRIÇÕES

Espaços comerciais apenas podem ter 4 pessoas por 100 metros quadrados





As limitações impostas pelo Governo foram publicadas hoje em Diário da República.

© iStock

  As limitações impostas pelo Governo foram publicadas hoje em Diário da República.
Tal como tinha prometido na passada sexta-feira, o Governo avançou com uma portaria, publicada este domingo, em Diário da República, que estabelece várias restrições no acesso e ocupação dos espaços nos estabelecimentos comerciais - supermercados, centros comerciais e loja - e nos restaurantes e bares.
Sublinhando que a aplicação desta medida extraordinária tem em vista aumentar as "as possibilidades de distanciamento social e isolamentoprofilático", o Governo decretou que a partir de segunda-feira só devem estar nos espaços comerciais "0,04 pessoas por metro quadrado de área", ou seja, quatro pessoas por cada 100 metros quadrados.
Este rácio deve ser cumprido na "área destinada ao público, incluindo as áreas de uso colectivo ou de circulação, à excepção das zonas reservadas a parqueamento de veículos". Fora destes limites ficam os trabalhadores e funcionários destes espaços comerciais.
"Os estabelecimentos de comércio por grosso estão excluídos" destas novas restrições, pode ler-se ainda na portaria assinada pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
No que diz respeito aos restaurantes, bares e cafés, foi estabelecido que a ocupação de pessoas nestes espaços deve ser "limitada em um terço da sua capacidade" habitual.
Nesta portaria é ainda referido que "os gestores, os gerentes ou os proprietários dos espaços e estabelecimentos referidos" devem "efetuar uma gestão equilibrada dos acessos de público, em cumprimento do disposto" e "monitorizar as recusas de acesso de público, de forma a evitar, tanto quanto possível, a concentração de pessoas à entrada dos espaços".

ABASTECIMENTOS GARANTIDOS

 




Fábricas a produzir normalmente, transporte de produtos assegurado, lojas reabastecidas: os alimentos vão estar disponíveis, garantem Governo e associações de distribuidores e produtores
© Picasa Conservas e enlatados, frescos, arroz, massa, farinha, açúcar, leite, água... e papel higiénico.
Estes produtos estiveram esta semana na mira dos clientes dos super e hipermercados, numa corrida às compras que em alguns casos deixou vazias prateleiras nas maiores cidades portuguesas.

O movimento, impulsionado pelos receios em torno da pandemia de Covid-19, começou a sentir-se na terça à noite e intensificou-se na quarta-feira, com engarrafamento nos corredores dos produtos mais procurados, carrinhos de compras lotados, filas junto às caixas de pagamento.

Na quinta-feira ao fim do dia, a escassez de alguns produtos era evidente. No Pingo Doce de Paço d’Arcos duas mulheres olhavam incrédulas para o espaço onde deveria estar o papel higiénico: “Nem uma embalagem”, comentavam. “Parece que vai acabar o mundo”, desabafava uma jovem no momento em que entrava na Mercadona de Matosinhos e enfrentava prateleiras totalmente vazias nos corredores dos frescos.

O Governo tinha acabado de apelar à calma, pela voz do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, garantindo não haver risco de rutura de stocks nem de racionamento de produtos. “Não há razões para aquilo que se designa corrida aos supermercados”, disse o governante no final de uma reunião de um grupo de trabalho entre o Governo, entidades públicas e associações dos sectores agroalimentar, retalho, distribuição e logística.

Na quarta-feira, os responsáveis da área da distribuição e da produção já tinham apelado à calma e rejeitado ruturas nas lojas. O diretor-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, assegurava o normal funcionamento do sector da distribuição: “Este maior afluxo tem levado a que as operações logísticas tenham de ser mais rápidas, o que nem sempre é possível”, explicava. “As fábricas continuam a produzir os produtos, os transportes não vão parar, nem a logística. Há produtos em stock, muitos são de produção nacional.”

Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca — Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, recomenda: “É fundamental que os consumidores não sintam sensação de escassez e é preciso que sejam racionais nas compras para não andarmos, daqui a uns anos, a consumir coisas que açambarcamos sem qualquer necessidade.”

A regra é manter hábitos de consumo e “tudo continuará a correr normalmente, até porque desta vez o quadro não tem qualquer relação com o que se passou com a greve dos motoristas de matérias perigosas e há todas as condições para os produtos chegarem diariamente às prateleiras”, acrescenta.
A comparação com o que se passou em 2019, na crise dos combustíveis, mostra que estamos perante situações completamente diferentes, defende.

 Em 2019, as bombas de gasolina estavam sem combustível, o transporte dos produtos estava bloqueado e as lojas corriam o risco de ficar vazias. Agora, na crise da Covid-19, as unidades produtivas estão a laborar, o transporte de produtos é contínuo, as lojas são reabastecidas, os produtos vão estar disponíveis, sublinha.

E o Expresso confirmou que as reposições são reais. Quinta-feira às 19h30, nos supermercados de Matosinhos Sul havia buracos na prateleiras, mas às 9h de sexta-feira era visível a azáfama nas reposições. Pelas 10h de sexta-feira, a reposição de conservas no Auchan de Cascais corria a todo o vapor. Os funcionários confessam “exaustão” no arranque da jornada, mas as vitrinas refrigeradas estão novamente cheias de carne, conservas, cereais, polpa de tomate, bolachas, batatas reaparecem.
Assim, antes de correr ao supermercado e meter alguma coisa no carrinho, “será bom pensar primeiro se realmente precisa do produto”, alerta Pedro Pimentel

. “Somos os mesmos consumidores de sempre, com as necessidades de consumo de sempre e tudo sempre correu bem”, reforça. António Rousseau, especialista em marketing de distribuição e professor do IPAM — Instituto Português de Administração de Marketing acrescenta: “As marcas trabalham cadeias de reaprovisionamento inteligentes que reportam automaticamente produtos em falta.

 Se vai havendo buracos é porque estamos a trabalhar com um quadro de consumo diferente do habitual, ainda desconhecido das superfícies comerciais, habituadas a uma reposição diária nas lojas. O ajuste envolve alterações da cadeia logística”, explica.