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27.2.22

Memorando de Budapeste

 


 


Em 1994, a Ucrânia detinha um gigantesco arsenal nuclear até assinar o Memorando de Budapeste e entregou cerca de 1600 armas nucleares remanescentes da antiga União Soviética à Rússia, em troca de um tratado de paz e da garantia de nunca ser invadida ou ameaçada.
Hoje a Rússia invade a Ucrânia demonstrando o resultado de entregar sua capacidade de defesa a alguém contando com sua benevolência.
O desarmamento sempre será uma estratégia oferecida para te dominar. Nunca conte com a bondade dos outros, esteja sempre preparado para se defender e defender sua família.
 
 
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26.2.22

Putin foi longe demais

 


Filed under: Putin,Russia — O. Braga @ 4:20 pm
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Eu estava à espera do reconhecimento unilateral da independência, por parte de Putin, das regiões de leste (de maioria étnica russa) na Ucrânia; esperava mesmo que as tropas russas entrassem na região do Donbass com o argumento de “proteger” a alegada independência dessas regiões; mas nunca me passou pela cabeça que Putin enviasse tanques para Kiev.

biden mask web

Parece que a Rússia não aprendeu nada com a invasão do Afeganistão, na década de 1980 do século passado — só que, no caso da Ucrânia, a actual proliferação de armamento sofisticado ocidental, produzido para guerrilha urbana e guerrilha convencional, é incomparavelmente superior ao que existia no Afeganistão na década de 1980.

A Rússia está a meter-se em um lamaçal militar, e Putin é o responsável.

A Rússia vai ter o SWIFT cortado, o que significa um retrocesso económico e financeiro significativo do país. E qualquer país que apoie o esforço de guerra da Rússia, terá também o SWIFT cortado — com excepção da China, que verá necessariamente outro tipo de retaliação, dada a dependência extrema que os Estados Unidos e o Ocidente têm da indústria chinesa, resultado da transferência massiva de produção industrial do Ocidente para a China.

24.2.22

CASCAIS. QUE FUTURO ?

 

ANATOMIA DE UM ECOCÍDIO: O Parque Natural Sintra-Cascais

OPINIÃO

19 fevereiro 2022 | 19h12
Qualquer pessoa que frequente o Parque Natural Sintra-Cascais na zona entre a Malveira e a Peninha sabe que, nos últimos anos e, nomeadamente, nos últimos meses, têm sido praticados cortes absolutamente inqualificáveis de extensas áreas, sendo arrasados, designadamente, cupressos e pinheiros com dezenas e centenas de anos.



Há mais de uma semana, um conjunto de associações ambientais e movimentos cívicos (entre os quais o Grupo de Amigos das Árvores de Sintra, o Grupo Ecológico de Cascais, o Fórum por Carcavelos, o Fórum Cidadania Lisboa, a Associação de Defesa da Aldeia de Juso, o QSintra e o SOS Parque Natural Sintra-Cascais) apresentaram a diversas entidades (Ministério do Ambiente e da Ação Climática, Ministério da Agricultura, CMC, ICNF, APA, SEPNA, IGAMAOT) provas fotográficas disso mesmo e uma queixa pelo corte de árvores de espécies não-invasoras numa vasta área do Parque Natural Sintra-Cascais, na freguesia de Alcabideche, pedindo explicações para o facto. As explicações oficiais continuam sem ser dadas. Porém, como é costume, a CMC apressou-se a vir dizer aos meios de comunicação social a lenga-lenga do costume: que tudo não passava de ignorância e que apenas estavam a ser cortadas acácias, espécie invasora. Mentira pura. Têm sido cortadas acácias? Têm. Devem ser cortadas as acácias? Nalguns locais, sem dúvida. Mas o corte das acácias não justifica o corte das outras espécies. A menos que as mesmas estejam a ser cortadas por razões económicas, ligadas ao valor da sua madeira. Que é alto, muito maior do que o das acácias. A que se destinam estas toneladas de madeira? E as de madeira exótica? Quem as compra? Quem as vende? Por quanto? O que é feito ao dinheiro? 

Diga-se que nas áreas em que a CMC levou a cabo semelhante ecocídio em anos anteriores, são agora predominantes…as acácias! Com efeito, pela forma como a intervenção foi realizada, as acácias voltaram a nascer; as outras grandes árvores não. E a maior parte dos exemplares plantados pela CMC morreu.

A CMC e o ICNF – que gerem o Parque Natural como se fosse um feudo deles e não ouvem as organizações ambientais, ao contrário do que estão obrigadas – estão, pois, a tornar o Parque Natural um campo deserto e sem vida, ameaçando flora e fauna protegida por tratados internacionais.

22.2.22

MONCHIQUE. RELATÓRIOS E DESLEIXOS DE ANÁLISE.

 

Uma vergonha": lesados de fogo em Monchique que destruiu 74 casas indignados com o processo

 

 © CNN Portugal Monchique: as chamas junto às casas

Na decisão instrutória proferida na sexta-feira, a que a Lusa teve acesso esta terça-feira, o juiz de instrução criminal Fábio Gulpilhares decidiu pela não pronúncia dos arguidos, por entender que “não se mostram suficientemente indiciados” os factos que os responsabilizem pela ignição do fogo.

Tendo por base os depoimentos das testemunhas e os relatórios de polícia, o juiz concluiu pela inexistência de provas que sustentem a acusação do MP e a responsabilidade dos arguidos no incêndio, que estavam acusados da prática, “em autoria imediata e na forma consumada, de um crime de incêndio florestal agravado na forma negligente”.

Segundo a acusação, proferida em novembro de 2020, a ignição do fogo terá tido origem devido ao contacto repetido de uma linha elétrica de média tensão com um ramo ou tronco de eucalipto na zona da Perna Seca, em Monchique, onde se iniciou o fogo que lavrou durante sete dias.

A abertura da instrução foi requerida pelos acusados por entenderem que adotaram “de forma correta todos os procedimentos em vigor”, refutando que o fogo tivesse tido origem sob as linhas elétricas de média tensão.

Em declarações à Lusa, o advogado Paulo Martins, que representa mais de uma centena de lesados pelo fogo, assistentes no processo, classificou a investigação "como uma vergonha", admitindo que a decisão do juiz de instrução "se baseou nos factos que lhe chegaram às mãos".

 "Uma vergonha, é assim que classifico a investigação da PJ e do MP, que é quem titula o processo, num caso onde, infelizmente, as pessoas não são ressarcidas pelos danos", lamentou o causídico, admitindo apresentar recurso para os tribunais superiores.

Para o juiz de instrução criminal que proferiu a decisão, a acusação que se sustenta no relatório da Polícia Judiciária (PJ) padece de "demasiadas incongruências e fragilidades", com contradições nas próprias conclusões, apontando reservas provocadas pela prova (ou ausência dela) constante nos autos.

Na decisão instrutória, o magistrado manifesta “estranheza e perplexidade” que as autoridades que primeiramente se deslocaram ao local no dia 03 de agosto de 2018 – Núcleo de Proteção Ambiental (EPNA) da GNR e, posteriormente, a PJ - “não tenham identificado qualquer proximidade de material vegetal ao cabo condutor de eletricidade”, surgindo posteriormente “a aparição” de um eucalipto com ramos a tocar no referido cabo, “o qual veio a ser eleito como causa do devastador incêndio”.

Para o juiz de instrução criminal, a ficha elaborada pelo EPNA para a determinação das causas do incêndio “assume clara preponderância”, ao referir que “da inspeção ao local não foi encontrado/identificado qualquer meio de ignição que pudesse relacionar com a causa do fogo a título negligente”.

A decisão instrutória aponta ainda a contradição “de forma inusitada e incompreensível” do inspetor da PJ que, em sede de instrução, contrariou o próprio relatório que elaborou aquando da sua deslocação ao local no dia em que teve início o incêndio.

O magistrado notou que o inspetor da PJ, “num depoimento nitidamente comprometido”, começou por referir que não havia muitas condições de visibilidade quando se deslocou ao local, aludiu à existência de uma árvore situada muito próxima, “mas sem tocar” nos fios elétricos, justificando a omissão de tal referência no relatório porque achou “não ter importância”.

Para o juiz, o depoimento do inspetor, com uma carreira de 36 anos, feito de “forma comprometida, incoerente e desconexa”, não revestiu qualquer credibilidade no sentido de “convencer o tribunal” acerca da existência de um eucalipto cujos ramos estariam em contacto com o cabo elétrico, dando origem ao incêndio de forma criminosa e dolosa.

O fogo que deflagrou na serra de Monchique devastou uma área superior a 27 mil hectares de floresta e de terrenos agrícolas, destruindo 74 casas, 30 das quais de primeira habitação.

As chamas provocaram também danos significativos nos concelhos vizinhos de Silves e de Portimão (distrito de Faro) e de Odemira, no distrito de Beja, naquele que foi o maior incêndio registado em 2018 na Europa.

 


 

21.2.22

N.A.T.O. / RÚSSIA . ( E os outros )

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 desde 1999 registaram-se 14 novas entradas na NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

  • REPÚBLICA CHECA (1999)
  • HUNGRIA (1999)
  • POLÓNIA (1999)
  • BULGÁRIA (2004)
  • ESLOVÁQUIA (2004)
  • ESLOVÉNIA (2004)
  • ESTÓNIA (2004)
  • LETÓNIA (2004)
  • LITUÂNIA (2004)
  • ROMÉNIA (2004)
  • ALBÂNIA (2009)
  • CROÁCIA (2009)
  • MONTENEGRO (2017)
  • MACEDÓNIA DO NORTE (2020)

Só resta a Bielorrússia e a Ucrânia, que são agora o último "tampão" entre a NATO e o território russo e algo que é hoje por demais evidente: “Os russos não querem ter a NATO na sua imediata fronteira”.

 A "semana começou com alguns sinais de distensão e terminou com muita deterioração”. O clima de instabilidade política e social é tal que na região separatista de Donbass (Donetsk e Lugansk), só na sexta-feira, o número de violações do cessar-fogo foi 1.666 e deste valor cerca de 1.400 foram explosões, de acordo com os dados da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa).

Como evitar uma guerra de aparente inevitabilidade?

Quantos militares russos estão posicionados na fronteira com a Ucrânia, mas  que "são certamente mais de 130 mil militares neste momento”. Mas, como se para uma guerra que aparentemente já está em marcha?

 “Para evitar uma guerra é preciso que ambas as partes possam salvar a face",  "Putin já foi longe de mais para poder recuar sem concessões efetivas”.

“O único acordo possível é o nem/nem. Nem a Rússia invade a Ucrânia, nem a Ucrânia entrará na NATO”.

O mundo está a "conviver certamente com a verdade e a mentira ao mesmo tempo” a história da estratégia militar russa assenta em grande parte numa palavra: maskirovka (mascaramento, tradução literal), ou sejas, “medidas para enganar o inimigo quanto à presença de forças”, por definição.

As "formas de dissimular as forças e o dispositivo no terreno para criar uma perceção errada do adversário” passam por um conjunto de técnicas como: usar os uniformes do adversário, simular ataques à sua própria gente, utilizar técnicas de confusão para o outro lado não saber qual é a origem geográfica dos ataques. Ninguém sabe, com 100% de certeza, o que se passa a cada momento na fronteira ucraniana.

“Sun Tzu também recomendava que se transformassem as fraquezas em forças quando vistas pelo adversário e há muitos exemplos na história desse uso da dissimulação”, lembra.

Donbass: o pretexto perfeito ou a presunção legal indispensável?

A região separatista de Donbass, constituída por Donetsk e Lugansk, é o foco de maior tensão neste momento.  A “guerra nestas duas províncias já provocou cerca de 14 mil mortos, dos quais 75% são militares, tanto do lado russo como do ucraniano”.

Esta semana o parlamento russo um decreto que permite a Putin reconhecer independência de Lugansk e Donetsk. O ex-responsável pela Defesa Nacional refere que “a partir do momento, que a Rússia reconheça estas duas repúblicas como independentes, elas podem pedir assistência militar e dotar a Rússia de uma presunção de legalidade numa eventual invasão, como aconteceu  com a Crimeia”.

Por outro lado, "um tiro de canhão" despropositado entre as forças separatistas pró-russas e as tropas ucranianas pode servir de pretexto para que a guerra seja declarada, como explicou o próprio presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

Consequências para Portugal em caso de guerra

A Rússia é o principal fornecedor de energia e cereais da Europa e, em caso de guerra, os efeitos colaterais vão espalhar-se por todo o velho continente, incluindo Portugal. 

“A Rússia não é apenas uma potência petrolífera, não é apenas o grande fornecedor de gás de uma grande parte da Europa, a Rússia é também um grande produtor de cereais e de carne".

Em caso de conflito, "ninguém pode estranhar que a inflação passe para cima dos 10% (nos EUA). O barril de petróleo pode chegar aos 120 dólares ou até 150 havendo sanções impostas à Rússia”. Já houve um país a sofrer um corte parcial e unilateral do fornecimento russo.

“Houve um país que já sentiu o que é uma decisão unilateral da Rússia de parcialmente cortar o fornecimento de gás: foi a Itália. Em janeiro, passou a ter metade do fornecimento de gás tinha vindo da Rússia. Razão que levou Draghi a falar com Putin. Nunca deveria ter havido esta dependência de um só fornecedor”.

19.2.22

SOBREIROS. FIZERAM MAL A ALGUÉM ?

 

Quercus contesta abate de 1079 sobreiros para nova central fotovoltaica no Alto Alentejo

Sobreiros. Foto: paul Barker Hemings / Wiki Commons

A organização ambientalista considera “inaceitável” o aval do ministro do Ambiente quanto à localização da nova infraestrutura e lembra que o ICNF emitiu parecer desfavorável ao projecto.

De acordo com a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, declarou esta terça-feira a “imprescindível utilidade pública” do projecto de instalação da Central Solar Fotovoltaica de Margalha, no concelho de Gavião, no Alto Alentejo, o que permite o abate de 1079 sobreiros – espécie protegida por lei – num terreno de 15 hectares.

“Existem alternativas de localização que permitiam a preservação do montado de sobro que não foram consideradas”, defende a associação em comunicado, qualificando como “inaceitável” o conteúdo do despacho n.º 2021/2022. A Quercus pondera avançar com uma acção na justiça “para salvaguardar o nosso mais importante património natural”, o sobreiro.

O despacho publicado publicado a 15 de Fevereiro em Diário da República, assinado pelo ministro do Ambiente, “favorece a empresa promotora Amargilha, Unipessoal, Lda., (Grupo Akuo) na qualidade de arrendatária de vários prédios rústicos” localizados no concelho de Gavião, indica a organização não governamental, que refere que “o Governo considerou o empreendimento de relevante interesse público, económico e social, na senda do cumprimento do objetivo da neutralidade carbónica”.

No entanto, sublinha, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), através da sua Direcção Regional do Alentejo, emitiu um parecer desfavorável ao projecto da nova central solar. Esse parecer – citado pela Quercus – refere que “a legislação apenas contempla a possibilidade de conversão de povoamentos de sobreiros e/ ou azinheiras (excetuando empreendimentos agrícolas de relevante e sustentável interesse para a economia local), quando se trata de obras de imprescindível utilidade pública, aspeto que ficou por demonstrar”.

O parecer desfavorável emitido pelo ICNF na Comissão de Avaliação é aliás referido pela Declaração de Impacte Ambiental (DIA) do projecto. Entre as questões levantadas, está o facto de não ter sido apresentado “o correto levantamento de todos os exemplares de sobreiro” e também o número de sobreiros georreferenciados que vão ser afectados pela nova central – 4.074 sobreiros adultos e jovens com altura superior a 1 metro – “dando origem a um impacte negativo, muito significativo, de magnitude elevada e não minimizável.”

O instituto que tutela a área de conservação da natureza, segundo a Quercus, alerta também para a área de abate em povoamento de sobreiro apurada pela sua Direcção Regional do Alentejo (DRCNF Alentejo), num total de 63 hectares, “o que configura um impacte negativo, muito significativo, de magnitude elevada, não minimizável”.

Por outro lado, “não foi apresentada no EIA qualquer alternativa do projecto fundamentada na grande afectação de floresta de produção, circunstância que não é aceitável atendendo ao impacte deste projecto sobre o património natural”, considera a mesma entidade.

Ainda assim, a Agência Portuguesa do Ambiente, que licencia os projectos neste âmbito, propôs a emissão de uma DIA favorável ao projecto da nova central solar fotovoltaica, “contrariando pareceres de autoridades administrativas.”

Imprescindível utilidade pública “ficou por demonstrar”

Segundo a Quercus, o parecer do ICNF considera também que não foram estudadas alternativas de localização aos povoamentos de sobreiro, pelo que “não ficou demonstrado que o empreendimento pudesse ser declarado de ‘imprescindível utilidade pública’, como o ministro Matos Fernandes veio agora reconhecer politicamente”.

A associação critica também os impactos previstos devido à nova Linha Elétrica de Muito Alta Tensão a 400 kV, no âmbito do projecto, que se vai desenvolver “ao longo de 21 quilómetros num território onde predomina o eucalipto, pinheiro-bravo e montado de sobro”.

“O sequestro e armazenamento de carbono efetuado pelos sobreiros, de forma renovável com a extracção da cortiça para múltiplas aplicações, associado à amenização do clima provocado pelo coberto do montado, são essenciais no combate à desertificação e às alterações climáticas no Alentejo”, reforça a ONG.

Neste momento está prevista também a instalação de outra grande central solar fotovolaica numa área de 347 hectares no concelho de Penamacor, “que levará ao corte de 54 sobreiros e 395 azinheiras”.

“A dispersão de projetos fotovoltaicos em espaços florestais, sem que sejam estudadas alternativas, vai afectar o ordenamento do território, a paisagem, a biodiversidade e a qualidade de vida das populações”, critica a associação, que defende que têm de ser criadas regras baseadas em critérios de sustentabilidade e ordenamento do território, com a produção de preferência descentralizada em edifícios e áreas já artificializadas” e não com grandes centrais dispersas no território – “situação que não foi salvaguardada nos últimos leilões solares”.

17.2.22

CÂMARA DE CASCAIS AUTORIZA O ABATE INDISCRIMINADO DE ÁRVORES ! ?

 

Organizações ambientalistas denunciaram hoje o abate de centenas de árvores no Parque Natural Sintra-Cascais, considerando que se trata de "crime ambiental", mas a Câmara de Cascais assegurou que a intervenção florestal visa controlar e erradicar espécies invasoras exóticas.
Câmara de Cascais assegura que abate de árvores visa erradicar espécies invasoras

Em causa está o “abate de centenas de árvores de grande porte numa área significativa do Parque Natural Sintra-Cascais”, na freguesia de Alcabideche, concelho de Cascais, distrito de Lisboa, situação para a qual foi apresentada queixa a várias entidades, inclusive ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, informou o Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, uma das organizações ambientalistas que denunciaram o caso.

A queixa foi apresentada por um grupo de vários cidadãos e de várias organizações ambientalistas, nomeadamente SOS Parque Natural Sintra-Cascais, Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, QSIntra, Fórum Cidadania Lisboa, Fórum por Carcavelos, Grupo Ecológico de Cascais ONGA e Associação de Defesa da Aldeia de Juso.

Divulgando fotografias e vídeos do corte de árvores, as organizações ambientalistas afirmam que se tratam de “espécies não-invasivas” e que “a extensão do abate é grande”, exigindo “medidas imediatas” para “impedir a continuação da destruição de um património natural numa zona protegida por lei no Parque Natural Sintra-Cascais, o primeiro parque natural nacional, com biodiversidade única ao nível de flora e fauna, insubstituível e de extrema importância para o meio ambiente e para o país, em particular perante o cenário de emergência climática”.

13.2.22

A paixão de dar voz a rádios antigos a válvulas

Apesar de se viver um mundo digital há quem se dedique a recuperar o passado analógico dos rádios antigos. A paixão pelo design dos aparelhos a válvulas fez com que José Duarte iniciasse uma coleção com o desafio de lhes dar uma nova vida, restaurando-os. No Dia Internacional da Rádio vamos conhecer a memória de um conjunto de aparelhos que contam histórias, entre o período da II Guerra Mundial e a década seguinte. © Carla Quirino - RTP 

 
 Apesar de se viver um mundo digital há quem se dedique a recuperar o passado analógico dos rádios antigos. A paixão pelo design dos aparelhos a válvulas fez com que José Duarte iniciasse uma coleção com o desafio de lhes dar uma nova vida…

Em criança, na casa do avô, durante as tardes de transmissão do relato de futebol, José Duarte recorda-se, "vezes sem conta, de espreitar por trás do rádio procurando o dono da voz, mas o aparelho só me dava calor e uma luz fraca que vinham das válvulas acesas".

José Duarte partilhou com a RTP o entusiasmo da arte de restaurar rádios antigos, quase sempre avariados e esquecidos. Se a uns teve de reparar o exterior, a outros precisou de investigar e mergulhar no mundo das válvulas e circuitos electrónicos.

Tem cerca de uma centena de rádios a válvulas mas destaca perto de 40 aparelhos, todos restaurados por ele. Se por um lado as linhas dos modelos o seduziu em primeira instância, a missão de lhes devolver a voz conquistou-o de vez. Praticamente todos os aparelhos antes da década de 60 funcionavam em onda média e onda curta. Depois veio o FM e mais recentemente o sinal digital e os emissores de onda média deixaram de ser usados.

Excelsior 55 EZ80

O projeto mais recente de José Duarte é um rádio francês da década de 50.

O colecionador destaca a criatividade deste molde, "inspirado nas frentes dos carros norte americanos da época". O modelo conhecido por Excelsior 55 EZ80 teve uma produção breve, não havendo segunda série no fabrico da SNR, Société Nouvelle de Radiophonie, ganhando assim um valor de coleção por serem raros.

Adquirido há meia dúzia de anos por cerca de 120 euros, o aparelho precisava de uma reparação eletrónica, entretanto já concluída sem dificuldade.

Rádios Históricos

José Duarte vai buscar a uma das muitas estantes onde se espalha a coleção, um rádio de baquelite escura, lustrosa, de formato retangular com linhas simples.

As águias de asas abertas agarrando a suástica envolta em louros não enganam. É um aparelho de 1938, mais precisamente um Volksempfänger (Receptor do povo), rádio para as massas desenvolvido pelo regime nazi, barato para todos os poderem comprar e com pouca capacidade de captação para não apanhar programas estrangeiras.

Adquirido numa feira, precisou de o reparar: "Tinha uma válvula avariada juntamente com outros componentes electrónicos". Do analógico saltou para o digital procurando na internet solução. Encontrou esquemas e válvulas para dar vida ao velho rádio nacional socialista.

"Consegui encontrar em Portugal todos os componentes para o pôr a funcionar. Mas como a captação é em onda média, e estes equipamentos estavam preparados para receber emissões de curtas distâncias, atualmente é difícil a sintonização", explica.

Estes rádios baratos difundidos pela população tinham como missão receber a mensagem do III Reich. Quantas pessoas terão escutado os discursos de Adolf Hitler neste aparelho, reflete José Duarte, acrescentando que estando ao serviço "de um regime opressor ", o Volksempfänger "veiculava a propaganda nazi e controlava a restante informação".

Ao lado do Volksempfänger, José Duarte apresenta-nos mais um aparelho da coleção. Também da década de 30 do século passado, outro rádio produzido para as massas e por onde, desta vez, o regime português de António Salazar se fazia ouvir.

É um RCA de quatro válvulas, decorado com um emblema da Emissora Nacional acompanhado pela inscrição de uma estrofe dos Lusíadas de Luís de Camões: "Cantando espalharei por toda parte" (Se a tanto me ajudar o engenho e arte).

Se o alemão Paul Goebbels, ministro da Propaganda do III Reich, promoveu a difusão dos recetores de rádio em terras germânicas, em Portugal, Henrique Galvão defendeu o projeto da Emissora Nacional "para bem da nação".

Os RCA faziam parte de uma política de expansão da Rádio em Portugal durante o Estado Novo e eram vendidos pela Emissora Nacional às famílias, com facilidades no pagamento.

"Em Portugal, nos anos da II Guerra, a onda média e curta foi muito importante para quem queria ouvir os relatos de alguns episódios da guerra", explica José Duarte.

A rádio também servia para saber as notícias que se passavam noutros países. "A censura cortava a informação e as pessoas, através das estações estrangeiras, em onda curta, ouviam os relatos e notícias" vindas de outras paragens, como que "uma janela para o mundo". Para fiscalizar o uso do espectro radiofónico português em possíveis transmissões clandestinas, o Estado Novo criou os "Serviços Rádios- eléctricos para fazerem essas escutas", acrescentou.

O colecionador encontrou o rádio português num antiquário, avariado e com a estrutura exterior de madeira, estragada. Sobre a arte de restauro, detalha a precisão do trabalho que pretende que seja "criterioso, no sentido de preservar ao máximo as características originais de cada aparelho", e defende que só assim se preserva a memória de toda uma época.

Na recuperação no RCA, para além da reparação electrónica, Duarte investigou uma prática de envernizamento que se fazia hà época e que utilizava excrementos de um insecto.

Dia Internacional da Rádio

E se "perdendo a memória, perde-se o ensinamento", como defende José Duarte, é essa memória da rádio que os Estados Membros da UNESCO decidiram exaltar, quando criaram o Dia Internacional da Rádio.

Após o fim da II Guerra Mundial, o serviço internacional de radiodifusão das Nações Unidas foi iniciada a13 de fevereiro de 1946, e foi precisamente essa data, a escolhida,

para preservar o meio de comunicação intemporal e consciêncializar as pessoas da importância do rádio.

Proclamando em 2011 e adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2012, o dia 13 de fevereiro tornou-se o Dia Internacional da Rádio.

A radiodifusão continua a ser um dos meios de comunicação mais confiáveis e acessíveis do mundo e por isso a edição de 2022 tem o tema "Rádio e Confiança".

José Duarte, em jeito de homenagem, relembra que a rádio só se faz porque milhares de trabalhadores anónimos estão todos os dias e noites mundo fora a garantirem tecnicamente as emissões.

E também com o foco nos 120 anos de rádio, Duarte destaca, "o esforço de muitos que estudaram eletrónica por correspondência, em Portugal, durante décadas e conseguiram melhorar a produção dos aparelhos radiofónicos".

 

10.2.22

Retrato de Portugal por Guerra Junqueiro (1896)

 


Retrato com mais de 120 anos, mas espantosamente actual. "Um povo imbecilizado e resignado (...) Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, sem vergonha, sem carácter."

Retrato de Portugal por Guerra Junqueiro (1896)

Um Povo resignado e dois Partidos sem ideias.

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas.

Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
[...]
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. 

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. 

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.
 
Guerra Junqueiro, in Pátria (1896)
 
 Guerra Junqueiro (Freixo de Espada à Cinta, 15 Setembro 1850 — Lisboa, 7 Julho 1923), foi alto funcionário administrativo, político, deputado, jornalista, escritor e poeta português. Poeta panfletário, confidencial, satírico e também religioso, a sua poesia ajudou a criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República.
 República que nada acrescentou ao triste quadro.  

8.2.22

EM 1754 ...

 Ver a imagem de origem

Em 1754, Rousseau escreveu um livro com o título “Discurso Sobre a Desigualdade” em que afirmou que:

 “o “homem é naturalmente bom e só as instituições [da sociedade] o tornam mau”.

O primeiro homem que vedou um terreno e disse: ‘isto é meu’, e achou pessoas bastantes simples para acreditar nisso, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil”. [Rousseau]

Rousseau vai ao ponto de deplorar a introdução da metalurgia e da agricultura.

" O trigo é símbolo da nossa infelicidade. A Europa é um continente infeliz por ter o máximo do trigo e do ferro. Para abandonar o mal, basta abandonar a civilização, porque “o homem é naturalmente bom, e o selvagem depois de jantado está em paz com toda a natureza e é amigo de todas as criaturas.”

Rousseau enviou uma cópia do seu livro a Voltaire que, depois de o ler, escreveu-lhe em 1755 uma carta em que dizia o seguinte:

“Recebi o seu novo livro contra a raça humana, e agradeço. Nunca se utilizou tal habilidade no intuito de nos tornar estúpidos. Lendo este livro, deseja-se andar de gatas; mas eu perdi o hábito há mais de sessenta anos, e sinto-me incapaz de readquiri-lo. Nem posso ir ter com os selvagens do Canadá porque as doenças a que estou condenado tornam-me necessário um médico europeu, e por causa da guerra actual naquelas regiões; e porque o exemplo das nossas acções fez os selvagens tão maus como nós.”

4.2.22

CENOZOICA # ANTROPOCENO

 




 


- Das mas velhas as mais jovens formações geológicas.
A alternância das eras geológicas foi estabelecida através de alterações significativas na crosta terrestre.

A era geológica Arqueozóics é caracterizada pela formação da crosta terrestre, ou seja, são as formações mais antigas.

Na era Proterozóica regista-se o surgimento das primeiras formas de vida unicelulares avançadas.

A era Cenozóica corresponde ao grupo de rochas mais recentes que teve início há 60 milhões de anos atrás e perdura ate os dias atuais. É a fase em que surge o homem.

  Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma “força tectônica” no planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica – deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos ao antropoceno, a época dominada pelo homem


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Significado de Antropoceno substantivo masculino [Geologia] Período relativo à época mais recente da Terra, a era Cenozoica, caracterizado pelos efeitos do impacto da atividade humana nos ecossistemas do planeta Terra, tais como as alterações climáticas. adjetivo Relativo a esse período; antropocênico. Etimologia (origem da palavra antropoceno ).

2.2.22

A SECA EXTREMA

A SECA EXTREMA QUE NOS VEM ATINGINDO TEM POSTO A DESCOBERTO ALDEIAS INTEIRAS QUE AS BARRAGENS SUBMERGIRAM. 
 
AQUI FICA O SENTIR DE JOÃO DE ARAÚJO CORREIA, NUMA CRÓNICA DOS ANOS 60.
 
A COMIDA DA ÁGUA
 
[...]Água de albufeira também come. Não se lhe dá de sepultar, no fundo do seu ventre, casas que foram vida, árvores em que a vida resplandeceu, estradas e caminhos trabalhados de mil vidas durante mil gerações e até monumentos que testemunharam a passagem do homem num minuto de sonho. Mas, ao passo que a água, tombada do céu, tem o poder de digerir o pão que leva à boca, a água artificiosa, represada, não o digere. É terreno que não desfaz cadáveres. É cemitério de santos, se é que os santos permanecem inteiros depois de sepultados. Igrejas, se algum refluxo as desafoga, chamam de novo à oração.
Tem ar de cemitério uma albufeira. E, quanto maior for, mais cemitério é. Cemitério líquido...
Não me sai do pensamento uma represa que absorveu metade de um país. Passei, confrangido, ao longo das suas margens como entre campas, recordando mortos. É que só ouvi silêncio... Só ouvi silêncio e só vi água. Não vi lenho, nem vela, nem rede de pescador. Não vi nada ... Nem saia de lavadeira, com a luz do sol desfeita em cores, nem roupa de moleiro, toda enfarinhada. Não ouvi nenhum som, nem eco de nenhum som. Nem o murmúrio das águas, nem a voz do barqueiro... Nem cântico de passarinho... Passeei, nas margens da albufeira, como se pisasse o saibro de campo santo abandonado. Apenas lobriguei, debaixo de água, um campanário intacto. e creio que ouvi o sino. Foi quanto me valeu para não morrer fulminado com semelhante mutismo. [...]
 
13jun1968.
 
 
in ECOS DO PAÍS
 
 
 
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