A Serra de Sintra
A Serra de Sintra situa-se no distrito de Lisboa, abrangendo parcialmente os concelhos de Sintra e de Cascais.
A serra é uma forma de relevo que se destaca das áreas circundantes,
elevando-se mais de 300 metros em relação à envolvente, constituindo-se
como um marca indelével na paisagem da região. Com uma estrutura em domo
de forma aproximadamente elíptica, alongada na direcção este-oeste,
estende-se por uma área de 10 por 5 km aproximadamente.
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Hipsometria do PNSC - Fonte: Atlas do PNSC
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A Serra de Sintra, que atinge os 528 m (Cruz-Alta), é o resultado da
ascensão lenta e continuada de um maciço magmático, que teve o seu
inicio há cerca de 82 milhões de anos.
Devido ás suas características orográficas e há proximidade ao oceano, a
Serra de Sintra possui um clima peculiar e distinto das áreas
circundantes, as neblinas e nevoeiros são frequentes (mesmo no verão),
sendo que a humidade relativa é sempre razoavelmente alta e a
temperatura é amena, isso propicia condições favoráveis ao
desenvolvimento florestal.
Muitos foram os povos que passaram por esta região. Desde a Pré-História
que grupos humanos a escolheram para desenvolver as suas actividades,
como demonstram muitos dos vestígios presentes, como por exemplo os
monumentos funerários do Monge e Adronunes.
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Tholos do Monge
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As primeiras comunidades humanas dedicavam-se essencialmente à caça e à
colheita de frutos, encontrando na vegetação da serra, e na fauna
suportada pela mesma abundancia de recursos.
Devido á diversidade edafoclimática da serra, nas vertentes mais secas
(sul e sudoeste) predominava a vegetação de características
mediterrânicas, tais como o medronheiro, o sobreiro ou o zambujeiro,
enquanto nas vertentes mais húmidas (norte e nordeste) predominava a
vegetação de características mais atlânticas, onde dominavam os
carvalhos e os castanheiros.
A fauna era abundante, existiriam desde animais de pequeno porte como os
coelhos e lebres até aos cervídeos de maior porte, os predadores como o
lobo, a raposa seriam igualmente abundantes.
Com o advento da agricultura e da pastorícia, as comunidades humanas
começaram lentamente a alterar o uso dos solo, enquanto as terras baixas
e o vales férteis passaram a ser cultivados, os terrenos pedregosos da
serra serviam de pastagens para o gado. De modo a facilitar o acesso,
bem como a disponibilidade de herbáceas para pastagens o homem começou a
usar o fogo para "limpar" o terreno.
A área circundante da serra continuou a ser bastante atrativa para a
fixação humana e os aglomerados populacionais não deixaram de crescer, a
madeira e o carvão eram então a única energia disponível para cozinhar e
para aquecimento, resultando numa elevada pressão sobre os recursos
naturais da serra.
No final do Séc. XIII a vegetação endémica da Serra de Sintra estava
praticamente dizimada e o aspecto seria o de uma paisagem pedregosa com
muito poucas árvores.
No Séc. XIX a aristocracia Portuguesa (e europeia) redescobre Sintra e
no alvor do Romantismo instalam um pouco por toda a serra jardins
edílicos compostos essencialmente por espécie exóticas, são o expoente
máximo dessa tendência os parques da Pena e de Monserrate.
Antes do incêndio
Como vimos anteriormente, a vegetação natural da Serra de Sintra
praticamente desapareceu, no entanto a partir da segunda década do Séc.
XX, com a crescente industrialização, as práticas agrícolas vão sendo
abandonadas e com elas as terras, isso resultou num aumento considerável
dos matos.
Na década de 40 o governo decide estimular a plantação de pinhal nos
terreno incultos, assim e com excepção dos parques românticos todos os
terrenos do estado na Serra de Sintra foram florestados com pinheiro
bravo, os proprietários particulares imitaram o estado e a Serra de
Sintra ficou quase exclusivamente coberta de pinhal.
Já nos anos 60 foi decretada a proibição da apanha de matos na serra,
actividade que embora já residual ainda era uma prática comum nas
comunidades rurais que bordejavam a Serra de Sintra.
O verão de 1966 foi excepcionalmente seco e quente e nos dias que
antecederam o incêndio as temperaturas na região ultrapassaram os 35
graus Celsius.
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Situação e previsão do estado do tempo nos dias 6 a 12 de Setembro de 1966 - Fonte: Diário de Lisboa
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A Serra se Sintra não dispunha à data do incêndio de uma rede de
vigilância fixa, a tarefa era realizada pelos guardas florestais a
partir das suas casas na serra e através de patrulhas mais ou menos
regulares.
Os equipamentos, os métodos e o conhecimento para combater incêndios
florestais de grande dimensões, à data eram muito rudimentares, não
existiam viaturas todo o terreno de combate e os equipamentos
individuais de protecção resumiam-se a um capacete de latão (que aquecia
incrivelmente) e umas botas de borracha que com a conjugação da água,
do suor e do calor coziam literalmente os pés.
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Combate a incêndios nos anos 60
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O fogo combatia-se batendo as áreas em chamas com ramagens verdes ou com
batedores de lona (molhados), ou com ferramentas de sapador: Enchadas,
pás, picaretas e serras (algumas, já mecanizadas). A técnica mais eficaz
que era utilizada era o "contra fogo", que consistia em criar uma faixa
de mato queimado junto da frente do incêndio de modo a cortar-lhe o
combustível, acontece que esta técnica é de difícil aplicação e requer
muita experiência, sob o risco de se acrescentar mais focos ao incêndio.
Embora nos anos anteriores tenham ocorrido alguns incêndios florestais
na serra, o maior deles tinha queimado por completo em 1962 o mato da
encosta sul da Peninha, não existia na Serra de Sintra uma rede de
pontos de abastecimento de água que permitisse um rápido abastecimento
dos meios de combate.
Estávamos ainda a muitos anos do uso sistemático de máquinas de rasto e
meios aéreos, embora neste incêndio tais meios tenham sido ensaiados.
A 6 de Setembro de 1966 deflagra o incêndio
O dia amanheceu quente, por volta do meio dia, deflagra um foco de
incêndio na Quinta da Penha Longa, próximo da Lagoa Azul, atendendo às
condições atmosféricas e do terreno, o fogo rapidamente ganha grandes
dimensões e começa a lavrar com grande intensidade encosta acima em
direcção à Quinta de Vale Flor e do Parque da Pena.
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Local aproximado do inicio do incêndio
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Os primeiros meios de combate chegam cerca de uma hora depois, logo que
se percebe a dimensão do incêndio e convoca-se o reforço de outros
corpos de bombeiros da região de Lisboa.
O combate encontra enormes dificuldades, a intensidade do incêndio, o
vento, a falta de água (só se conseguia abastecer na Quinta de Vale Flor
ou na própria Vila de Sintra), as dificuldades de acesso e juntando a
tudo isto o "tradicional" voyerismo Português que encheu as estradas da serra e as imediações de curiosos.
Ao fim do dia o incêndio chegou a estar circunscrito, mas o aumento
vento deixou-o novamente fora de controlo, ardiam essencialmente matos e
áreas de pinheiro bravo, espécie florestal dominante à época na Serra
de Sintra.
O agravar das condições atmosféricas, principalmente o vento, que
provocava reacendimentos e projecções, levou a que aparecessem diversos
focos de incêndio por toda a Serra e mesmo a alguma distância, chegando a
ser noticiada uma projecção de material incandescente que provocou um
foco de incêndio no Magoito, já a alguma distância da serra.
Com o evoluir negativo da situação começaram a ser convocadas para o
combate algumas unidades militares da região de Lisboa, a partir desse
momento o governo decidiu que o combate a este incêndio passaria a ser
uma operação militar. Foi montado o posto de comando no quartel dos
Bombeiros Voluntários de Sintra, mesmo no centro da Vila.
A logística da operação: locais de repouso, refeições, etc. era
fornecida por militares e essencialmente por voluntários civis, na sua
maior parte mulheres que se disponibilizaram a ajudar, mas era
necessário transportar as refeições para os locais onde se combatia o
fogo, o que era difícil.
O maior esforço recaiu sobre os bombeiros, pois a rendição dos militares
do exército era mais fácil, o resultado era a degradação da
disponibilidade física dos bombeiros, que passavam largas horas sem
descanso e a alimentarem-se a água e bolachas, os militares, embora
rendidos com maior frequência, devido à inexperiência neste tipo de
situações encontravam-se mais vulneráveis, tendo-se verificado entre os
mesmos alguns pequenos ferimentos e intoxicações.
O esforço de combate foi imenso, no primeiro dia estiveram envolvidos na
operação 900 bombeiros (sapadores e voluntários) e cerca de 1200
militares para além de membros da Cruz Vermelha Portuguesa, Legião
Portuguesa, Serviços Florestais e Defesa Civil do Território. Foram
também muitos os civis que se voluntariaram para ajudar.
Para além dos métodos tradicionais de combate, utilizou-se pelo menos uma máquina de rastos (bulldozer) militar, um expediente invulgar na época.
Foram várias as povoações serranas que estiveram ameaçadas pelas chamas:
Eugaria, Malveira da Serra, Urca, Penedo, Colares e mesmo a Vila de
Sintra chegaram a estar em perigo. Ameaçados estiveram também os
palácios: Pena, Monserrate, Seteais e Quinta da Penha Verde, de onde
chegaram a ser retiradas mobílias e objectos de valor.
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Aspecto do incêndio |
Destaca-se o facto de se terem conseguido salvar os parques da Pena e de
Monserrate, locais de grande importância histórica e botânica, na Pena o
fogo chegou à Cruz Alta e a segurança do Parque contou com uma secção
de bombeiros e o apoio técnico do Professor Engª. Baeta das Neves,
profundo conhecedor do parque e bisneto da Condessa D'Edla uma das
"construtoras" do mesmo no Séc. XIX.
Devido às condições atmosféricas adversas, no mesmo período
registaram-se outros fogos florestais na região de Lisboa: Serra da
Carregueira, Quinta da Fontareira em Belas, Mata do Estádio Nacional,
Odivelas, Santa Iria de Azoia e S. João da Talha, foram algumas das
localidades afectadas, isso provocou a dispersão de meios e uma
dificuldade acrescida.
Ao segundo dia a tragédia
Ao fim da tarde do dia 7, um grupo de militares encontrava-se
desaparecido, mas atendo às notórias dificuldades de comunicação e uma
vez que na maior parte das vezes os grupos trabalhavam autonomamente
pensava-se que estivessem noutra área da serra em combate ou a
descansar. Na altura chegou-se mesmo a avançar com a hipótese de terem
desertado, uma vez que 22 deles estavam mobilizados para seguirem para a
guerra em Angola no dia 16.
Na estrada que vai dos Capuchos para a Peninha, relativamente perto do
cruzamento do Convento, foram encontrados 3 camiões calcinados pelo
fogo, mas não foram de imediato relacionados com o grupo desaparecido,
25 homens, todos militares do Regimento de Artilharia Anti-aérea Fixa de
Queluz (R.A.A.F) alguns casados e com filhos menores.
Os corpos foram localizados por dois jovens irmãos (Duarte e Gonçalo
Lima Mayer), conhecedores da serra que serviam de guias aos grupos de
combate pelas 16:30 do dia 8 quando iam buscar água a uma mina próxima.
Os corpos apresentavam-se dispersos numa área de poucas dezenas de
metros, nas mais variadas posições: de joelhos, como os braços a
proteger a cara ou mesmo abraçados.
Os corpos foram levantados algumas (muitas horas depois, na madrugada de
dia 9) na presença do subdelegado de saúde acompanhado por médicos
militares e de um sacerdote.
Uma vez que ninguém do grupo escapou com vida, os contornos da tragédia
foram reconstituídos a partir dos indícios no terreno, , teriam ficado
cercados pelo fogo na encosta junto à estrada, tentaram em vão
abrigar-se numa mina de água próxima, que se encontrava protegida por
uma porta de ferro que tentaram arrombar, não o conseguindo abandonaram a
ideia e ultrapassaram uma pequena barreira de fogo na parte superior da
estrada, mas a meia encosta viram-se totalmente rodeados por fumo e
chamas, e sem escapatória acabaram por perecer carbonizados, muito
provavelmente no momento fatídico estariam já inconscientes por acção do
fumo e do calor intenso.
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Mina de água onde alegadamente teriam procurado refúgio
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No entanto do grupo inicial de combate houve um sobrevivente, que se
separou alguns minutos antes do grupo e em vez de subir a encosta,
correu no sentido descente, conseguindo furar a barreira de chamas e
alcançar a estrada onde foi posteriormente socorrido, com queimaduras
graves mas livre de perigo, se os outros tivessem tomado a mesma
iniciativa, ou se têm conseguido entrar na mina, certamente que o número
de baixas teria sido inferior.
O incêndio devido às suas proporções e consequências suscitou a
preocupação geral da população Portuguesa em geral e do governo e classe
politica em particular, o Presidente da Republica, Américo Tomaz
deslocou-se mesmo ao teatro de operações, para se inteirar in-loco das ocorrências.
Os funerais das vitimas realizou-se no dia 10, os corpos saíram da
capela do Hospital Militar de Lisboa, onde foi celebrada missa de corpo
presente pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Cerejeira estiveram
representadas as mais altas entidade militares e civis. Foram a
enterrar nas suas terras de origem.
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Fonte: Diário de Lisboa |
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Fonte: Diário de Lisboa |
Nos dias seguintes os reacendimentos iam acontecendo e a situação
operacional ia-se degradando, principalmente no seio dos Bombeiros
Voluntários que para além de todas a provações físicas, tinham de faltar
ao trabalho (habitual) para poder combater o fogo, o que resultava em
grande prejuízo uma vez que esses dias não eram remunerados. Continuavam
no terreno vários milhares de homens.
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Fonte: Diário de Lisboa |
A partir do dia 11 e apesar de alguns reacendimentos, pouco já havia
para arder e com as condições do tempo a ficar mais favoráveis o
dispositivo começa a desmobilizar, mantendo-se no terreno cerca de 1500
homens (1000 bombeiros e 500 militares do exército).
Talvez pela primeira vez, utilizaram-se em portugal meios aéreos numa
operação de combate a fogos florestais, não directamente no combate mas
na detecção de reacendimentos e novos focos de incêndio.
Finalmente a chuva
Na madrugada do dia 12 de Setembro quando se combatia um reacendimento
de grandes dimensões na Tapada do Mouco, a ajuda chegou do céu sob a
forma de uma chuva miudinha (tão característica da Serra de Sintra) que
rapidamente apagou os últimos focos de incêndio colocando um ponto final
no incêndio.
Depois do incêndio
Apagado o incêndio chegou a hora do balanço, a área ardida era imensa,
ia da Lagoa Azul aos Capuchos e do Guincho à Vila de Sintra, os Serviços
Florestais estimavam que se teriam perdido um terço da área florestada
da Serra, cerca de 50 km2 essencialmente pinhal.
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Extensão (estimada) da área ardida. |
Estiveram envolvidos no combate às chamas e nos serviços de apoio cerca
de 4000 homens e 39 viaturas, tendo-se verificado um balanço trágico de
25 mortos.
A origem do fogo terá sido investigada pela policia judiciária, e embora
desde o inicio se tenha suspeitado de fogo posto, nunca se conseguiu
encontrar o autor ou provar intencionalidade, sendo como mais provável
que tenha resultado de uma acção negligente.
Chegaram a ser detidos no dia 11 dois indivíduos cadastrados, residentes
na Ribeira de Sintra suspeitos de atear fogos na Serra, no entanto não
foi possível provar a sua intervenção na origem do incêndio. foram
depois detidos mais dois,que viriam igualmente a ser libertados alguns
dias depois por não se conseguir relacioná-los com o sinistro.
Não existindo nenhum sobrevivente do grupo que pereceu na encosta do
Monge, os contornos da tragédia ficaram no campo das suposições,
existindo mesmo quem pusesse em causa a tentativa de refugio na mina de
água, alegando-se com alguma razão que desconhecendo o terreno em
pormenor seria impossível dar com a mina no meio do fumo intenso, e que
se tivessem chegado à mina com as ferramentas que transportavam,
facilmente teriam conseguido arrombar a pequena porta de ferro, e
alcançado um refugio seguro. As marcas da tentativa de arrombamento
teriam sidos provocados por outra pessoa ou grupo, pior apetrechado.
Seja como for, prevaleceu a teoria que tentaram encontrar refugio,
talvez por acrescentar (desnecessariamente) mais um elemento de
resistência e de heroísmo.
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Fonte: Diário de Lisboa |
Os Serviços Florestais, secundados pelos poderes políticos declararam a
intenção de limpar a área ardida e de reflorestar com as mesmas
espécies.
50 anos depois
A prometida reflorestação acabou por nunca ser feita, ou pelo menos nos
moldes prometidos, talvez por não fazer sentido reflorestar a Serra de
Sintra integralmente com pinheiros, Entretanto foram tentadas inúmeras
acções de reflorestação com árvores e outras plantas autóctones, mas
cujo sucesso tem ficado sempre aquém do esperado e desejado. Vão
ganhando terreno as espécies invasoras, encabeçadas pela Acácia, neste
momento a maior parte da área ardida em 1966 encontra-se colonizada por
acácias com grave prejuízo para os habitats serranos.
Algum tempo depois foram plantados na encosta onde os malogrados
militares tombaram, 25 ciprestes, devidamente alinhados, um por cada
vida humana perdida; Foram ainda erigidas duas placas evocativas com
todos os nomes dos que ali faleceram, uma junto da mina de água que fica
na estrada que liga os Capuchos à Peninha e outra num afloramento
rochoso um pouco mais acima, numa clareira da estrada florestal (de
terra batida) que liga os Capuchos ao Monge, local que desde então
assumiu o topónimo de "Alto da Memória" e onde invariavelmente todos os
anos por ocasião da data do incidente se realiza a devida homenagem com
direito a honras militares e civis,
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Localização dos memoriais
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Placa evocativa colocada no Alto da Memória |
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Cerimonia Militar (colocação de coroas de flores) no Alto da Memória
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Cerimonia Militar junto dos 25 ciprestes
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Memorial junto da mina de água
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Mas nem tudo são más noticias, de um modo geral a valorização e
protecção da Serra de Sintra tem avançado inequivocamente,
destacando-se:
- A 15 de Outubro de 1981 é criada a Área de Paisagem Protegida de Sintra - Cascais
- Passagem à categoria de Parque Natural em 11 de Março de 1984
- Inclusão a 6 de Dezembro de 1995 de Sintra (incluindo uma boa parte
da serra) na Lista de Sítios de Património Mundial da UNESCO com a
categoria de Paisagem Cultural
- Inclusão na Rede NATURA 2000
Actualmente existe um rigoroso plano de protecção da serra contra
incêndios florestais, os meios técnicos e os métodos de detecção e
combate evoluiram extraordinariamente, a Serra de Sintra encontra-se
mais protegida que nunca, mas há ainda muito trabalho para fazer neste
magnifico lugar que é de todos nós e que é da responsabilidade de todos
nós cuidar e proteger, para que tragédias como a de 1966 não se voltem a
repetir.
"Memorias de Fogo"
Documentário que destaca as memórias de antigos Mestres florestais que dedicaram a sua vida à defesa da floresta.
Realização de Frederico Miranda no âmbito do projecto FIRE PARADOX
Testemunho - Incêndio da Serra de Sintra em 1966
O incêndio de 1966 na Serra de Sintra
na primeira pessoa, relato dos acontecimentos por um interveniente
directo, o Comandante José França Sousa, à data oficial da GNR e
responsável máximo pelos Bombeiros Voluntários Lisbonenses.
Referências Bibliográficas
- 1966 - "Diário de Lisboa", nº 15706, Ano 46, Quinta, 7 de Setembro de 1966, CasaComum.org; http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20677
- 1966 . "Diário de Lisboa", nº 15707, Ano 46, Quinta, 8 de Setembro de 1966, CasaComum.org; http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20679
- 1966 . "Diário de Lisboa", nº 15708, Ano 46, Sexta, 9 de Setembro de 1966, CasaComum.org; http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20681
- 1966 . "Diário de Lisboa", nº 15709, Ano 46, Sábado, 10 de Setembro de 1966, CasaComum.org; http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20683
- 1966 . "Diário de Lisboa", nº 15710, Ano 46, Domingo, 11 de Setembro de 1966, CasaComum.org; http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20686
- 1966 . "Diário de Lisboa", nº 15711, Ano 46, Segunda, 12 de Setembro de 1966, CasaComum.org; http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06571.109.20688
- 2005 - Baltazar, Luís; Martins, Carlos; "Atlas do Parque Natural de Sintra Cascais" - http://goo.gl/nIiRlT
- 2011 - SIC - Querida Julia, Entrevista ao Comandante José França Sousa - http://sic.sapo.pt/Programas/Programas/Queridajulia/programas/2011-10-04-Assisti-a-uma-tragedia
- 2013 - "Noticias de Colares" - Homenagem aos Militares que perderam a
vida no combate ao grande incêndio na Serra de Sintra em Setembro de
1966 - http://freguesiacolares.blogspot.pt/2013/09/homenagem-aos-militares-que-perderam.html
- 2016 - Baltazar, Susana; "Adros Luna - Guia do Percurso - Alto da Memória"; Ambitare; http://www.ambitare.com
por: Luís Baltazar