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25.8.22

Incêndio do Chiado foi há 34 anos. Recorde como tudo aconteceu

 

O incêndio que deflagrou nos extintos armazéns Grandella, no Chiado, destruiu vários edifícios históricos.

A Câmara Municipal de Lisboa assinalou, esta quinta-feira, o 34.º aniversário do incêndio do Chiado, que, a 25 de agosto de 1988, “devastou o coração da cidade”.

Na rede social Facebook, o município partilhou a “leitura de algumas das comunicações entre os bombeiros no local e a Central Telefónica de Comando do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB)”. O relato dá a conhecer “a história, por muitos desconhecida, da evolução do incêndio”.

O alerta foi dado pelas 5h19, quando o bombeiro José Fernando afirmou que “há fogo na rua do Ouro, Armazém Grandella”. Pelas 5h23, os bombeiros chegaram à rua do Ouro, onde confirmaram o fogo nos Armazéns Grandella. “Arde com muita intensidade e peço todo o material disponível”, lê-se.

Dois minutos depois, às 5h25, foi dito que “o fogo é de muito grandes proporções” e os bombeiros aguardavam a “chegada de todo o material disponível” pedido anteriormente, e pediram que algum desse material fosse levado para a rua Nova do Almada.

Às 5h30, reconheceram que o fogo era “incontrolável”. “Informo que o fogo na rua do Ouro é incontrolável, está a propagar a edifícios anexos, e a única maneira possível de o controlar será através de um ou dois helicópteros, e peço para falarem com o Comandante”, pediu o bombeiro responsável.

Naquela altura, o fogo já tinha consumido o Armazém Grandella e alastrava-se para os Armazéns do Chiado. Atingia também “alguns elementos dos edifícios fronteiros na rua do Carmo e da rua da Assunção, edifício Confepele”.

Às 6h10, menos de uma hora após o fogo deflagrar, não existia “qualquer hipótese de ação de combate ao incêndio por parte dos helicópteros”, mas existia “a hipótese de acionar o Hércules C-130”. “Já se dirige para o local um helicóptero Puma mas deverá organizar um local improvisado para servir de heliporto”, lê-se.

“Mandem para o local todos os Chefes de 1.ª Classe e façam acionar o mais depressa possível os meios aéreos”, pediam às 6h23.

Às 6h45, a situação era “muito grave” e as chamas alastraram-se ao edifício Martins e Costa. O ataque ao fogo passou a ser “executado pelo pátio da Escola Veiga Beirão” e pelas 7h05 pedia-se o envio de “todas as mangueiras disponíveis de 50 mm e 70 mm para o largo do Carmo”.

“O fogo atinge a parte central dos Armazéns do Chiado e propaga-se a todos edifícios do lado poente da Rua Nova do Almada, descendo para a Calçada Nova de São Francisco onde fica confinado. Na rua do Carmo, o fogo propaga-se subindo a rua, atingindo os edifícios Eduardo Martins e José Alexandre, estes já situados no início da rua Garrett”, explicaram os bombeiros às 7h30. Pelas 9h22, as zonas da rua Garrett e rua Ivens foram “evacuadas”. 

Às 11h00, o comandante “mandou dizer que dá o fogo por circunscrito” e pelas 11h24 foi comunicada a morte do bombeiro Catana Ramos no Hospital de São José.

Ao meio dia, pediu-se a evacuação do lar da Santa Casa da Misericórdia, no Largo de São Roque.

O incêndio viria a ficar dominado às 15h10, quase 10 horas após o seu início. “Informo que o fogo está dominado”, afirmaram os bombeiros, que, pelas 17h50, pediram que a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa fosse informada de que a “situação do fogo” estava a “melhorar” e seria efetuado o “rescaldo em alguns edifícios”.

O incêndio que deflagrou nos extintos armazéns Grandella, no Chiado, destruiu vários edifícios históricos, provocou mais de 40 feridos e duas vítimas mortais - um bombeiro e um eletricista, que foi encontrado nos escombros.

 

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Câmara Municipal de Lisboa
há 4 horas

Em 25 de agosto de 1988 acontecia o incêndio do Chiado, que devastou o coração de #Lisboa.
A leitura de algumas das comunicações entre os bombeiros no local e a Central Telefónica de Comandando do #RSB dá-nos a história, por muitos desconhecida, da evolução do incêndio.

05h19 - “Há fogo na rua do Ouro, Armazém Grandella” (reclamante José Fernando).
05h23- Chegámos à rua do Ouro, é fogo nos Armazéns Grandella, arde com muita intensidade e peço todo o material disponível.
05h25– Encontramo-nos na rua do Ouro, o fogo é de muito grandes proporções e aguardo a chegada de todo o material disponível que já foi pedido antes, e peço para que algum desse material se vá localizar na rua Nova do Almada.
05h30 – informo que o fogo na rua do Ouro é incontrolável, está a propagar a edifícios anexos, e a única maneira possível de o controlar será através de um ou dois helicópteros, e peço para falarem com o Comandante.
O fogo passa dos Armazéns do Grandella, já todo tomado pelo fogo, para os Armazéns do Chiado, e atinge alguns elementos dos edifícios fronteiros na rua do Carmo e da rua da Assunção, edifício Confepele.
06h10– Não há qualquer hipótese de ação de combate ao incêndio por parte dos helicópteros, mas existe a hipótese de acionar o Hércules C-130. Já se dirige para o local um helicóptero Puma mas deverá organizar um local improvisado para servir de heliporto.
06h23 – Mandem para o local todos os Chefes de 1.ª Classe e façam acionar o mais depressa possível os meios aéreos.
06h45-A situação é muito grave e peço a comparência do Inspetor Superior e do Comandante do Gabinete de Proteção Civil Municipal. O fogo propaga-se ao edifício Martins e Costa. O ataque a este fogo passa a ser executado pelo pátio da Escola Veiga Beirão
07h05- Mandem todas as mangueiras disponíveis de 50 mm e 70 mm para o largo do Carmo
07h30- O fogo atinge a parte central dos Armazéns do Chiado e propaga-se a todos edifícios do lado poente da Rua Nova do Almada, descendo para a Calçada Nova de São Francisco onde fica confinado.
Na rua do Carmo o fogo propaga-se subindo a rua, atingindo os edifícios Eduardo Martins e José Alexandre, estes já situados no início da rua Garrett.
09h22-Informo que toda a zona da rua Garrett e da Rua Ivens já foram evacuadas
11h00O- Sr. Comandante manda dizer que dá o fogo por circunscrito.
11h24-Informo que foram para o Hospital de são José os Sapadores n.º 368 e n.º 868, Catana Ramos que veio a falecer.
12h00 No Largo de São Roque, na Santa Casa da Misericórdia há um lar de pessoas acamadas e peço AMs para as evacuar.
15h10-Informo que o fogo está dominado
17h50-Informem a Presidência da CML que a situação do fogo está a melhorar e estamos a proceder ao rescaldo em alguns edifícios“


Ref.ª fonte: Incêndio do Chiado, Um Olhar Técnico-operacional, CML | RSB, 2016

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