A 28 de setembro de 1863, nasce, em Lisboa, Carlos Fernando Luís
Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis
José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha.
Era filho do rei Luís I de Portugal e de sua esposa Maria Pia de Saboia.
Na qualidade de príncipe herdeiro, recebe uma esmerada educação que incluía o estudo de várias línguas estrangeiras.
Na juventude, frequenta várias cortes europeias mas seria num país
republicano que se enamoraria da sua futura esposa, Amélia de Orleães,
filha primogénita do Conde de Paris, pretendente ao trono de França, com
quem se consorciaria a 22 de maio de 1886, na igreja lisboeta de São
Domingos.
Por morte do pai, ascende ao trono Portugal a 19 de outubro de 1889,
sendo aclamado rei a 28 de dezembro desse ano, como Carlos I. Esteve
presente na cerimónia de aclamação o seu tio-avô D.Pedro II, Imperador
do Brasil, que se encontrava exilado em Lisboa desde o dia 6 do mesmo
mês.
Durante o seu reinado, ocorrem inúmeras crises políticas e económicas que contribuem para o descontentamento dos seus súbditos.
Uma das maiores crises surge logo no início do reinado: Portugal
estava depauperado economicamente e há muito que perdera a grandeza do
passado. Esse papel era agora desempenhado pela Grã-Bretanha que
ambicionava constituir um corredor territorial ligando a costa
mediterrânica de África com a cidade do Cabo. Os portugueses
consideravam que o espaço compreendido entre Angola e Moçambique (Mapa
cor-de-rosa) lhes pertencia. Os britânicos exigem, em 1890, a retirada
das tropas portuguesas daqueles territórios, ameaçando com uma
declaração de guerra, caso a sua exigência não fosse acatada. A coroa
portuguesa vê-se obrigada a desocupar aqueles territórios, com o
protesto do Partido Republicano que se revolta no Porto, a 31 de janeiro
de 1891.
Por outro lado, o sistema conhecido como Rotativismo que permitia que
os dois principais partidos, o Partido Progressista e o Partido
Regenerador se revezassem no poder, era visto como um sistema
envelhecido, ao qual se opunham os republicanos que tinham cada vez mais
simpatizantes.
A 1 de fevereiro de 1908, quando a família real regressa a Lisboa,
vinda de uma das frequentes temporadas passadas no Palácio Ducal de Vila
Viçosa, a carruagem em que seguem é atacada a tiro no Terreiro do Paço,
tendo D. Carlos e o príncipe herdeiro falecido, ocorrência que é
lamentada por todas as casas reais da Europa.
Deslocou-se inúmeras vezes ao estrangeiro, uma delas representando Portugal no funeral da rainha Vitória.
Demonstrou possuir talento para a pintura, expressando a sua
criatividade sobretudo através de aguarelas, muitas delas retratando
pássaros, dado ser grande admirador da ornitologia.
Também apreciava a oceanografia, tendo comprado o iate Amélia para se
dedicar a campanhas oceanográficas, sendo considerado um pioneiro a
nível mundial nesta área. Homenageando este seu trabalho em prol da
ciência, foi atribuído o nome de D. Carlos I a um navio oceanográfico da
Armada Portuguesa. A ele se deve, igualmente, o Aquário Vasco da Gama.
Administrou pessoalmente as propriedades da casa de Bragança,
produzindo vinho, azeite e cortiça, entre outros produtos, para além de
ter incentivado, na sua ganadaria, a preservação dos cavalos de Alter.
D. Carlos jaz ao lado do seu filho primogénito no Panteão Real da
Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. *
* Texto extraído de " O LEME "