4 de Novembro de 1877. Inaugurada a Ponte Ferroviária D.Maria Pia, sobre o rio Douro, no Porto.
" A utilização do ferro fundido, a partir do último quartel do século XVIII, e do aço laminado que, em 1870, veio substituir o do ferro laminado (para além do próprio betão armado, já em período finissecular), possibilitou a edificação de um vasto conjunto de pontes absolutamente essencial à expansão das linhas de caminho-de-ferro em plena
Era Industrial, além de permitir uma maior criatividade aos seus projectistas, graças às características dos novos materiais utilizados, ultrapassando muitas das dificuldades impostas pela própria geografia do terreno.
Eram, na verdade, planos que se enquadrariam na perfeição no conceito generalizado de "Arquitectura do Ferro", então profusamente incrementado pela nova burguesia que lhe dera vida e sentido, bem como à própria sociabilidade de raízes liberais, substanciada nas múltiplas possibilidades económicas proporcionadas pelo vertiginoso desenvolvimento científico-teconológico.
E apesar de ter sido a Inglaterra a presenciar as primeiras experiências neste domínio da engenharia, foi a ponte concebida por Gustave Eiffel (1832-1923) para Bordéus, em 1860, conhecida por La Passerelle, que acabou por servir de modelo a todas quantas foram doravante erguidas.
Um pouco à semelhança do que sucedeu noutros recantos europeus, a construção de pontes em Portugal acompanhou o próprio processo de abertura de novas estradas, no âmbito da política Fontista de meados de oitocentos, período geralmente conhecido por Regeneração.
E foi neste ambiente, que a primeira ponte metálica lançada em território nacional teve lugar na cidade do Porto, sobre o rio Douro, a conhecida "Ponte Pênsil", certamente graças à grande actividade comercial que caracterizava a urbe e à considerável comunidade de origem britânica que aí residia desde há longa data.
Com efeito, mesmo que representasse um notório avanço, o prolongamento da linha do Norte até às Devezas, não parecia satisfazer em pleno os objectivos da cidade do Porto, uma vez que impelia à concentração da actividade comercial em Gaia, ao mesmo tempo que impedia a ligação tão esperada com as linhas férreas do Minho e do Douro, razões suficientes para que cedo se equacionou a possibilidade de inaugurar uma estação de caminho de ferro no Porto, à qual ficaria ligada a das Devezas por uma ponte lançada sobre o rio Douro.
E é, precisamente, neste contexto que deveremos analisar a inauguração da ponte D. Maria Pia (1847-1911) a 4 de Novembro de 1877, com a presença do par real português.
O início da sua construção, nos primeiros dias do ano anterior, resultou de um longo processo de avaliação das propostas apresentadas ao concurso internacional entretanto aberto, com a selecção final do projecto delineado por Gustave Eiffel, com base em critérios estéticos, conceptuais e financeiros, e no qual assumiram um papel de relevo dois engenheiros portugueses, Manuel Afonso de Espregueira e Pedro Inácio Lopes.
Com uma estrutura leve, a ponte inclui um arco biarticulado com um vão de cento e sessenta metros que, através de pilares em treliça, suporta o tabuleiro ferroviário de trezentos e cinquenta e quatro metros de comprimento colocado a cerca de sessenta e um metros acima do nível médio das águas."
[AMartins] "
Créditos da parte sublinhada com ( " ) do texto. D.G.P.C. Direcção Geral do Património Cultural.
Fotografias. « Wikipédia », « Lugares da História » e « Agenda Setting ».
Porto. Rio Douro e Ponte D. Maria Pia |
" A utilização do ferro fundido, a partir do último quartel do século XVIII, e do aço laminado que, em 1870, veio substituir o do ferro laminado (para além do próprio betão armado, já em período finissecular), possibilitou a edificação de um vasto conjunto de pontes absolutamente essencial à expansão das linhas de caminho-de-ferro em plena
Era Industrial, além de permitir uma maior criatividade aos seus projectistas, graças às características dos novos materiais utilizados, ultrapassando muitas das dificuldades impostas pela própria geografia do terreno.
Eram, na verdade, planos que se enquadrariam na perfeição no conceito generalizado de "Arquitectura do Ferro", então profusamente incrementado pela nova burguesia que lhe dera vida e sentido, bem como à própria sociabilidade de raízes liberais, substanciada nas múltiplas possibilidades económicas proporcionadas pelo vertiginoso desenvolvimento científico-teconológico.
E apesar de ter sido a Inglaterra a presenciar as primeiras experiências neste domínio da engenharia, foi a ponte concebida por Gustave Eiffel (1832-1923) para Bordéus, em 1860, conhecida por La Passerelle, que acabou por servir de modelo a todas quantas foram doravante erguidas.
Um pouco à semelhança do que sucedeu noutros recantos europeus, a construção de pontes em Portugal acompanhou o próprio processo de abertura de novas estradas, no âmbito da política Fontista de meados de oitocentos, período geralmente conhecido por Regeneração.
E foi neste ambiente, que a primeira ponte metálica lançada em território nacional teve lugar na cidade do Porto, sobre o rio Douro, a conhecida "Ponte Pênsil", certamente graças à grande actividade comercial que caracterizava a urbe e à considerável comunidade de origem britânica que aí residia desde há longa data.
Com efeito, mesmo que representasse um notório avanço, o prolongamento da linha do Norte até às Devezas, não parecia satisfazer em pleno os objectivos da cidade do Porto, uma vez que impelia à concentração da actividade comercial em Gaia, ao mesmo tempo que impedia a ligação tão esperada com as linhas férreas do Minho e do Douro, razões suficientes para que cedo se equacionou a possibilidade de inaugurar uma estação de caminho de ferro no Porto, à qual ficaria ligada a das Devezas por uma ponte lançada sobre o rio Douro.
Documento antigo que ilustra a construção da ponte D.Maria Pia |
E é, precisamente, neste contexto que deveremos analisar a inauguração da ponte D. Maria Pia (1847-1911) a 4 de Novembro de 1877, com a presença do par real português.
O início da sua construção, nos primeiros dias do ano anterior, resultou de um longo processo de avaliação das propostas apresentadas ao concurso internacional entretanto aberto, com a selecção final do projecto delineado por Gustave Eiffel, com base em critérios estéticos, conceptuais e financeiros, e no qual assumiram um papel de relevo dois engenheiros portugueses, Manuel Afonso de Espregueira e Pedro Inácio Lopes.
Ponte D.Maria Pia no século XIX -XX |
Com uma estrutura leve, a ponte inclui um arco biarticulado com um vão de cento e sessenta metros que, através de pilares em treliça, suporta o tabuleiro ferroviário de trezentos e cinquenta e quatro metros de comprimento colocado a cerca de sessenta e um metros acima do nível médio das águas."
[AMartins] "
Créditos da parte sublinhada com ( " ) do texto. D.G.P.C. Direcção Geral do Património Cultural.
Fotografias. « Wikipédia », « Lugares da História » e « Agenda Setting ».