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1.2.21

Sismo de 31 de Janeiro de 2021

Sismo de 31 de janeiro a sul de Oeiras

Sismo 31 de janeiro a sul de Oeiras2021-02-01 (IPMA)

Geologia da Região: Sismo de 31 de janeiro de 2021, sul de Oeiras, magnitude 2.7.

Um sismo de magnitude 2.7 foi sentido, com maior intensidade na região dos concelhos de Oeiras e Cascais, e também Almada; o epicentro localizou-se a cerca de 10 km a sul de Oeiras, na zona do delta do Tejo.

A região a sul de Lisboa está afetada por fraturas profundas com duas orientações preferenciais: NNW-SSE, verticais e ~E-W inclinando para norte ou para sul com inclinações próximas de 40°. Estas falhas profundas têm origem muito antiga e desempenharam um papel importante na compartimentalização da margem continental Oeste Portuguesa durante a abertura do oceano Atlântico, no Jurássico (~200 milhões de anos). Há cerca de 15 milhões de anos foram reactivadas durante a formação das montanhas alpinas, que em Portugal se representam pela serras da Estrela, Arrábida, Montejunto e outras. Estas falhas tiveram ainda um papel muito importante no Cretácico Superior durante a instalação à superfície dos vulcões do Complexo Vulcânico de Lisboa e do granito da serra de Sintra (~80 milhões de anos), tendo servido como condutas para ascensão do magma.

Para compreender a estrutura profunda e o controlo tectónico dos episódios vulcânicos passados, e assim perceber a tectónica actual, realizaram-se estudos de perfis sísmicos de reflexão e levantamentos magnéticos.
Recentemente foi descoberto no delta submarino do rio Tejo, na região do sismo de 31/01/2021, um deslizamento de terras submarino com cerca de 10 km de comprimento, 4 de largura e 20 metros de espessura, apenas a cerca de 40 metros abaixo da superfície do mar e que terá ocorrido há cerca de 11 000 anos. Este grande deslizamento poderá estar relacionado com a actividade sísmica da região.

Lateralmente justaposto a este deslizamento encontra-se um depósito de gás nos sedimentos recentes. A origem deste gás é ainda desconhecida e encontra-se em fase de estudo pelo projecto TAGUSGAS (PTDC/CTA-GEO/031885/2017), uma parceria entre a Universidade de Évora, o IPMA e a EMEPC, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Compreender a origem do gás, a sua relação com os deslizamentos e a sismicidade é importante para mitigar o risco de tsunami na região de Lisboa.

Portugal continental, em particular a região de Lisboa, é frequentemente afectado por sismicidade, geralmente de baixa magnitude, devido à sua localização próxima da fronteira entre as placas tectónicas Africana e Euroasiática, que se estende dos Açores a Gibraltar e através do Mediterrâneo.

Apesar de a maior parte da actividade se localizar no mar, existe alguma transferência de tensões para a região intraplaca, que tendencialmente se localiza em falhas ou em zonas de contraste litológico, por exemplo associado a intrusões magmáticas existentes na crosta.

 Fonte: I.P.M.A.