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10.9.20

CONVENTO DE S. SATURNINO, NA SERRA DE SINTRA.

CONVENTO DE S. SATURNINO ( Foto de J.P.L. Abril de 2011 )


Para quem se desloca pela estrada da Malveira da Serra já a caminho da Azóia há-de reparar que a seguir à placa que nos diz termos entrado no concelho de Sintra, do lado esquerdo da estrada, existe um espaço para estacionar.

 Paremos e contemplemos, cá do alto, esta pequena maravilha incrustada em plena encosta da serra.


 Convento rural do século XII, situado numa área protegida perto do mar, num vale da serra de Sintra de impressionante beleza natural, onde o azul e o verde se conjugam para formar uma paisagem única. Objecto de um cuidado plano de recuperação, foi aberto ao turismo no ano de 2002.

 Por isso, quando entra dentro da propriedade do Convento e até chegar ao edifício principal tem de percorrer uma estrada, sempre a descer, rodeada de vegetação e com o mar em frente.

 Uma vista magnífica num local onde chegou a ser praticado o culto de São Saturnino, um dos santos mais populares de França, bispo de Tolouse no ano 250.

CASCAIS E A QUINTA DA MARINHA

  Em 1811...

                                     A Quinta da Marinha era um baldio do domínio público, estéril, de areais e pedregulhos nativos, que no século,XIX passou para o domínio privado.

Isto apenas me merece um comentário:
 Falta de visão para com as gerações Cascalenses dos tempos vindouros que se viram privadas do usufruto de um local de beleza natural única.

Muito parecida com a Marinha é Donana na província de Cádiz ao qual a Espanha tratou de proteger criando o Parque Nacional de Donana .
Sei do que falo porque já o visitei. 
E conheço a Marinha.

Por cá o que se fez?

  Para " mandar cultivar aquellas partes que se puderem utilizar " um tal João António Coutinho, Coronel de Infantaria e Sub- Inspector Geral das Milícias,suplicou, ao Príncipe Regente D. João, que lhe     " fizesse Mercê do baldio denominado a Marinha ( ou Meirinha ),situado no termo de Cascais, junto ao mar, deixando livres ao uso publico as pastagens de todo o terreno que não for semeado, assim como a cavidade que fica numa extrema do referido baldio, onde se recolhem as águas de Inverno para os gados beberem como até agora".


A tal « cavidade » aqui referida foi o que conheci ainda como o "Barreiro da Areia ". Este, por sua vez, há muito que deixou o estatuto de local de recolha de águas. Foi drenado e atulhado passando a propriedade privada em tempos recentes.

...o dito baldio...o avaliaram... na quantia de trezentos cinquenta mil reis, de fóro em mil seiscentos reis anualmente..."
" Por provisão régia de 3 de Outubro de 1811 foi ordenado que a Câmara da vila de Cascais desse de aforamento ao dito suplicante João António Coutinho; o Baldio de que se trata denominado a Marinha e confrontado no auto da dita vistoria nesta copiado, deixando o mesmo suplicante livres
 ao uso público , como oferece, as pastagens de todo o terreno que não fôr semeado,assim como a cavidade em uma extrema do referido baldio, onde se recolhem as águas de Inverno para os gados beberem como até agora". 


A dez do mesmo mês de Outubro de 1811, foi lavrado o competente auto de posse... ( 1 )


Depois de sucessivas transferências de propriedade que seria interessante desenvolver mas de que me abstenho fazê-lo por motivos de espaço pois, como é evidente, encheria todo o blogue com esta temática.
Como sou de Cascais e amo a minha terra apenas narrei mais este pedaço da nossa triste história de naturais cá do burgo.
 Vejam que escapou a Crismina e foi preciso a Câmara se empenhar num pleito judicial que só terminou em 14 de Dezembro de 1922.
 Se não hoje aquele espaço também estaria vedado a todos os cascaenses ( Ou, se preferir-mos, " cascalenses " ) e não só.
 Hoje é um belíssimo espaço natural.


 ( 1 )  Fernando de Oliveira Martins
         " Urbanismo e Incêndios Florestais " 
          Edição do autor - 1998 -



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ARREDORES  DA QUINTA DA MARINHA

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CRISMINA