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4.7.13

S. JOSÉ DA URCA.



UMA JÓIA NA BERMA DA ESTRADA ( foto de J.P.L. em julho de 2013 )
 
Apesar de se encontrarem algumas referências a localidades com esta designação é aqui bem na " berma " da estrada existente entre o Pé da Serra e os Capuchos, na Serra de Sintra, que se nos depara esta pequena e singular jóia. .Isolada de tudo e de todos.

 Decerto não estou à espera que lhe suceda algo parecido com o que descrevi há dias quanto a uma placa de sinalização rodoviária do mesmo período e que tudo indica foi roubada.




Curiosamente ou talvez não após uns " trabalhos " que por ali decorreram e por vezes decorrem de limpeza das margens das vias.

 No caso deste edifício da foto umas pinceladas de cal e pouco mais será o suficiente para o preservar.


Mesmo assim quem me diz que não surgirá por ali um dia alguém que entenda que estes vestígios de um passado recente que dão ( davam ) vida própria à Serra carecem de um toque mais actual e...venha a retroescavadora.

Porque será muito difícil outra forma de " limpeza "!

TOPONIMIA SINTRENSE - URCA

Um dos interessantes topónimos do território de Sintra é o de URCA. O sítio com esta designação situa-se na Freguesia de Colares na encosta ao cimo da aldeia do Penedo, onde se encontra a Quinta de S.José da Urca. No local existe um miradouro onde em dias claros se avista o mar até às Berlengas é por isso um local privilegiado para observação do tráfego marítimo.

A Urca era um navio da "família" dos galeões e caravelas, com maior capacidade  e destinado ao transporte de mercadorias nas rotas de longo curso.

 A sua origem é atribuída aos construtores navais holandeses. Em Portugal há notícias de Urcas desde o reinado de D. Afonso V, todavia é no século XVI no reinado de D.Manuel I que a Urca é utilizada em grande escala para o transporte de mercadorias entre o Ultramar Português e Lisboa, e a feitoria da Flandres. Nos documentos da Chancelaria daquele monarca podem encontrar-se muitas referências  as Urcas.
 
Como é conhecido D.Manuel I passava longas temporadas em Sintra  em cujo palácio recebia informações sobre os barcos que atracavam e saíam da capital.

 Para entrarem na barra do Tejo os navios necessitavam encontrar ventos favoráveis fazendo a rota pelo norte do cabo da Roca. A zona da Serra de Sintra desde a Almoçageme até ao Rio do Touro é a que melhor se adequava à vigilância da costa como demonstra a Atalaia que deu o nome a uma aldeia que hoje existe.

Quem sabe se  passou denominar Urca ao local do mirante porque daí se vislumbrou a chegada duma embarcação repleta  de  especiarias, ansiosamente aguardada?


O convencimento de que dali seria possível ver em primeiro lugar, surgir no horizonte, a nau esperada associou o sitio a esse facto, e daí dizer-se "vai ver se vem Urca",  da acção resultou o topónimo, sem dúvida relacionado com o oceano que daqui a vista alcança numa extensa área. Curiosamente no Brasil na cidade do Rio de Janeiro há um topónimo idêntico atribuído a uma praia e um bairro junto à costa...   


VISTA DO MIRADOURO DA URCA