Este blogue é pessoal e sem fins lucrativos. Se sentir que eu estou a infringir os seus direitos de autor(a) agradeço que me contacte de imediato para eu corrigir o referido conteúdo: / This blogue is a non-profit and personal website. If you feel that your copyright has been infringed, please contact me immediately: pintorlopes@gmail.com
Mostrar mensagens com a etiqueta .REGIÕES. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta .REGIÕES. Mostrar todas as mensagens

9.11.22

AUTÓDROMO DO ESTORIL. ( O lento aproximar do seu fim ? )

 

Mais um duro golpe. O que será feito do Autódromo do Estoril no futuro?

Histórico circuito português perdeu a mais importante competição internacional que ainda mantinha.

Mais um duro golpe. O que será feito do Autódromo do Estoril no futuro?
Notícias ao Minuto

09/11/22 11:20 ‧ Há 5 Horas por Ruben Valente

Auto Estoril

Esta era, talvez, a única competição internacional de maior visibilidade que ainda se mantinha no Estoril e que mais adeptos levava às bancadas atualmente. 

Em abono da verdade com o Mundial de Superbike ou não, toda a infraestrutura precisava (e precisa) de uma remodelação. Não é preciso ser muito atento para se perceber que as instalações estão obsoletas e a necessitar de obras. As únicas bancadas disponíveis, aliás, são as da reta da meta e a localizada na curva 1, que já não está nas suas melhores condições, diga-se.

Notícias ao Minuto

Com a perda do Mundial de Superbike, resta ao Estoril receber algumas competições de velocidade nacional, que têm a expressão que todos sabem, e umas quantas competições de clássicos. Sem esquecer os 'track days' para adeptos e o facto de poder servir para testes de algumas equipas de automobilismo. Será isto suficiente para manter um Autódromo desta envergadura em atividade?

O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) concentra agora todas as forças no que ao automobilismo e motociclismo internacional diz respeito. É o centro do desporto motorizado português e é em Portimão que todas as competições de grande porte decorrem, o que é normal. Não há qualquer tipo de comparação que possa ser feita neste momento entre o Estoril e o AIA.

Paulo Pinheiro, CEO do circuito de Portimão, tem feito um trabalho extraordinário em conseguir que todas as grandes provas do desporto motorizado se realizem em Portugal. Fórmula 1, MotoGP, WEC, ELMS, DTM... Todas as grandes provas de velocidade marcaram presença no traçado algarvio nos últimos anos. O investimento feito fala por si e tudo também só foi possível graças à ajuda da autarquia de Portimão e do governo português. Algo que tem faltado ao Estoril.

O que tem sido feito por lá nos últimos anos para este circuito voltar a ser colocado no mapa? Nada, infelizmente. De 1984 a 1996, o traçado com vista para a serra de Sintra recebeu a Fórmula 1. Foi lá que Ayrton Senna, por exemplo, alcançou a primeira vitória no Mundial de F1. De 2000 a 2012, o Autódromo do Estoril recebeu o MotoGP, onde Valentino Rossi e outras estrelas brilharam. Mesmo Jonathan Rea e Toprak Razgatlioglu chegaram a dar show nos últimos anos no Mundial de Superbike.

Notícias ao Minuto

A história quase que obriga a que as autoridades competentes não deixem cair um Autódromo com imensa mística. No entanto, aos poucos, as grandes competições foram-se despedindo do Estoril. Aos poucos, o Autódromo Fernanda Pires da Silva foi-se degradando.

Questionado pela SportTV, António Lima, presidente do Motor Clube do Estoril, remete a revitalização do Autódromo, precisamente, para o poder político. 

"É uma opção política de ter ou não ter [MotoGP no Estoril], é uma questão de aposta no evento que traz um grande retorno a nível mundial. O MotoGP nunca teve tanta procura e, portanto, é uma questão política que os políticos portugueses têm que saber o que querem fazer do Circuito do Estoril, porque é uma infraestrutura importante para o concelho e para o país, e algo deve ser feito", afirmou António Lima.

"Não há nenhum evento de grande envergadura que possa ser feito sem o apoio governamental como acontece em Portimão e em todos os países do mundo. É uma decisão política em que o governo aposta ou não aposta", concluiu.

Recorde-se que o Autódromo Fernanda Pires da Silva é propriedade de uma sociedade gestora do grupo Parpública. 

Notícias ao Minuto

28.9.22

Roteiro histórico quer revelar importância da Mata Nacional de Leiria

 

 

 O projeto, denominado Roteiro Histórico do Pinhal do Rei, "foi preparado para recuperar e preservar memórias da importância do pinhal na região e do seu impacto no desenvolvimento do território e das comunidades", adiantou a ADAE, numa informação enviada à agência Lusa.

"Este projeto será materializado através de um roteiro histórico e dinâmico, com pontos de interpretação ligados à história do Pinhal de Leiria, às atividades da madeira, resinagem e arte xávega, dominantes nos concelhos de Leiria e Marinha Grande", referiu a ADAE.

Segundo a associação, o objetivo é "retratar as interações que as comunidades estabeleceram com o seu território, ao longo da história, nomeadamente com as paisagens, os recursos, as produções locais, as técnicas e o saber-fazer, os hábitos e costumes, entre outros".

A iniciativa visa também "melhorar a oferta turística no território, atrair mais visitantes, prolongar a sua estada e, ainda, melhorar a experiência" de quem se desloca à região.

Fonte da ADAE explicou que o projeto, com a duração de dois anos, representa um investimento de

"É um roteiro que procura recuperar o impacto que as atividades ligadas ao pinhal tiveram na comunidade que dele dependia, desde a atividade da resina, da madeira e do carvão, entre outras", afirmou a mesma fonte.

Após a informação estar recolhida e tratada, "pretende-se a criação de um circuito de interpretação com a colocação de painéis em locais onde as atividades se devolveram", disse, salientando que esta é uma "forma de atrair turistas" num local que, há quase cinco anos, foi fustigado por incêndios

 

"Por exemplo, havia uma linha de caminho-de-ferro que atravessava a mata para facilitar o transporte da madeira. Este é um dos pontos que queremos dar a conhecer neste circuito de interpretação", adiantou.

Com o Roteiro Histórico Pinhal do Rei, vão ser divulgadas "outras vertentes da mata que não a natureza, contribuindo para preservar a cultura e a identidade deste território".

O Pinhal de Leiria, também conhecido por Mata Nacional de Leiria e Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro-bravo.

De acordo com informação no sítio na Internet do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a primeira arborização data do século XIII, tendo sido feitas as grandes sementeiras no reinado de D. Dinis.

No incêndio de 15 de outubro de 2017, ardeu 80 por cento da sua área.

A Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura, fundada em 1994, desenvolve a sua intervenção nos municípios da Batalha, Leiria, Marinha Grande e Porto de Mós, tendo surgido "com o objetivo de implementar novas formas de intervenção local, com incidência no mundo rural". 

 

Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros

Grande incêndio do Pinhal de Leiria foi planeado um mês antes em reuniões secretas numa cave entre madeireiros. Preços da madeira foram combinados na altura, revela reportagem da TVI24.

Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Pinhal de Leiria antes do incêndio

O incêndio que consumiu 86% do Pinhal de Leiria entre 15 e 16 de outubro do ano passado terá sido planeado no mês anterior por madeireiros, empresários e fábricas de compra e venda de madeira, avança uma reportagem da TVI24.


Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Pinhal de Leiria depois do incêndio

O plano foi delineado numa série de reuniões numa cave, onde também foram estabelecidos os preços para a madeira consumida.

Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Pinhal de Leiria antes do incêndio

A Polícia Judiciária já tinha assumido que o incêndio que deflagrou no Pinhal de Leiria em outubro tinha sido mão criminosa.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
Agora, a reportagem assinada pela Ana Leal revela que “o pinhal estava armadilhado” com vasos de resina com caruma no interior para iniciar as chamas, como contou a jornalista em entrevista na TVI24.


Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Pinhal de Leiria depois do incêndio

Esta terá sido a técnica que atingiu 36 concelhos da região centro. Embora não se tenham registado vítimas mortais na região do Pinhal de Leiria, os incêndios de outubro provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos no país, além de terem destruído 1.500 casas e 500 empresas.

Houve reuniões para planear incêndio e combinar preço da madeira

Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros

A fonte da TVI24 foi um homem que terá sido convidado para participar nessas reuniões, que ocorreram na cave de um restaurante e onde participaram pelo menos quatro das maiores empresas de madeira da região.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
O plano para incendiar o pinhal começou a ser criado em meados de setembro, mas só duas semanas antes é que os participantes se encontraram.

Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros

De acordo com o homem entrevistado, “houve uma reunião para combinar o preço da madeira e para não oferecer nada pelos lotes do Estado.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
Porque a madeira está muito cara, está a ver? Se não se comprar ao Estado, ele tem que vender a madeira quase dada. A fonte garante ainda que “todos os madeireiros estão feitos”, ou seja, participaram na reunião.

Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros

A liderar este plano estaria um empresário que “até anda a alargar o estaleiro”, conta a fonte da reportagem. Segundo ela, esse empresário terá em sua posse 100 mil toneladas de madeira queimada só em outubro.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
A reportagem fala ainda de uma empresa que, um mês antes, já estaria a fazer conta com o incêndio e por isso recebeu uma tranche de 500 mil euros para comprar madeira queimada.


Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros

De acordo com o documento da Caixa de Crédito de Leiria a que a TVI teve acesso, houve de facto uma transferência para essa empresa a 25 de outubro, que terão sido aplicados para comprar dois camiões, dois reboques e uma máquina de arrasto.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
Entre outubro e dezembro, essa empresa comprou 166 mil toneladas de madeira queimada. No mesmo período de 2016, o volume desce para os 55 mil.


25.9.22

SANTANA, NO CONCELHO DE NISA.

 

Aldeias sem esperança: nestas terras só há uma criança

Joana Ascensão, José Cedovim Pinto, Rui Duarte Silva

ISOLADA Maria Inês, de 12 anos, é a única criança a viver em Santana, uma freguesia de Nisa

ISOLADA Maria Inês, de 12 anos, é a única criança a viver em Santana, uma freguesia de Nisa © José Cedovim Pinto

 

  Num interior abandonado, há três aldeias portuguesas em que só vive uma criança. Em Santana, Macedo do Mato e Vinhas os dias agigantam e as geografias deixam isolados os últimos redutos da juventude

Rua por onde se entra em Santana é a rua por onde se sai de Santana. Naquela rua, o mundo todo. Naquele mundo, apenas uma rua desemboca noutros mundos. Na aldeia sem saída, curvada para um vale onde se perfila o rio Tejo, um sopro tórrido circunda os caminhos e raciona as raras vivalmas pelas casas brancas. À hora de almoço ouve-se o assobio da carrinha dos gelados. No mais sobressai o silêncio, só rasgado pelo chilrear dos pássaros. Salta à vista um mapa etiquetado a verde na pitoresca junta de freguesia, rente à única caixa de multibanco. Revela as coordenadas para os trilhos pedestres. Por ali sobrevive uma reserva natural que ainda vai levando pessoas de visita à terra. Mas naquele Alentejo, a ruralidade escorre pelos passeios como sangue nas veias. Onde sobressai a beleza da paisagem, falta gente. Naquele mundo feito de ausências, agigantam-se os dias. Sobra sempre tempo. No parque infantil impera a quietude. Onde havia uma escola primária ergueu-se um museu.

De pés descalços e fita métrica tombada no sofá, Isaura orgulha-se de manter em casa o último reduto da juventude da aldeia. A neta Maria Inês, há 12 anos sob a sua guarda, é a única criança que ainda ali habita, a respirar os ares de uma vivência em solidão. Santana, no concelho de Nisa, é uma das únicas três freguesias portuguesas onde só mora uma criança. O retrato é triste e alheio à terra presente na memória de Isaura. No seu tempo, “era alegre”, fervilhada de ferroviários e de pescadores. “Havia muita gente”, evoca. Sem que a televisão tivesse ainda lá domicílio, os jovens juntavam-se na taberna da tia a jogar à malha aos domingos. Nas noites de sábado, volta e meia soava a concertina do baile. “Só aqui na zona onde moro, moravam duas raparigas e dois rapazes. Na rua ao lado, mais duas. Éramos umas 20 ou 30 moças todas da mesma idade”, suspira. E nesse suspiro adivinha-se o peso de um silêncio só interrompido pela neta. “Agora sou uma mascote no meio deles”, irrompe Maria Inês, numa jovialidade que os avós lhe reconhecem desde os 15 dias de vida, quando passou a integrar aquele agregado familiar. À miúda, as memórias dos conterrâneos não lhe trazem outro cenário que não este.

 

 

Para ler este artigo na íntegra clique aqui

23.3.22

ÁGUIAS NO ALENTEJO

 

Massachusetts

Lisboa, 23 mar 2022 (Lusa) – As populações de águias na região do Alentejo aumentaram nos últimos anos, com a águia-de-bonelli a crescer 140% em 15 anos e a da águia-imperial-ibérica com mais 60% nos últimos três anos, foi hoje anunciado.

Os números constam de um relatório sobre populações de águia-imperial-ibérica, águia-real e águia-de-bonelli no Alentejo que é hoje apresentado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que em comunicado salienta a importância do Alentejo para determinadas espécies de rapinas, nomeadamente com estatuto desfavorável.

Os dados fazem parte do Plano de Monitorização de Valores Naturais da Divisão de Áreas Classificadas da Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo (DRCNF-Alentejo), focado especialmente nos três tipos de águias, e são divulgados numa sessão ‘online’ ao início da tarde.

Segundo o documento, a águia-imperial-ibérica apresenta um crescimento com tendência positiva, teve nos últimos três anos um aumento de 60% da população (13 para 20 casais) e tem um estatuto de conservação em Portugal avaliado como “criticamente em perigo”. Na década de 1980 deixou de nidificar em Portugal e foi considerada extinta enquanto espécie reprodutora, mas a partir de 2003 voltou a reproduzir-se no país.

Quanto à águia-real, comparando com dados de 2002 e 2004, considera-se que o crescimento da espécie está estável (nove casais nesses anos e 10 casais em 2020). A maior águia da Península Ibérica, tem um estado de conservação definido como “em perigo”.

A águia-de-bonelli tem uma tendência positiva de crescimento, com um aumento de 140% nos últimos 15 anos (27 casais em 2005 e 65 casais em 2020), e um estatuto de conservação avaliado como “em perigo”.

De acordo com o comunicado do ICNF foi também libertada, na terça-feira, uma águia-imperial-ibérica no Parque Natural do Vale do Guadiana. Tinha sido recolhida doente pela GNR em dezembro passado, no distrito de Beja.

O trabalho de monitorização juntou, além do ICNF, o projeto Biotrans, Gestão Integrada da Biodiversidade na Área Transfronteiriça, que é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020.

O objetivo do projeto é a gestão conjunta e integrada da conservação da biodiversidade na região EUROACE (Centro-Alentejo-Extremadura) através de ações conjuntas e sinérgicas entre parceiros portugueses e espanhóis para proteger e conservar grupos biológicos e espécies identificadas na área.

FP // ZO

7.3.21

PENADA - GERÊS

 

Em tempos de aniversário e de tréguas, acompanhamos Miguel Dantas da Gama numa inesquecível travessia por um excepcional rincão de natureza.

Hoje ficam de lado os pesadelos que impedem que esse lugar que há muitos anos se entranhou, cenário de um sonho por concretizar, se transforme num reduto de natureza exemplar onde de forma harmoniosa e pacífica se acolham pequenas comunidades humanas e onde todos possamos continuar a aprender como convivem plantas e animais selvagens na complexa cadeia de compromissos de que eles e nós, humanos, dependemos. Pesadelos que há muito motivam tantos debates sobre conflitos, interesses e até vaidades.

Por um momento esqueço os fogos e a caça, a insaciedade com que nós, vivendo dentro, fora, ou fora e dentro de uma área classificada, queremos consumir a sua natureza. Esqueço o recorrente, cobarde, inqualificável e impune abate de lobos, azevinhos e outros seres (também) vivos que já aqui moravam antes do homem moldar o território à sua maneira, quase sempre de uma forma em que parece que apenas ele existe e só ele tem o direito de ditar todas as regras. Desta vez ficam de fora a revolta de proprietários de gado que se sentem injustiçados, frequentemente sem razão, e o discurso de alguns amantes dos «bichos daninhos» cegos por paixões e que por desconhecimento de uma realidade ou inibidos por interesses próprios, tão diversos quanto particulares, promovem debates, azedos e vazios de conteúdo. 

Por norma coloca-se o dedo apenas nas feridas que em cada caso convêm e não na globalidade das abertas por todos nós. E a regra é estar-se contra, mas essencialmente contra quem se manifesta contra os respectivos interesses. Quantos estão realmente a favor deste território e do que importa salvaguardar por ser do interesse comum?

Um aniversário de cinquenta primaveras justifica uma trégua, uma travessia, que apesar de breve, pode ser um sonho desperto se levarmos em conta que o que percorremos é um excepcional rincão de natureza.

Foto: Miguel Dantas da Gama

No extremo ocidental do território, do topo de um proeminente penhasco, um planalto alto-minhoto de horizontes distantes expande-se para norte e nascente. Com a chegada da primavera que já se anuncia, vai cobrir-se de flores exuberantes. São pequenas na dimensão mas muitas delas são grandes preciosidades a que se irão juntar aves também valiosas, algumas provenientes de paragens longínquas.

Para poente, entre cumeadas sucessivas, medram carvalhos-negrais em manchas interrompidas por reduzidos aglomerados urbanos, antigas brandas, algumas bem conservadas. Na progressão para poente, em terreno acidentado ganha-se altura até às encostas mais elevadas. A partir daí, progredindo para sul, percorre-se a espinha dorsal de uma das maiores serras deste paraíso. Entre dois vales muito cavados.

No do lado nascente corre um rio raiano e para lá do que fica a poente, terra de povoados dispersos e de um inóspito santuário, acompanha-nos uma cumeada ainda mais alta, coroada por vários domos que se divisam de longe. Os vales vão convergindo até se encontrarem sob uma parede lisa, muito vertical, de cujo extremo, olhando o abismo, vemos águas que ganharam nome porque se misturam. Ainda são livres e têm força selvagem.

Um pouco a jusante a mudança é brusca. O rio, assim formado, desemboca num outro que nasce galego, mas ambos estão apresados por um gigantesco muro, um dos muitos com que o homem neste paraíso barrou muitas águas que se queriam bravias.

Foto: Miguel Dantas da Gama

Para sul, uma nova serra se ergue. No percurso até ao seu cume, por uma das linhas de festo, deslumbramo-nos com uma mata acoitada numa das mais profundas ravinas de Entre Douro e Minho, um dos santuários que no paraíso devia ser venerado. Nos seus redutos mais inacessíveis, em resquícios de uma vegetação primitiva albergam-se animais esquivos. No topo da serra, desse Muro, junto a muitos outros, de fojos e de demais limites criados pelo homem, olhamos o sul e o que vemos é a melhor mancha lusa de carvalho-alvarinho. Palco de muitas histórias, algumas extraordinárias, que importa enaltecer neste percurso de tréguas em tempo de aniversário. Um mundo de árvores antigas de inúmeras espécies, originárias de épocas diversas, aliadas em coexistências raras e por isso lar de animais e outras plantas numa profusão que não se repete noutras paragens.

Já bem no seio desta mata maior, impele-nos uma vontade imensa de rodarmos para nascente, um ímpeto extremo que nos faz subir para os cabeços altaneiros do paraíso, na serra que com mais nome o glorifica. 

Desses picos e cornos graníticos nada se interpõe contra o céu. Daqui partem as águas mais puras e frias, outrora aprisionadas em glaciares. Se rumássemos a sul embrenhávamo-nos numa montanha guardiã de ravinas, medas, grandes penhascos, cursos de água bravios em corgas sombrias, íngremes e sinuosas. Entre os mais recônditos interstícios de um relevo caótico encontram-se resquícios de tesouros que constantemente atormentam, porque lembram a urgência em defender, recuperar e preservar o que resta. Hoje não há tempo para os nomear. Nem é ocasião para renovar lamentos.

Cabra-montês. Foto: Miguel Dantas da Gama

Prosseguindo pelo tecto do paraíso para nascente alcança-se o outro planalto, o transmontano, de novo uma terra de horizontes a perder de vista, importante para plantas e animais e para cuja beleza contribui o enorme contraste que gera com as agrestes, recortadas e altivas serranias há pouco transpostas. 

Foi uma travessia apressada porque o paraíso entre o Laboreiro e a Mourela, para ser bem contado, não cabe numa crónica breve. 

Desta vez, a evocação do aniversário de meio século é dedicada aos que deste paraíso «apenas» reclamam o direito ao silêncio, só quebrado por brisas e águas revoltas, berros de corço, uivos de lobo, pancadas secas entre hastes reixelas e cantos de aves de montanha. E também pelo relinchar das burras, o mugir das vacas e o berro de cabras e ovelhas propriedade apenas dos que vivem num paraíso que por isso devem achar-se privilegiados.

Lembrando que aqui pode subsistir um espaço para se sentir como era antes, antes deste louco frenesim em que o ser humano tudo reclama e quer consumir, numa corrida rápida e devastadora. E sem nunca esquecer que o que neste e noutros paraísos, também os adoradores do silêncio – uma tribo a que pertenço – procuram, tem que perdurar para além do tempo em que lhes é concedido tão grande privilégio. 


O Parque Nacional da Peneda-Gerês foi criado há 50 anos e as celebrações decorrem até 8 de Maio de 2021. Até lá, Miguel Dantas da Gama, profundo conhecedor desta área protegida, vai aproximar-nos deste recanto único no nosso país.

Hoje, este Parque Nacional abrange os concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro. As matas do Ramiscal, de Albergaria, do Cabril, todo o vale superior do rio Homem e a própria serra do Gerês são um tipo de paisagem que dificilmente encontra em Portugal algo de comparável.

1.3.20

AÇORES. PROPOSTA DA S.P.E.A . PARA A CAÇA NA REGIÃO


SPEA propõe alterações à caça nos Açores



"A SPEA defende que a proposta de decreto legislativo regional deveria ser reformulada. (...) Se esta posição for seguida, a região dos Açores poderá ser reconhecida como um território na vanguarda da caça sustentável a nível da União Europeia, trazendo benefícios ambientais, económicos e sociais à escala local e regional", sublinha a SPEA, em comunicado.
A posição da SPEA surge na sequência de vários pareceres que organizações e associações estão a emitir, por solicitação da comissão de Economia do parlamento dos Açores, à proposta de decreto legislativo regional que aprova o "Novo Regime Jurídico da Gestão dos Recursos Cinegéticos e do Exercício da Caça na Região Autónoma dos Açores".
A organização frisa que "os Açores constituem cada vez mais um destino turístico de natureza de eleição, não fazendo sentido que pedestrianistas e turistas se sintam condicionados ou em risco nos dias de caça". 
Assim, a SPEA considera "urgente" que o Governo Regional tome algumas medidas sobre determinadas espécies, entre elas a suspensão da caça aos patos, alegando que populações de Pato-real, Marrequinha e Piadeira (Anas penelope), "estão presentes nos Açores essencialmente como migradoras, sempre num número muito reduzido".


Pato-real

O pato-real é uma ave anseriforme que habita áreas temperadas e sub-tropicais da América do Norte, Europa e Ásia. A espécie tem forte dimorfismo sexual, tendo os machos uma cabeça de cor verde iridescente e asas e barriga cinzenta,enquanto que as fêmeas têem uma plumagem castanha salpicada. É o antecessor da maioria dos patos domesticados actuais. Sendo uma espécie migratória, frequenta também as regiões da América Central e Caraíbas e foi introduzido em várias regiões, desde a Austrália e Nova Zelândia até países da América do Sul. Em Curitiba, no Paraná, registou-se um exemplar híbrido de Anas platyrhynchos x Anas bahamensis, encontrado no Zoológico Municipal do Iguaçu em 2007.
  • Nome científico: Anas platyrhynchos
  • Classificação biológica: Espécie
  • Classificação mais alta: Anas
  • Envergadura: 0,81 m – 0,98 m
  • Peso: 0,7 kg (1,54 libra) – 1,6 kg (3,53 libra)
  • Esperança de vida: 20 anos em média

Marrequinha-comum

Marrequinha-comum
A marrequinha-comum é uma ave anseriforme. É o menor pato da Europa. Tal como os outros membros da sua família, apresenta dimorfismo sexual, sendo os machos mais coloridos, com a cabeça vermelha e verde e o dorso cinzento, enquanto que as fêmeas são mais acastanhadas.
  • Classificação mais alta: Anas
  • Nome científico: Anas crecca
  • Classificação biológica: Espécie

Piadeira

Piadeira
A piadeira é uma ave da família Anatidae. A espécie foi descrita por Lineu em 1758 na décima edição de Systema Naturae, sob o nome binomial corrente. A espécie é monotípica. O macho tem a cabeça rosada com a testa amarela, a fêmea é acastanhada.
  • Classificação mais alta: Anas
  • Nome científico: Anas penelope
  • Género: Mareca
  • Classificação biológica: Espécie
A SPEA defende igualmente que se deve suspender a caça de Galinhola (Scolopax rusticola) e Narceja (Gallinago gallinago), alertando que se tratam de "espécies com populações nidificantes em estado de conservação preocupante nos Açores".
"Não permitir a utilização de furão


Furão

O furão é um mamífero carnívoro da família dos Mustelídeos. Existem diversas espécies de mustelídeos, sendo a mais conhecida o furão-doméstico, utilizado como animal de estimação em vários países do mundo. O termo é geralmente utilizado como referência ao furão-doméstico, descendente do tourão ou eventualmente do tourão-das-estepes, mas também há duas espécies de mustelídeos americanos que ocorrem do México à Argentina, conhecidas como furão-grande. e furão-pequeno.
  • Nome científico: Mustela putorius furo
  • Classificação biológica: Subespécie
  • Classificação mais alta: Tourão
  • Peso: 0,7 kg (1,54 libra) – 2 kg (4,41 libra)
  • Esperança de vida: 8 anos em média
  • Período de gestação: 42 dias


 e de aves de presa como meios de caça, pois, ao serem espécies exóticas, a sua introdução pode colocar em risco os ecossistemas nativos dos Açores", são outras das medidas propostas pela SPEA,

 
As aves de rapina, rapinantes, raptores ou aves predatórias são aves carnívoras que compartilham características semelhantes, como bicos recurvados e pontiagudos, garras fortes e visão de longo alcance. Assim, as rapinantes são aves ágeis na captura de seus alimentos: grandes artrópodes, peixes, anfíbios, pequenos mamíferos e pequenas aves. Mas cada rapinante está adaptada para caçar um tipo de animal, ou um certo grupo deles.
Variação do tamanho e forma de várias aves de rapina
 
Falconiformes - aves de rapina diurnas
Strigiformes - aves de rapina nocturnas

Ver também

Ave de rapina
Exemplo de rapinante (harpia)
Exemplo de rapinante (harpia)
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Super-reino: Opisthokonta
Reino: Animalia
Sub-reino: Eumetazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Infrafilo: Gnathostomata
Superclasse: Tetrapoda
Classe: Aves
Famílias


 que defende ainda a proibição do uso de cartuchos carregados com projéteis de chumbo na região.

 Ver a imagem de origem

"É hoje reconhecido que as munições com chumbo devem ser banidas porque contaminam os recursos hídricos e são responsáveis pela morte de aves aquáticas", salienta o comunicado.
"Impedir a caça nas imediações dos trilhos pedestres classificados, permitindo o seu usufruto em qualquer altura do ano e da semana", acrescenta ainda o parecer da SPEA.
Na proposta de Decreto Legislativo Regional, o executivo açoriano justifica que o processo de revisão do regime jurídico da gestão dos recursos cinegéticos procurou ajustar os processos e meios de caça, tendo em conta a experiência dos últimos anos, e em resultado do aumento do conhecimento das espécies.
Além disso, da análise a esse regime "conclui-se que o mesmo se encontra desajustado face à evolução que se tem vindo a verificar em matéria de gestão dos recursos cinéticos e do exercício da caça numa região", sustenta a proposta.