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8.1.23

PORTUGAL CONTINENTAL. QUASE FINDA A SECA METEOROLÓGICA .

 Boletim Climatológico Mensal – Dezembro 2022 2|21

 
Resumo Mensal

 
Resumo Extremos

 
VALORES EXTREMOS (00-24 UTC) – DEZEMBRO 2022
Menor valor da temperatura mínima do ar -4.8 °C em Lamas de Mouro, dia 04
Maior valor da temperatura máxima do ar 25.5 °C em Aljezur, dia 27
Maior valor da quantidade de precipitação em 24h 110.6 mm em Lisboa/G. Coutinho, dia 13
Maior valor da intensidade máxima do vento (rajada) 119.5 km/h em Fóia, dia 11
Dezembro – Extremamente Quente e Muito Chuvoso

 
O mês de dezembro de 2022 em Portugal continental classificou-se como extremamente quente em relação à
temperatura do ar e muito chuvoso em relação à precipitação 

 
Dezembro mais quente dos últimos 92 anos. O valor médio da temperatura média do ar, 12.72 °C foi
2.76 °C acima do valor normal.
Temperatura mínima do ar: valor médio, 9.58 °C, muito superior ao valor normal com uma anomalia
de +3.53 °C, sendo o 2º valor mais alto desde 1931 (mais alto em 1989, 9.99 °C).
Temperatura máxima do ar: valor médio, 15.87 °C, superior ao valor médio com uma anomalia de
+ 1.99 °C, sendo o 2º valor mais alto desde 1931 (mais alto em 2015, 16.21 °C).
Durante o mês: registaram-se valores de temperatura do ar acima do valor médio mensal, em especial
a temperatura mínima, que esteve quase sempre acima do valor normal, exceto nos primeiros 4 dias
do mês, sendo de salientar os períodos de 12 a 14 e 19 a 25 e 29 e 30 com desvios superiores a 5.0 °C
e acima do valor normal da temperatura média do ar. No dia 13 foram ultrapassados os anteriores
maiores valores da temperatura mínima do ar em cerca de 60% das estações da rede IPMA.
Precipitação total: 250.4 mm que corresponde a 174 % do valor normal, sendo o 2º valor mais alto
desde 2000 (mais alto em 2000, 311.5 mm). Valores da quantidade de precipitação superiores aos
deste mês ocorreram em 10 % dos anos, desde 1931.
Durante o mês ocorreram episódios de precipitação intensa, em particular nos dias 4 e 5, 7 e 8, 12 e 13
e nos últimos dias do mês, com ocorrência de inundações e cheias em vários locais do território.
Percentagem de água no solo: aumento muito significativo,

Final de um dia no Inverno. Foto de minha autoria.

 

da percentagem de água no solo,
atingindo-se a capacidade de campo em quase todo o território, exceto nalguns locais do Baixo
Alentejo e Algarve e pontualmente no Alto Alentejo.
Seca meteorológica: Diminuição significativa da situação de seca meteorológica, terminando em
praticamente todo o território; apenas alguns locais da região interior Sul ainda se encontram em seca
fraca (apenas 6% do território).



Boletim Climatológico Mensal – Dezembro 2022 3|21
Condições Meteorológicas
Tabela 1 - Resumo Sinóptico Mensal
Dias Regime Tempo
1 a 16,
19 e 20, 24 a 26,
28, 29 a 31
Sistema de baixas pressões ou regiões depressionárias complexas. Aproximação ou
passagem de superfícies ou ondulações frontais, por vezes associadas a vales em altitude.
Linhas de instabilidade.
Anticiclone localizado a oeste ou a norte do arquipélago dos Açores
Fluxo de sudoeste ou oeste.
17, 18,
21, 22, 23
Vasta região anticiclónica com vários núcleos abrangendo uma área entre o arquipélago
da Madeira, o norte de África e a Península Ibérica.
27 e 28 Anticiclone localizado a sudoeste do arquipélago dos Açores estendendo-se em crista até
à Península Ibérica.
O mês de dezembro evidenciou-se por vários episódios de precipitação nos dias 4 e 5, dias 7 a 9, dias 11
a 15, dias 19 e 20, dias 24 a 26 e dias 29 a 31, devido à persistência da passagem de sistemas ou
ondulações frontais, com o transporte de massas de ar quente e húmido e instável, alguns com elevados
conteúdos em água precípitável, num fluxo predominante de sudoeste ou por vezes de oeste. Estes
episódios de precipitação estiveram por vezes associados a vento forte, em especial nos dias 5, 7, 11, 12,
13, 19, 20, 24, 25, 30 e 31, com rajadas que pontualmente atingiram entre 90 e 120 km/h nas terras
altas. Destes eventos decorreram impactos significativos, realçando-se as inundações ou cheias em
alguns locais da região da Grande Lisboa e Vale do Tejo, do Algarve, do Alto Alentejo e do Minho e
Douro Litoral.
Destaca-se também a atividade elétrica atmosférica nos dias 4 e 5 (no Algarve), nos dias 7, 8 e 9 (nas
regiões Centro e Sul), no dia 14 (na região Sul e em alguns locais do vale do Tejo e ainda no litoral Norte
e Centro), no dia 20 (na região Sul), na tarde de dia 24 (entre a foz do rio Minho e Valença), no dia 26
(no litoral Centro) e no final de dia 31 (entre as Berlengas e Figueira da Foz). Ainda no dia 7 deu-se a
ocorrência de um tornado na região de Torres Novas (Riachos). Entre os dias 10 e 16, o território
continental esteve sob a influência de vários sistemas ou ondulações frontais, associados à circulação da
tempestade Efrain, por vezes com a passagem de linhas de instabilidade. A nebulosidade baixa
estratiforme foi frequente em alguns períodos. O nevoeiro ou neblina matinal foi mais frequente no
início do mês no nordeste Transmontano e na Beira Alta (até ao dia 3), tendo sido mais concentrado na
região da Grande Lisboa e Vale do Tejo no final do mês (nos dias 27 e 28). Pontualmente, também se
formou no rio Douro e Guadiana e foi disperso nas restantes regiões.
Neste período verificaram-se oscilações de temperatura aproximadamente entre 2 e 8°C. Destaca-se no
início do mês (até ao dia 5) uma descida de temperatura em especial nas regiões do interior Norte e
Centro com valores abaixo de zero (-5°C) da temperatura mínima, com a ocorrência de gelo e geada, na
sequência de um fluxo de leste temporário. Ainda relativamente às temperaturas mínimas foram
atingidos valores de 14 a 17°C na região Sul e em alguns locais do litoral Centro e Norte. Destacam-se
também os valores da temperatura máxima que alcançaram entre 20 e 24°C na região Sul