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20.6.17

A TRAGÉDIA DE PEDRÓGÃO GRANDE EM JUNHO DE 2017

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O FOGO DE PEDRÓGÃO GRANDE  VISTO DE BORDO DE UM CANADAIR    (Foto T.V. I. )

 

 

 Incêndio florestal de Pedrógão Grande em 2017

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.



Incêndio florestal de Pedrógão Grande em 2017
Imagem de satélite da NASA das nuvens de fumo sobre Portugal a 18 de junho de 2017.


Imagem de satélite da NASA das nuvens de fumo sobre Portugal a 18 de junho de 2017.
Informações
Local Pedrógão Grande, Leiria
Data 17 de junho de 201724 de junho de 2017
Área queimada 53 000[1] ha
Uso do solo áreas florestais e urbanas
Vítimas mortais 64 mortos
Feridos 254 feridos (7 graves)[2]
Motivo Trovoada seca
Coordenadas 39° 57' N 8° 14' O
Mapa
Localização em Portugal.


O incêndio florestal de Pedrógão Grande deflagrou a 17 de junho de 2017 no concelho de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, em Portugal, tendo alastrado aos concelhos vizinhos de Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Ansião e Alvaiázere (também distrito de Leiria); ao concelho da Sertã (distrito de Castelo Branco); ao concelho de Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e ao concelho de Góis (Coimbra).[3]

O desastre é o maior incêndio florestal de sempre em Portugal,[1] o mais mortífero da história do país[4] e o 11.º mais mortífero a nível mundial desde 1900.[5]

Um balanço provisório contabilizou 64 mortos (63 civis e 1 bombeiro voluntário — Gonçalo da Conceição Correia — de Castanheira de Pera) e 254 feridos (241 civis, 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana), dos quais 7 em estado grave (4 bombeiros, 2 civis e 1 criança).[6]


Entre as vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido nos automóveis e 17 nas suas imediações durante a fuga ao incêndio. O incêndio também arrasou dezenas de lugares.[2][7][8]


A causa apontada pelas autoridades foi trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40 graus Celsius) e vento muito intenso e variável, fez deflagrar e propagar rapidamente o fogo.[9] 

 No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que este incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a perceção de alguns habitantes de Pedrógão Grande, o fogo já estaria ativo duas horas antes da altura em que ocorreu a trovoada seca nesta zona.

 A Procuradoria-Geral da República confirmou que o Ministério Público está a investigar as causas do incêndio.[10]

Como resposta à catástrofe, o governo de Portugal decretou três dias de luto nacional, de 18 a 20 de junho de 2017, enquanto várias autoridades internacionais enviaram mensagens de solidariedade.[11]

 

Índice

 

Eventos

O incêndio na região de Pedrógão Grande, a 18 de junho.
Em 2014 e 2015, Portugal registou relativamente poucos incêndios florestais.[12] No ano de 2016, o país foi severamente atingido por eventos deste tipo, que consumiram mais de cem mil hectares apenas no seu território continental.[13]

Uma intensa onda de calor precedeu os incêndios de 2017, em Pedrógão Grande, com muitas áreas de Portugal registando temperaturas acima de 40 °C (104 °F).[14][15] Durante a noite de 17–18 de junho, iniciaram-se um total de 156 incêndios em todo o país, particularmente nas áreas montanhosas a 200 km (124 mi) a norte-nordeste de Lisboa.[16][17] Os iniciais começaram na vila de Pedrógão Grande e espalharam-se dramaticamente.[18]

As trovoadas secas precederam o evento e inflamaram alguns incêndios.[19][20] O diretor nacional da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, afirmou que a Polícia, juntamente com a Guarda Nacional Republicana (GNR), descobriu a árvore que terá sido atingida por um raio, dando início ao fogo.[21][22]

 Rodrigues também descartou que o incêndio tenha origem criminosa.[23]

Mais de metade da região do Pinhal Interior Norte, que abrange Pedrógão Grande, estava ocupada por plantações de eucaliptos (Eucalyptus),[24] cujo óleo é altamente inflamável, e de pinheiro-bravo (Pinus pinaster).[25][26]

 O Jornal de Leiria escreveu: "a ajudar a violência do fogo pode ter estado a natureza do coberto vegetal da região, composto por mais de 90% de eucalipto, o baixo teor de humidade do dia de ontem e as altas temperaturas que, mesmo durante a noite, ainda se mantêm."[27]

No dia 20 de junho, uma das frentes ativas do incêndio de Pedrógão Grande confluiu com a frente principal do incêndio de Góis (distrito de Coimbra) e formou uma frente de fogo única com 58 km de extensão,[28] o que levou à evacuação de 27 aldeias.[29]

  Vários meios foram concentrados em Góis, contando com cerca de 1 000 bombeiros e 7 meios aéreos no combate às chamas.[30] Na noite de 20 de junho mantinham-se 7 frentes ativas no incêndio de Góis.

No dia 21 de Junho o incêndio de Pedrogão Grande foi dado como dominado, vindo a ser declarado extinto dia 24 de Junho.[31]

 O incêndio de Góis foi dominado no dia 22 de Junho e declarado extinto igualmente no dia 24 de Junho.[32] Ambos os incêndios, com múltiplas frentes que alastraram a diversos concelhos, lavraram durante uma semana, de 17 de Junho a 24 de Junho de 2017.

 

Vítimas e danos


Automóveis destruídos pelo incêndio.


Pelo menos 64 pessoas morreram nas aldeias ou estradas do concelho de Pedrógão Grande.[33][34][35][36] Outras 204 pessoas ficaram feridas, incluindo doze bombeiros; sete pessoas — cinco bombeiros e uma criança — ficaram em estado crítico.[37][2][23]


A maior mortalidade ocorreu na estrada nacional 236-1, numa zona florestal entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, onde 47 pessoas morreram dentro dos seus carros ou perto deles, quando um incêndio atingiu a área. 30 delas morreram presas no interior dos seus veículos enquanto as outras 17 morreram nas proximidades, ao tentarem escapar a pé.[38]

  Uma pessoa morreu atropelada.[39] Apesar de a causa da morte de 30 pessoas ter sido atribuída a carbonização, especialistas dizem que a verdadeira causa da morte poderá ter sido a inalação de fumos e que essas mesmas pessoas só teriam sido carbonizadas muito tempo depois de terem falecido.[40]


Esta é a catástrofe mais mortal, desde 1989, em Portugal, ano em que ocorreu o acidente aéreo do voo Independent Air 1851, nos Açores, vitimando 144 pessoas.

Tratou-se, igualmente, da catástrofe natural mais mortífera sucedida no território português desde as cheias ocorridas na Madeira em 2010 e o evento com mais vítimas mortais no mesmo território desde o desastre áereo de 1989 na ilha de Santa Maria.[41]

 Também foi o incêndio florestal mais mortal na história de Portugal e um dos três maiores da Europa, consumindo mais de trinta mil hectares de floresta.[1][33][34]


Na tarde de 20 de junho, chegou a ser noticiado que um dos aviões Canadair que combatiam o incêndio ter-se-ia despenhado em Ouzenda,[42] algo que, quando questionado, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, não pôde confirmar.[43]


Mais tarde, a Autoridade Nacional de Proteção Civil desmentiu as notícias que davam conta da queda do avião, atribuindo os relatos de algumas testemunhas à explosão de uma bilha de gás numa rulote.[44]

 

Reações

O primeiro-ministro António Costa chamou o desastre de "a maior tragédia dos últimos anos em relação a incêndios florestais", enquanto o Conselho de Ministros decretou três dias de luto nacional, a contar a partir de 18 de junho.[45][46]

 Visivelmente abalado, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou a Pedrógão Grande na noite 17 de junho e encontrou-se com sobreviventes evacuados para Leiria.[47]


Mais de 1 700 bombeiros foram mobilizados para combater os incêndios em todo o país, 800 deles apenas em Pedrógão Grande.[48]

  Muitas pessoas foram evacuadas para a vizinha Ansião, onde os residentes lhes forneceram abrigo.[49]

 O fumo de baixa suspensão impediu que os helicópteros pudessem oferecer apoio, prejudicando os esforços de combate ao incêndio. Alguns sobreviventes criticaram a resposta, que consideraram inadequada do Governo, alegando que, horas depois de o incêndio ter começado, ainda não teriam sido ajudados por nenhum bombeiro.[17][18]


A Comissão Europeia acionou o Mecanismo de Proteção Civil para prestar auxílio a Portugal, enquanto França, Itália e Espanha enviaram meios aéreos de bombardeio de água ao país.[50][51]


 O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, afirmou que a comissão poderia comparticipar até 95% das despesas de recobro e reconstrução necessárias, na sequência do acontecimento.[52]

 O Reino de Marrocos também enviou um meio aéreo de combate a incêndios.[53] Além de aviões de combate a incêndios, a Espanha enviou também meios terrestres e cerca de 200 bombeiros.[54]


Em Roma, o Papa Francisco orou e pediu que se rezasse pelas vítimas e pelo povo português durante a oração do Angelus.[55]

Diversos outros líderes internacionais enviaram as suas condolências a Portugal, incluindo:

Emmanuel Macron, presidente da França; Mariano Rajoy, primeiro-ministro de Espanha e os reis de Espanha, Filipe VI e Letícia; a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel e o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier; Xi Jinping, presidente da China;[56] Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá;[57] Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia; Prokópis Pavlopoulos, presidente da Grécia e Aléxis Tsípras, primeiro-ministro da Grécia;[58] Paolo Gentiloni, primeiro-ministro de Itália; Stefan Lofven, primeiro-ministro da Suécia;[59] Michel Temer, presidente do Brasil; Francisco Guterres, presidente de Timor-Leste;[60] Evaristo Carvalho, presidente de São Tomé e Príncipe;[61] Jorge Carlos Fonseca, presidente de Cabo Verde;[62] José Mário Vaz, presidente da Guiné-Bissau;[63] José Eduardo dos Santos, presidente de Angola;[64] Fernando Chui Sai-on, Chefe do Executivo de Macau;[65] entre outros.[66][67]


Também diversos líderes de instituições europeias e mundiais enviaram os seus pesares e palavras de coragem a Portugal e ofereceram ajuda no que lhes fosse possível, incluindo: António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas; Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia; Gianni Infantino, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA).[68]