A Política Como um Jogo
Desde o início, tudo não passou de um jogo político. Cada partido aposta suas cartas visando apenas a sua sobrevivência – não o interesse nacional. Montenegro e Ventura foram colegas e apoiaram-se mutuamente no passado mas agora lutam por espaço. O PSD quer o desaparecimento do CHEGA para recuperar o seu eleitorado; o CHEGA quer retirar o PSD da governança.
Infelizmente, muitos cidadãos seguem validando seus líderes apontando apenas os erros dos adversários. É por isto que não melhoramos enquanto país. O que é errado num indivíduo, tem de ser errado no outro. Esse culto ao líder, presente em ambas as partes, é assustador e condena-nos a esta miséria permanente.
Conclusão
Perdeu-se, por luta de egos (e aqui incluo toda a direita parlamentar), uma oportunidade única de alavancar o país porque, nos programas destes partidos, há muitas linhas comuns. Examinando as propostas fiscais (João Cruz Ferreira, in Observador), constatamos que:
- Os três defendem a simplificação do sistema fiscal e a redução de impostos, permitindo que famílias e empresas tenham mais rendimento para investir e pagar melhores salários.
- Na habitação, propõem a redução de impostos sobre a propriedade e o aumento da oferta através da agilização dos licenciamentos urbanísticos e da colocação de imóveis públicos no mercado.
- Na saúde, favorecem a integração dos setores público, social e privado, além do regresso das Parcerias Público-Privadas (PPP).
- Na justiça, subscrevem uma reforma que visa a desburocratização, a celeridade processual e a regulamentação do lobbying.
- Na educação, defendem a liberdade de escolha e a complementaridade entre os setores público e privado.
Entre PSD e CHEGA, há AINDA diversos pontos em comum, como a defesa da família, da identidade nacional, da imigração controlada e do senso comum contra o progressismo social radical. Já pensaram que se houvesse adultos na sala, o quanto o país sairia beneficiado?
Todos os partidos de direita têm seu valor e não deveriam ser subestimados. No entanto, enquanto a esquerda mantém um bloco coeso e preserva o respeito mútuo, sem se combaterem, a direita frequentemente se vê em disputas internas medonhas, enfraquecendo-se, tentando inclusive, eliminar seus pares, ao invés de se fortalecer. Esse comportamento é, sem dúvida, um erro estratégico nada inteligente que compromete a sua eficácia. Perdoem-me a sinceridade.
Nota final: A ironia de tudo isso é ver Pedro Nuno Santos, que nunca deu explicações sobre a TAP, e o Presidente da República, envolvido no caso das gémeas, exigindo explicações de Luís Montenegro. O Parlamento, definitivamente, é um circo—sem nenhuma credibilidade. +
* Breve extrato de um extenso texto publicado no Blog " Blasfémias "