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15.1.14

AQUI RESIDE O AMOR



                                      Tua frieza aumenta o meu desejo:
                              fecho os meus olhos para te esquecer, 
                               Mas quanto mais procuro não te ver,
                              Quanto mais fecho os olhos mais te vejo.


                             
                              Humildemente, atrás de ti rastejo,
                              Humildemente, sem te convencer,
                              Enquanto sinto para mim crescer
                              Dos teus desdéns o frígido cortejo.


                             
                              Sei que jamais hei-de possuir-te, sei
                              Que outro, feliz, ditoso como um rei,
                              Enlaçará teu virgem corpo em flor.


                              Meu coração no entanto não se cansa:
                              Amam metade os que amam com esperança,
                              Amar sem esperança é o verdadeiro amor. *

 

Ver a imagem de origem
 
                                                              
*  « Ao recordar estes versos de Eugénio de Castro julgo ter entendido o quanto ele deve ter sentido.Ao longo da vida a alguns jamais se coloca a questão.

A Outros, no entanto,surge até inesperadamente.Quando se encontra alguém nos caminhos tortuosos da vida e esses caminhos estão a ser percorridos a dois ou seja quando ambos são comprometidos com outrem,que fazer?

 Distinguir a amizade e nada mais !!!?

 Porém muito difícil é a partir de certos olhares, certos sorrisos,certos gestos manter essa diferença.

Aqui reside a arte, chamemos-lhe arte menor se quisermos, de saber parar.Mas, a partir de um determinado patamar é difícil, senão impossível.


O « artista » fica preso para toda a vida aquela imagem ou a um modelo que nunca pintou ou esculpiu.

 Será o seu tormento até ao fim dos dias.Apenas a ilusória esperança que nesses mesmos caminhos o destino esse grande e enigmático autor conceda de novo uma paragem, um abrigo, em que dois desses quatro viajantes parem para conversar.

E que os outros dois alheios a essa paragem sigam apressados e despreocupados como até ali.No entanto ao fim da pausa urge seguir em frente.

 Falaram tudo os retardatários?
 Só o destino o dirá! »*


*Texto de; Fernando José Teresa Pessoa.
   Poema; Eugénio de Castro.