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6.3.14

ANGOLA C.P.L.P.


Editorial do "Jornal de Angola" sobre o Acordo Ortográfico

Do Prof. Miguel Mota

Património em risco

"Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda.

A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma
indústria editorial mais pujante.

Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige.
Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às "leis do mercado". Os afectos não são transaccionáveis. E a língua, que veicula esses afectos, muito menos.
  Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do Século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito "Vamos Descobrir Angola", deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única.Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português. Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o
nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas Línguas Nacionais. Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas, mesmo na origem, existiu a via erudita e a via popular.
Do "português tabeliónico" aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas.
Intelectuais de todas as épocas cuidaram dela com o mesmo desvelo que se tratam as preciosidades.
Queremos a Língua Portuguesa que brota da gramática e da sua matriz latina. Os jornalistas da Imprensa conhecem melhor do que ninguém esta realidade: quem fala, não pensa na gramática nem quer saber de regras ou de matrizes. Quem fala quer ser compreendido. Por isso,quando fazemos uma entrevista, por razões éticas mas também técnicas, somos obrigados a fazer a conversão, o câmbio, da linguagem coloquial para a linguagem jornalística escrita. É certo que muitos se esquecem deste aspecto, mas fazem mal. Numa entrevista até é preciso levar aos destinatários particularidades da linguagem gestual de entrevistado.
 Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado.
Mas, se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios. E também não podemos
demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português. Neste aspecto, como em tudo na vida, os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos. Nunca descer ao seu nível. Porque é batota! Na verdade, nunca estarão a
 esse nível e vão sempre aproveitar-se social e economicamente por saberem mais. O Prémio Nobel da Literatura, Dário Fo, tem um texto fabuloso sobre este tema, que representou com a sua trupe em fábricas, escolas, ruas e praças. O que ele defende é muito simples: o patrão é patrão porque sabe mais palavras do que o operário! Os falantes da Língua Portuguesa que sabem menos, têm de ser ajudados
a saber mais. E quando souberem o suficiente vão escrever correctamente em português.
Falar é outra coisa. O português falado em Angola tem características específicas e varia de província para província. Tem uma beleza única e uma riqueza inestimável para os angolanos mas
também para todos os falantes. Tal como o português que é falado no Alentejo, em Salvador da Baía ou em Inhambane tem características únicas. Todos devemos preservar essas diferenças e dá-las a conhecer no espaço da CPLP. A escrita é "contaminada" pela linguagem coloquial, mas as regras gramaticais, não. Se o étimo latino impõe uma grafia, não é aceitável que, através de um qualquer acordo, elaseja simplesmente ignorada. Nada o justifica. Se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU,devemos, antes do mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque
do difícil comércio das palavras."

Créditos da Imagem de " Jornal de Angola " netpaper.com

DEUSES E DIVINDADES ( V I I )





 Heróis deificados e Semideuses - eram as divindades de terceira ordem; como Hércules, Polux , Esculapio                                                       etc.:
 
  Aqui se compreendem os deuses Indigetes  ( inde, isto é , e terra geniti ) como Quirino ( Romulo deificado ) e alguns imperadores, que a superstição, lisonja e subserviência dos romanos no tempo do império colocaram no numero dos deuses.

Virtudes , vicíos , misérias da vida , e outros objectos ideais, que a idolatria consagrou por necessidade, terror, ou como meros simbolos, formavam as divindades de quarta ordem.

Deuses Celestiais ( superi ) e Infernais ( Inferi ) - Havia diferença no culto a estas divindades. Aos primeiros erigiam-se três altares, oferecia-se incenso e vinho, dirigindo-lhes três vezes a palavra , e as vitimas eram brancas e em número impar ; Aos segundos erigiam-se dois altares, oferecia-se leite , invocando-se duas vezes ; e as vítimas eram negras , e em número par.

Comuns - eram  Marte , Belona  e Vitória ; assim chamados , porque na guerra podiam favorecer ambas as partes beligerantes.

  Averruneos - Eram divindades malfazejas, a que se rendia culto só para afaster os males que podiam fazer. A principal era o deus Averruneo, a que se devem juntar o Medo , Palidez , Febre , Tempestade , Calúnia,  Pobreza , Inveja , etc...

Geniais - Eram todas as divindades que representavam a natureza ; como a  Terra , Ar , Água ,Fogo , princípios elementares, os doze signos ou constelações zodiacais, o Sol, a Lua e outros.

Litoraiseram  Glauco , Panope , Melicerta , etc... a quem se faziam votos e sacrifícios para se obter próspera navegação.

 Marinoseram  Neptuno , Nereo , Oceano , etc. Eram representados sob a figura  de velhos com cabelos brancos , em alusão  à  espuma do mar ; e alguns terminando em peixes como os  Tritões.

 Viaes  - presidiam aos caminhos, e eram particularmente ivocados por aqueles que tinham de fazer viagens. Eram  Apolo , Minerva , Mercúrio , Baco , e Hércules ; cujos bustos os romanos punham ordináriamente sobre colunas ao longo das grandes estradas .



https://sites.google.com/site/msbakkesreadingroom/_/rsrc/1490736378924/greek-roman-mythology-scavenger-hunt/greek-gods-vector.jpg

VII  - CULTO A DIVINDADES

  Eram estas divindades a , a Esperança, a Pudicicia ou Pudor ( de que havia em Roma duas divindades, uma a Pudicicia das patricias, e a outra a Pudicicia das plebeias ) a Amizade, e Pallor ( Palidez ), o Pavor, etc.

  As referidas divindades, e todas as demais que por brevidade se omitem, formavam diferentes classes, segundo o capricho dos que as fantasiaram, ou o grau de culto que mereceram aos seus adoradores; e são os seguintes:


  CONSENTES

( quase consentientes ) - Formavam o conselho de Jupiter, eram os celestes e grandes deuses 
 ( Dii majores, ou majorum gentium ) como Jupiter, Marte, Mercúrio, Neptuno, Vulcano, Apolo, Juno, Vesta, Minerva, Ceres, Diana e Vénus.

  SELECTOS - 

 Estes eram algumas vezes contados no numero dos grandes deuses, e associados aos  consentes; como Jano, Saturno, Genio, Plutão, Bacho, e Rhea ou Cibele.


 CONSCRITOS -

 Eram os deuses de segunda ordem ( dii minores ou minorum gentium ) como Pan, Pomôna, Flora, Pallas, e outras divindades campestres.