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24.2.19

A LAVOURA

" Os nossos lavradores, nos perdidos casais disseminados pelas serras, vivem completamente ao abandono, sujeitos à ruindade dos bichos e à aleivosia dos outros homens. Para ter a companhia do cão, seu fiel amigo, carecem de munir-se de uma licença e esportularem uns escudos; para se defenderem com energia da violência dum assalto, não lhes deixam ter em casa uma passarinheira, a não ser à custa de numerosa papelada e cara.

A LAVOURA  ( foto de J.P.L. )
   Logram vaidade de chamar sua a uma nesga de terra mais ou menos larga, logo têm à porta a bilheta da respectiva décima.
   Para amanho das suas terras, precisam de gado, que também é contribuido e de carro; embora este seja ainda hoje do tipo romano, sobre ele  incidem também licenças e taxas, muito actuais.
   Suam as estopinhas para arrancar da terra bravia algum fruto, logo vem a obriga de o declarar e não comer dele o que lhe aprouver, porque lho racionam. Se tem algum para vender, não são eles  que avaliam o preço daquilo que regaram com o suor do seu rosto, porque lhos tabelam, nem sempre com louvável equidade. (...)

Extrato de um texto da autoria de Tancredo, publicado na revista Gazeta das Aldeias no seu nº 2086 no dia 1 de maio de 1946. Há, portanto setenta e três anos.

 
Óleo S / Tela
Dimensões. 70 X 60
Autor. J.P.L.