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6.1.15

A RAPOSA E AS UVAS

Raposa matreira
Foi pôr-se debaixo
D'erguida parreira,
Co'os olhos num cacho
Das uvas mais bellas,
Contando com ellas;
Armou-lhes tres pulos,
Porém autos nullos,
Que não lhes chegou:
De novo saltou,
Mas teve igual sorte;
Buscando outro norte
Num ar de desdem,
A RAPOSA E AS UVAS

Torcendo o nariz
Com gestos de quem
Por más, não as quiz,
Foi pernas mettendo
Com lepido passo,
E disse, entendendo
Qu'as outras a ouvião:
« Estão em agraço,
«Nem  cães as comião. »
Ha muitos humanos
Que seguem taes planos;
Por cousas se empenhão
Que sofregos querem,
E d'ellas desdenhão
Se não lh'as conferem. *

* ( Semmedo )

Obs. Mantive, como está bom de, ver a grafia original deste texto editado no livrinho. " Exercicios Preparatorios de Composição " editado em Lisboa no mês de Fevereiro de 1881.

Seu Autor. Carlos  Claudino  Dias