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Significa este termo o padrão meteorológico que A região centro ( parte ) e todo o sul do País estão a atravessar.
Custa a compreender tantos dias seguidos sem que se perspective a imagem dos campos bem abastecidos de água assim como as ribeiras, rios e barragens.
Muitas vezes ouvimos falar na palavra “Anticiclone”, muitas vezes
“Anticiclone dos Açores”, mas na verdade o que é um anticiclone, e
porque damos o nome “Anticiclone dos Açores”?
Respondendo à primeira pergunta, um anticiclone é um centro de altas
pressões, com circulação do vento na direção dos ponteiros do relógio no
Hemisfério Norte, devido à força inercial de Coriolis (https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a_inercial_de_Coriolis), em que o ar desce, inibindo a formação de nuvens.
É o contrário de uma “depressão” ou “ciclone”, daí o nome, anticiclone.
Anticiclones geralmente causam tempo seco, e dependendo do seu
“centro de ação” ou onde estão localizados, podem causar tempo muito
calmo, com formações de nevoeiros, ventos fracos\nulos que levam a
acumulação de poluentes, e em geral tempo mais quente durante o dia e
mais frio durante a noite (Nem sempre).
E O ANTICICLONE DOS AÇORES, O QUE É?
O anticiclone dos Açores é, como o nome indica, um anticiclone que
normalmente está localizado perto dos Açores, nas latitudes
sub-tropicais, daí a sua designação.
Geralmente no Verão move-se para perto da Península Ibérica, muitas
vezes “em crista” até ao Reino Unido, causando tempo seco não só na
Península Ibérica, como também no Reino Unido.
À medida que o Inverno se aproxima, este sistema de altas pressões
permanente\semi-permanente geralmente move-se mais para Sul dos Açores,
deixando assim as depressões de Inverno descer em latitude e influenciar
a península Ibérica.
Este sistema de altas pressões causa geralmente no Verão tempo seco,
quente, dependendo da sua posição pode causar as “Nortadas” no litoral,
ou seja vento forte de Norte, e por vezes nevoeiros.
No Inverno a persistência do anticiclone na Península Ibérica causa
tempo seco, obviamente, mas também pouco vento, e por essa razão
acentuado arrefecimento noturno, geadas e nevoeiros persistentes em
alguns locais.
As temperaturas diurnas geralmente são agradáveis, com as noites geralmente mais frias.
COMPORTAMENTO ANORMAL DO ANTICICLONE:
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS?
Por vezes, tal como neste Inverno de 2019, e também no Inverno
anterior de 2018, o anticiclone mostra uma permanência anormal perto da
Península Ibérica, causando secas.
Mas esta situação é normal, ou resultado de alterações climáticas?
Estudos comprovam que, de facto, o comportamento do anticiclone está a
mudar, ficando mais “forte” e com tendência de deslocamento para Norte,
e para Leste
Por essa razão os Invernos na Península Ibérica, em especial mais a
Sul, têm tendência a ser cada vez mais secos, e as previsões apontam
para que isso venha a agravar nos próximos anos *
Anticiclone (ou centro de alta pressão) é uma região de alta pressão formada pelo ar que se afunda, vindo de cima, sob influência de uma massa de ar descendente.
Esse ar, à medida que é forçado a descer, torna-se quente e seco, aspectos esses que são transmitidos à atmosfera. O ar seco proporciona então baixos índices de umidade relativa e impede a formação de nebulosidade e precipitação, fazendo com que os anticiclones sejam ligados ao céu sem nuvens.[1][2]
Devido ao movimento do ar ser descendente, o direcionamento do
vento é feito em espiral e com expansão em superfície, enquanto num ciclone o movimento é ascendente, em espiral e concentrado sobre a superfície.[2]
São maiores que os ciclones, que, em oposição, provocam tempestades.[1]
À medida que o ar flui a partir dos centros de altas pressões é deflectido pela força inercial de Coriolis de tal modo que os ventos circulam em volta dele na direção dos ponteiros de um relógio no hemisfério norte (e no sentido inverso no hemisfério sul) — a chamada direção anticiclônica.[2][3]
Podem ser percebidos nas representações de pressão sobre a superfície em cartas sinóticas, indicados num mapa por "A", através de uma ou mais isóbara delimitando uma área com maior pressão em relação a sua volta.[1][2]
Portugal vai atrasar os relógios uma hora na madrugada de
domingo, dando início ao horário de inverno, conforme indica o 'site' do
Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
Portugal vai atrasar os relógios uma hora na madrugada de domingo,
dando início ao horário de inverno, conforme indica o 'site' do
Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
Na Região Autónoma dos Açores, a mudança será feita à 01:00 da madrugada de domingo, passando para a meia-noite (00h00).
A hora legal voltará depois a mudar a 29 de março de 2020, marcando a mudança para o regime de verão.
O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.
Uma gota de água, para nós, nada representa; mas, para muitos seres, é um mundo maior do que este que habitamos.
Onde está o imenso e onde está o infinitamente pequeno ?
A Terra é um ínfimo ponto no sistema planetário e nós convence-mo-nos de que ela é enorme, e concebemos então que grande é o globo terrestre e pequeno, por exemplo, a ameba, um ser microscópico.
E tudo que é microscópico, como a ameba, ficou fazendo parte do nosso mundo como pequeno; e aquilo que é demasiado para compararmos com o nosso corpo ou com o planeta que habitamos, ficou sendo grande, como o elefante ou os espaços interplanetários.
Mas os métodos da Natureza não têm valores, nem conhecem limites; estes são estabelecidos pela mentalidade dos homens que arranjaram os números para exprimir o grande e o pequeno, mas que nada representam junto dos valores reais da Natureza.
Decorreu ontem, ao fim da tarde, na Igreja do Bairro Santana, bairro este situado na periferia de Cascais, um Concerto de música Sacra.
Foto. J.P.L.
Temas
Look at the world - John Rutter
In your arms - Tore W. Ass
Down to the river to pray - Ken Medema
Draw me close - Kelly Carpenter
We lift our hands - Tore W. Ass
Breathe - Marie Barnett
Avé Maria - Giullo Caccini
Thousand storms - Heather Sorenson
10.000 Reasons ( Bless the Lord ) - Matt redman
You Raise me up - Brenda Graham
Foto. J.P.l.
Novidade para alguns, não tanto para outros, poder-se à dizer que o evento atraiu ao local algumas dezenas de atentos espectadores e espectadoras, que, a avaliar pelo resultado final, não deram o seu tempo por mal empregue, como aliás era de esperar.
As opiniões eram, duma maneira geral ou até direi na totalidade, favoráveis e, também, as pessoas manifestavam-se já saudosas de uma próxima oportunidade.
Telejornal. Há 60 anos a dar notícias aos portugueses
O Telejornal fez a sua estreia faz esta sexta-feira 60 anos exatos. E o primeiro pivô era um jornalista
A
emissão desta sexta-feira do Telejornal é festa:
o formato noticioso
cumpre 60 anos com uma emissão especial entre as 20:00 e as 22:00,
conduzida por José Rodrigues dos Santos e João Adelino Faria. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa é um dos convidados.
O Telejornal é,
segundo a estação pública, a principal marca da empresa depois da
própria RTP. Nasceu a 18 de outubro de 1959. Esta é a sua história:
-
Quase três anos depois da primeira emissão experimental, em setembro de
1956, e do início das emissões regulares a 7 de março de 1957, começava
o Telejornal.
Foi a 18 de outubro de 1959 e os apresentadores foram Mário Pires, do Diário de Notícias, e Alberto Lopes, de O Século. Era uma novidade. Pela primeira vez, o espaço noticioso era conduzido por dois jornalistas profissionais.
- O primeiro de todos os Telejornal,
ainda a preto e branco, tinha duas edições diárias: uma de meia hora e
outra de 10 minutos no final da emissão, por volta das 23:30.
- O nome do Telejornal, que se mantém e nunca mudou ao longo de 60 anos, foi inspirado no Telegiornale da televisão italiana, como lembrou ao DN Vasco Hogan Teves, chefe de redação da RTP em 1957, por ocasião dos 50 anos da emissão.
-
Porém, a novidade de ter dois jornalistas na condução do espaço
informativo não foi bem acolhida.
Pouco tempo depois, eram substituídos
por locutores do quadro da RTP como Fernando Balsinha (1948-2003) e José Fialho Gouveia (1935-2004),
que, em última hora, deram a conhecer as movimentações dos militares no
25 de abril e a rendição do governo de Marcelo Caetano que entregou o
comando ao Movimento das Forças Armadas. "A partir deste momento, o Movimento das Forças Armadas controla totalmente a rede emissora da Rádio Televisão Portuguesa", informou Balsinha.
A Informação que, em 1969, e não considerando o desporto, emitiu 421
h. de programas (total do ano: 3 166 h. 35 m.), indo o destaque,
naturalmente, para o Telejornal que se viu enriquecido – e já era tempo
que isso sucedesse! – com o serviço de troca de notícias da Eurovisão
(conhecido sob a sigla EVN) que é, nem mais, uma bolsa informativa
constituída no âmbito da UER e para a qual convergem com as suas
contribuições (na forma de reportagem-actualidade) os organismos membros
activos e associados, incluindo agências noticiosas especializadas.
Quer isto dizer que, a partir da segunda quinzena de Junho,27
o Telejornal passou a dispor das imagens precisas para dar o
indispensável suporte visual aos acontecimentos do dia-a-dia no
estrangeiro com maior actualidade e melhor teor documental.
Até aí, essa
“ilustração” dependia dos filmes enviados pelas agências e que se
recebiam por via área; ou, na sua ausência, por imagens fixas,
geralmente telefotos, para o que a Redacção dispunha de equipamento de
recepção apropriado.
Com a troca diária de notícias via Eurovisão ao seu
alcance, o Telejornal da RTP conseguiu um considerável ganho de tempo
em relação aos acontecimentos.
As imagens recebidas a determinadas horas
do dia (precedidas de uma conferência telefónica com o coordenador UER,
em Genebra) eram gravadas em vídeo e neste trabalhadas para emissão.
Acontecimentos no cenário europeu tinham imagens certas no próprio dia
em que ocorriam. Algumas vezes, também as enviadas do continente
americano chegavam a boas horas, após serem recepcionadas em Londres e
só depois injectadas na rede da Eurovisão.
Com a abertura de uma
delegação da UER em Nova Iorque obtiveram-se ainda melhores resultados. O
material proveniente da troca de notícias tornou-se pois, um elemento
imprescindível nos alinhamentos do Telejornal.
E, graças à presença da
nossa Televisão nesse serviço da Eurovisão, passou a RTP a ter novas
possibilidades de colocar extra-fronteiras assuntos que, embora de
âmbito nacional, podiam merecer a atenção dos serviços noticiosos das
suas congéneres estrangeiras.
Bom exemplo dessas possibilidades foi o
facto de, no ano de 1969, a RTP ter enviado para a rede da Eurovisão
(para visionamento de milhões de espectadores de, praticamente, todos os
países que a integravam) quase tantos assuntos-imagens como os que, nos
5 anos anteriores, foram, por métodos menos rápidos e precisos,
divulgados no estrangeiro.
Edições normais e especiais do
Telejornal (bem como largos espaços em rubricas de informação não
diária, como “TV 7” e “Em Foco”) dedicaram especial atenção à primeira
visita de um chefe do Governo Português ao Ultramar (Guiné, Angola e
Moçambique), trabalho de que se ocupou uma equipa de enviados especiais
constituída por: Carlos de Melo, subchefe da Redacção; Adriano
Cerqueira, redactor; José Manuel Tudela e Sebastião Pinheiro, operadores
de imagem; João Lourenço, operador de som; e João Mendes, assistente.
João Terramoto, correspondente da RTP em Moçambique,
colaborou, também, nas reportagens.
Uma outra equipa da RTP, com o
realizador José Elyseu e o operador de câmara Silva Campos, produziu
alguns serviços especiais ainda relacionados com a presença do prof. dr.
Marcello Caetano em África. Mais tarde, uma nova visita do Presidente
do Conselho, dessa feita ao Brasil, foi reportada por novos enviados
especiais: Horácio Caio, redactor-chefe; António Ribeiro Soares,
redactor; Henrique Mendes, locutor; Pozal Domingues, Artur Moura e João
Rocha, operadores de imagem; João Lourenço, operador de som; e Sebastião
Fernandes, assistente.
Por ocasião das eleições para deputados à
Assembleia Nacional, em Outubro, a RTP projectou e consolidou uma
transmissão que fez frequentes apelos a intervenções em directo
(efectuadas a partir de um centro coordenador de operações, instalado na
sala de redacção da secretaria de Estado da Informação e Turismo) e a
sucessivas conexões Lumiar - exterior - Lumiar.
Houve, ainda, que
desdobrar a Redacção do Telejornal para que se desempenhasse das missões
confiadas nas duas frentes. Também equipas de reportagem actuaram em
todas as capitais de distrito do Continente, de modo a que o espectador
interessado pudesse seguir o acto eleitoral.
Pela primeira vez, e
com regularidade, começaram a ser utilizadas locutoras na apresentação
do Telejornal.
Já algumas vezes se havia recorrido a vozes femininas
para leituras “off” mas, raríssimas vezes, para intervenções “in”.
E
embora os locutores mais antigos, e experimentados, continuassem a ser
as presenças mais frequentes para a leitura das notícias, registe-se que
dois novos começaram a ser chamados a intervir nessa área: Raúl Durão e
José Côrte-Real.
Com o
surgimento do cinema, a iniciativa para filmar notas de tipo
informativo ficou latente, de tal modo que o primeiro filme produzido
foi a saída dos operários de uma fábrica, mostrando-se assim as
capacidades informativas do cinema como meio.
De tal modo, uma vez estabelecido tecnicamente, o cinema foi
transmissor de notícias. As primeiras companhias cinematográficas
estabeleceram diversos equipamentos para a confecção de noticiários em
filme (cinejornais),
que têm como característica a periodicidade e a multiplicidade - em
alguns casos - para "localizar" (tornar local) a informação, oferecendo
conteúdos de interesse para zonas específicas e sobretudo no idioma de
cada população.
Com a chegada da televisão e o final da II Guerra Mundial,
os noticiários de cinema foram gradualmente perdendo relevância. A
televisão prometia imediatismo em vários sentidos: a notícia em um
momento mais próximo e a localização em casa.
O primeiro evento televisivo noticioso foi no mês de agosto de 1928, nos Estados Unidos.
A emissora WGY transmitiu simultaneamente em rádio e TV (WGY, 2XAF e
2XAD) o senhor Al Smith, pré-candidato à presidência pelo Partido Democrata, aceitando a indicação oficial. Foi o primeiro sinal ao vivo (em directo) e o primeiro evento de notícias.
Nas origens, o jornalismo de televisão copiou o formato do rádio.
As primeiras notícias eram lidas diante da câmera, mas logo se notou a
importância do apresentador, que demonstrava o jornalismo através de sua
aparência, de sua expressão facial e de sua entonação. Algum tempo
depois, surgiram as imagens que, no início não possuiam som. Mais tarde,
os filmes passaram a ser sonoros, com a utilização de uma
câmara-gravadora. Logo depois, surgiu o video-teipe e a transmissão de
imagens via satélite, o que acelerou o ritmo das transmissões.
O telejornalismo no Brasil surgiu nos anos 50 com a TV Tupi, que
entra no ar com o papel exclusivo de apresentadora de espetáculos. Mais
tarde, Heron Domingues, o Repórter Esso do radiojornalismo,
transforma-se numa das maiores expressões do telejornalismo nascente.
Sem explorar imagens, o que fazia era rádio na televisão. Até o início
da década de 60, não existiam redatores e locutores no universo da TV.
Sem as imagens, sem redação própria e sem o recurso de câmeras, os
telejornais apostavam tudo no locutor. Alguns anos depois, alguns
telejornais adotaram novos formatos que duram até hoje, como por exemplo
o Jornal Nacional e Jornal do SBT.
Primeiro Centro de Interpretação da Natureza da Serra de Sintra abre quinta feira 17 de Outubro ( Ano de 2019 )
É o primeiro no parque
na região e vai ser inaugurado com várias visitas dos mais pequenos. Lá
dentro há viveiros, materiais didáticos e ferramentas digitais para ver
como era a área noutro tempo.
O primeiro Centro de Interpretação da
Natureza na serra de Sintra, distrito de Lisboa, vai ser inaugurado na
quinta-feira, às 10h30, para permitir aos seus visitantes recuar na
História e ver a evolução da região.“Através
de ferramentas digitais e materiais didáticos, será possível recuar
milhões de anos, embarcando numa viagem que atravessa os períodos mais
marcantes da História da região”, referiu, numa nota, a empresa pública
Parques de Sintra — Monte da Lua.
A viagem ao passado começa com a formação da serra de Sintra e
termina nos dias de hoje, “com uma paisagem única, integrada no Parque
Natural de Sintra-Cascais”.
O centro situa-se no Parque de Monserrate e é
dirigido essencialmente a escolas e a famílias com crianças, entre os 6
e os 12 anos. Durante todo o dia da inauguração, este novo projeto vai
ser visitado “por várias escolas do concelho”. “O objetivo é promover o
contacto com a natureza, a sensibilização ambiental e o conhecimento
sobre a fauna e a flora presentes nos ecossistemas únicos que
caracterizam esta região”, informou a empresa.
O centro tem também
um aquaterrário (tipo de viveiro) que “recria um ecossistema ribeirinho
do Parque Natural”, onde as crianças podem explorar e descobrir
“espécies aquáticas endémicas e ameaças, como a boga portuguesa”.
Os
visitantes podem ainda observar “um modelo de um carvalho-português,
decomposto em raiz, tronco e copa, que explica a biologia da árvore”.
Para
acolher o novo centro foram necessárias obras de requalificação globais
no edifício que era o ateliê de pintura de Francis Cook, bisneto do
primeiro visconde de Monserrate, datado de 1920.
O centro vai
estar aberto todos os dias e os preços individuais variam entre os cinco
euros (programa escolas) e os oitos euros (programa famílias).
Imagem. Internet LUSA. Texto: António Pedro Santos em 16 -10 - 2019
Terá existido nestes terrenos uma capela, essa anterior mesmo à reconquista de Sintra por D. Afonso Henriques,
e que marcaria a sepultura de um cristão-moçárabe que morrera a
combater um rico árabe que comandava a zona. Em 1540 o clérigo Gaspar
Preto mandou edificar uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate,
nesta altura a ermida e os terrenos circundantes pertenciam ao Hospital de Todos-os-Santos de Lisboa.
Em 1601 a propriedade é aforada à família Melo e Castro até 1718
quando é finalmente adquirida por D. Caetano de Melo e Castro,
comendador de Cristo e Vice-rei da Índia. Sendo a família residente em Goa a propriedade era mantida por caseiros, pelo menos até 1755 quando o violento terramoto deixou as casas inabitáveis.[1]
Em 1790 Gerad DeVisme (rico comerciante inglês, representante e
associado da firma DeVisme, Purry & Mellish, que conseguira do Marquês de Pombal
o monopólio do comércio das madeiras do Brasil) arrenda a quinta a Dona
Francisca Xavier Mariana de Faro Melo e Castro, tendo construído o
primeiro palácio, em estilo neogótico.
Demoliu ainda a capela do século XVI, tendo construído outra que viria a
ser aproveitada por Francis Cook para criar uma falsa ruína.
Será em 1793 que William Beckford arrenda a propriedade a DeVisme, investindo largamente no palácio mas mais ainda no melhoramento dos jardins.[2]
Só em 1856 e após várias décadas de abandono (tendo Beckford
deixado Portugal no final do século XVIII) é que a Quinta de Monserrate
sairia das mãos da família Melo e Castro, na pessoa de José Maria de
Castro, que retornavam de Goa e vendiam a quinta para construir uma
residência em Lisboa.
O comprador foi um milionário dos têxteis inglês, Francis Cook, herdeiro da Cook, Son & Co e marido da anglo-portuguesa Emily Lucas. O palácio foi desenhado por James Knowles
e os jardins foram alvo de intervenções pelo paisagista William
Stockdale, o botânico William Nevill, e James Burt, mestre jardineiro,
que passaria aliás o resto da sua vida em Monserrate.
Cook faz de Monserrate a residência de Verão da família recheando-o com
obras de arte da sua enorme coleção (hoje dispersa por inúmeros museus).[2]
Pensa-se que durante a construção terão trabalhado no palácio
mais de 2000 pessoas, 50 das quais empregues exclusivamente para a
jardinagem. Depois de terminadas as obras, os Cook empregam cerca de 300
pessoas para cuidar da casa, do parque e da família. Compram 13 quintas
confinantes (Quntas de S. Bento, da Infanta, da Cabeça, da Ponte
Redonda, da Bela Vista, de S. Tiago, de Pombal, das Bochechas, da Boiça,
Quinta Grande e Quinta Pequena) e ainda o Convento dos Capuchos
com a sua cerca tornando-se proprietários e empregadores de peso nas
terras circundantes, muito à semelhança do que acontecia nas casas de
campo inglesas.
Em virtude do trabalho e esforços que Francis Cook havia empregue na
reconstrução da quinta, assim como a construção de duas escolas
primárias (para os filhos do seu pessoal) em Galamares e Colares, casas e até um teatro, o rei D. Luís I concede-lhe o título de Visconde de Monserrate.
Em 1884 é lhe atribuído o título de Baronete
em Inglaterra, vivendo Sir Francis Cook até aos 84 anos. Até ao final
da sua vida passaria largas temporadas em Sintra, durante os meses de
Novembro, a maior parte de Abril, Maio e Junho. Durante o resto do ano a
casa ficava entregue a uma família de caseiros que se comprometia a
cuidar da residência.[3]
A propriedade ficará na posse da família Cook até 1947 quando Sir
Herbert Cook é obrigado a vender a quinta depois da família ter perdido
grande parte da fortuna na primeira metade do século XX. Nesta venda
perde-se o valioso recheio do palácio que se irá dispersar aquando do
leilão.[1]
Saúl Fradesso da Silveira de Salazar Moscoso Saragga (1894-1964),
comerciante de antiguidades de Lisboa, compra o palácio e irá vendê-lo
em 1949 ao Estado Português, que compra ainda 143 hectares da Tapada de
Monserrate. A Serra de Sintra, onde o palácio se localiza, é
classificada como Paisagem Cultural - Património da Humanidade pela UNESCO em 1995 e em 2010 iniciam-se as obras de recuperação do Palácio de Monserrate, agora aberto ao público.[4]
Palácio
O
edifício inicial construído por Gerad DeVisme era uma construção
alongada e rematada nos extremos por duas torres cilíndricas e cobertas
por telhados em forma de cone (sendo esta a estrutura essencial que se
manteve até hoje). Tratava-se de um castelo neogótico que sofreu
alterações de Beckford, tendo sido palco de numerosas festas.
Consegue
assim tornar-se o centro de uma elite de intelectuais que Beckford
reunia em seu redor. Um dos mais celebrados é George Byron, poeta anglo-escocês e figura do movimento Romântico, que em 1809 se referiria a Monserrate na sua obra "Childe Harold's Pilgrimage".
Sabe-se que por volta de 1840 o edifício original estava deixado
ao abandono, já se tinham dado furtos das coberturas de chumbo e alguns
dos tetos tinham desabado.
Em 1858 o novo proprietário Francis Cook contrata os serviços do
arquiteto inglês James Knowles para desenhar um novo palácio
aproveitando as fundações e alguns muros da construção que o antecedera
(alguns já com mais de cem anos).
A construção, que irá durar de 1863
até 1865, revela um gosto orientalista e eclético, com elementos marcadamente góticos
, indianos e árabes. No geral apresenta uma rigorosa simetria, marcada
ao centro por um conjunto de elegantes colunas que suportam a arcaria
neomedieval.[1] É contratado o empreiteiro inglês J. Samuel Bennet que viria a trabalhar com D. Fernando no restauro do Convento dos Jerónimos.[3]
No seu interior encontramos um Átrio octogonal formado por
arcos góticos e colunas de mármore rosa (com um conjunto de escadas que
sobe para os aposentos privados de Francis Cook), a Sala de Jantar, a Biblioteca com estantes de nogueira e uma belíssima porta em alto-relevo, a Capela, o Átrio Principal também ele octogonal e que apresenta uma fonte de mármore de Carrara de inspiração classicista, assim como painéis perfurados de Deli de alabastro
que funcionam como biombos esculpidos.
Este Átrio, encimado por uma
cúpula profusamente decorada com madeiras e estuque, encontra-se no
centro da Galeria que atravessa todo o palácio, da Torre Norte à Torre Sul.
Temos ainda a Sala de Bilhar, a Sala de Estar Indiana e por fim a Sala da Música,
salão de generosas proporções, excelente acústica e rica decoração.
Conta com uma cúpula em estuque um friso com representações das Musas e das Graças.
Galeria
Galeria
Cúpula do Atrio Principal
Biblioteca
Exemplo dos biombos de alabastro
Parque de Monserrate
O
parque desenvolve-se ao longo de 33 hectares e conta com diversos
jardins onde pode ser encontrada uma impressionante coleção botânica,
com exemplares de todo o mundo. A construção terá se estendido de 1863 a
1929, com um projecto geralmente atribuído a William Colebrook
Stockdale, pintor de paisagens de estilo romântico, ainda que este
apenas tenha trabalhado directamente no local em 1863, 1874 e 1875.[3]
Já em 1885 os jardins do Palácio de Monserrate eram referidos num artigo de duas partes no The Gardner's Chronicle (de Londres).
O Jardim do México localiza-se na zona mais quente e seca
da propriedade reunindo-se aqui plantas dos climas mais quentes como o
Taxódio-do-México, a Estrelícia-gigante (África do Sul), Búnia-búnia (Austrália) e Coquitos-do-Chile.
O Jardim do Japão alberga plantas asiáticas como Bambu, Camélia (Sudeste asiático), Teixo (Europa, noroeste africano, sudeste asiático), Figueira-das-Ilhas-Fiji e Ginkgo (Sudoeste da China).
O Vale dos Fetos apresenta diversos exemplares de
Fetos-arbóreos dispostos ao longo da encosta. Em 1867/1868 Doze fetos
arbóreos, cada um com cerca de 2.5 metros de altura, foram cortados nas
montanhas de Dandenong na Austrália e transportados (sem raízes nem
frondes) em caixas de pinho cheias com serradura húmida.
Estes
exempolares foram primeiro plantados no interior da ruína da capela,
tratados de modo a permitir a aclimatização e de seguida transplantados
para o vale. Dos primeiros doze fetos sobreviveram 8.[3]
Os Lagos Ornamentais possuem diferentes profundidades e
temperaturas distintas de modo a albergarem plantas aquáticas exóticas
contando-se como as mais importantes Papiros e Nenúfares.
Existe ainda um Roseiral com cerca de 200 variedades
históricas e cujo restauro foi concluído em 2011, altura em que foi
inaugurado por Sua Alteza Real o Príncipe de Gales e a Duquesa da Cornualha.
O parque é decorado por diversos elementos ao gosto romântico,
entre eles encontram-se alguns projetados por William Beckford, como a Cascata artificial (foi necessário desviar um ribeiro para a conseguir), assim como o Arco de Vathek, que partilha o nome com a personagem principal do famoso romance de Beckford, Vathek). Acredita-se ainda que o falso Cromeleque seja também ele obra de Beckford.
No que toca a estruturas edificadas destacam-se a falsa ruína de uma Capela,
da autoria de Francis Cook, ao gosto romântico da época e inspirada
pelas inúmeras ruínas de mosteiros e abadias no Reino Unido. No interior
da ruína encontrava-se ainda um sarcófago etrusco que se
encontra atualmente no Museu Arqueológico de S. Miguel de Odrinhas, em
Sintra.
Este fazia parte de um conjunto de três que foram adquiridos por
Cook à família Campanari por volta de 1860.[3]
Um Arco ornamental Indiano, comprado em 1857 por Cook a
Charles Canning, Governador-Geral da Índia, decora o Caminho Perfumado
que termina na entrada principal do palácio.
Na Casa de Pedra (edifício rústico cujo exterior é coberto
por pedras irregulares) funcionou uma carpintaria e uma vacaria, sendo
hoje a sede da Parques de Sintra - Monte da Lua, S.A.
Existe ainda um Atelier de pintura usado por Sir Francis Cook (1907-1978), bisneto do 1º Visconde de Monserrate.
Há 101 anos, um grande incêndio consumiu o Pinhal de Leiria.
Foi assim.
Em 1916, 150 hectares
de pinhal arderam em Leiria e levantaram dúvidas sobre as políticas de
proteção da floresta.
Cento e um anos depois, tudo parece repetir-se.
Na
época, foi assim que aconteceu.
Em 1916, Portugal tinha uma luta em mãos: o país, especialmente a região centro, estava constantemente a ser fustigada por incêndios de grandes dimensões.
Acácio de Paiva — poeta e jornalista leiriense que também contribuía
para jornais como o “Diário de Notícias” e “O Mensageiro” — dizia que
“os repetidos incêndios no pinhal de Leiria, a maior e melhor mata do
Estado, constituindo uma verdadeira riqueza natural, tem chamado a
atenção de toda a imprensa, que reclama, com os habitantes da região,
providências urgentes dos poderes públicos”.
E depois opinava: “Estes
ouviram as reclamações, mas triste foi que se tivessem de formular, porque remediar vale muito menos do que prevenir.“
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As perguntas que Acácio de Paiva assinava numa crónica da
Ilustração Portuguesa eram muito semelhantes às que hoje ainda se
formulam: “Serão [os planos para diminuir os incêndios] ao menos eficazes?
Conseguir-se-á uma vigilância suficiente e permanente? Não se voltará, passada a impressão da catástrofe, à indiferença do costume?
Será necessário fundar uma Sociedade dos Amigos do Pinhal de Leiria,
como se fundou a dos Amigos do Jardim Zoológicos, a dos Amigos do
Castelo de Leiria, a dos Amigos da Amadora, etc., e todas elas mais
cuidadosas do que as repartições cujo fim é, precisamente, a defesa do
património geral?”
A revolta de Acácio Paiva tinha raízes num incêndio que consumiu grande parte do Pinhal d’El Rei, mandado construir por D. Afonso III e aperfeiçoado por D. Dinis, no início de setembro daquele ano.
O mesmo que este domingo ( 15 de Outubro de 2017 )foi ameaçado pelas chamas, obrigando a evacuar aldeias e vilas no distrito de Leiria.
A 4 de Setembro de 1916 na Ilustração Portuguesa suplemento que acompanhava o jornal “O Século”, enchia quatro páginas de jornal
com um texto assinado por Floreano sobre o que havia acontecido dois
dias antes no pinhal da Marinha Grande e de como a população lutou
contra o fogo. Pode lê-lo na íntegra aqui em baixo.
“O fogo extinguira-se dois dias antes. Que
pena não ter passado por ali naquela ocasião! Devia ser um espetáculo
assombroso! Parecia que o chão ainda escaldava debaixo dos pés e que no
ar mal de dissipavam os últimos novelos de fumo e de cinzas.
Trepei
ao alto de uma duna fixada e convertida pelo precioso trabalho dos
pinheiros num monte sólido e fértil. Era simplesmente desolador!
Estendia-se diante de mim, a perder de vista, um trato de muitos
hectares de pinhal novo, com as suas ramas torrificadas, mas ainda
aderentes pela sua resistência excecional.
Ao de cima dessa
extensa massa carbonizada erguiam-se tristonhos, aqui e além, os
pinheiros velhos, de cuja semente haviam nascido os outros.
Apesar de uma altura de 20 metros ou mais, as suas comas haviam sido alcançadas pelas labaredas! Mortas e bem mortas, aquelas gigantes sentinelas das dunas!
Recordavam as heróicas sentinelas de Pompeia, surpreendidas e
incineradas nos seus postos pela lava do Vesúvio, conservadas na mesma
forma e na mesma atitude, através de séculos, ao abrigo das abóbadas sob
que ficaram sepultadas.
Desfizeram-se com a primeira lufada de ar
fresco que lhes trouxeram as excavações dos arqueólogos.
Também os
primeiros sopros ásperos de outono hão de reduzir às linhas hirtas e
falhadas do seu esqueleto tantos milhares de árvores, há poucas
horas ainda tão verdes e orgulhosas do seu porte, se antes disso o
machado do lenheiro não fizer desaparecer a obra infame do incendiário.
Que dor de alma ver tanta floresta destruída numa época tão angustiosamente falha de madeira e de lenha! Aquele crime enormíssimo nem parece ter sido cometido por portugueses contra sua própria terra,
contra a sua própria vida e a da sua família; porque, devorado pelo
fogo o Pinhal de Leiria, essa majestosa floresta de 25 quilómetros por
9, deixou de ter razão a existência de todos os povos que vivem à sua sombra saudável e hospitaleira.
E como essa dor se refletia nos olhos e nas palavras de um pobre
velho, que ainda hoje é dos primeiros a acudir os fogos do Pinhal, que
lhe doem, que o afligem como se da sua casinha em chamas! Não tinha memória de outro em semelhantes circunstâncias.
Sempre foram 150 hectares, ou seja um milhão e quinhentos mil metros quadrados de pinhal, novo e velho, absolutamente perdidos.
As chamas rebentaram em três pontos ao mesmo tempo.
Tocadas pelo vento e alimentadas pelo mato miúdo e pela caruma seca que
cobriam o solo, não tardaram a cruzar-se num grande mar de fogo. Uma
coisa sublimemente horrível!
Buzinas, apitos, toques de
sino, gritaria, alvoroçaram as povoações convizinhas, das quais a
principal é a vila da Marinha Grande. Nas fábricas, nos campos, em casa não ficou ninguém.
Todos munidos de enxadas, machados, pás, forquilhas, ancinhos, do
primeiro instrumento que topavam à mão, abalaram desordenadamente para
atacar o fogo; e centenas de mulheres também se puseram a caminho,
com cântaros de água da cabeça para matar a sede aos homens, que devia
ser insaciável no meio da faina debaixo daquela torreira.
Na fúria com que toda a gente se atirava ao fogo não havia visivelmente um plano de ataque, executando a uma voz imperiosa de comando; mas havia uma perícia e uma tática individuais que davam ao conjunto dos esforços uma admirável unidade de ação.
Abrem-se aceiros,
compridos e largos, machadando sem piedade belas árvores para atalhar a
marcha galopante do fogo, que as devoraria, a elas e a muitas mais,
sendo admirável como essa gente se estendia numa linha rigorosa de
combate, sem se estorvar uma à outra.
Já se sentia o
bafão estiolante do fogo, o crepitar do lenho verde abarcado pelas
labaredas, o rugir surdo da fornalha rolante, em que esses valentes se
podiam ver, de um momento para o outro e irremediavelmente, envolvidos;
mas eles continuavam a manejar o machado, com o rosto afogueado,
escorrendo em suor e arfando fortemente como os antigos ciclopes na
forja abrasadora.
Outros roçavam o mato e procuravam arredá-lo do
caminho do fogo; estes deitavam pás de terra sobre a vegetação miúda
para o abafar; aqueles abriam arrifes à enxada tentando atalhar-lhe a
marcha de todas as formas possíveis.
Daqui como se despegavam
chamas para ir levar o incêndio muitos metros além, cercando por vezes
os homens com tal surpresa que dificilmente saíam ilesos.
São tão rápidos estes saltos do fogo, tão caprichosas e vivas as voltas que ele dá, que nem aos bichos que vivem acoitados na floresta lhes vale o instinto e a agilidade para escaparem.
Raposas, coelhos, lebres, cobras, ouriços, texugos, parecem todos
tomados de loucura e, na sua fuga, esbarram nos homens, metem-se debaixo
das enxadas e dos machados, caem carbonizados dos matagais ardentes! As
próprias aves, como as rolas — as pobrezinhas! — nem se desenvecilham
num voo alto por entre os pinheiros espessos a tempo de se salvar. Também se lhes encontram os restos nas cinzas do imenso braseiro.
Mas a fase culminante da batalha é o contrafogo.
Abre-se um aceiro largo. Lança-se lumo, bem entendido, do lado onde
lavra o incêndio. Este novo fogo vai ao encontro do outro.
Avançam ambos
velozes, rosnam cóleras tremendas, chocam-se com estranho estampido e
ambos expiram numa explosão medonha, indo as últimas línguas de fogo e rolos de fumo desfazer-se bem alto na atmosfera.
Segue-se então brusco um silêncio de morte.
Se o mar encrespado, bramindo furioso, se estagnasse de súbito num lago
dormente, não nos chocaria mais brutal impressão de contraste. Até o
vento se acalmou.
A forte exclamação de vitória, de alívio,
saiu uníssona de tantas bocas, sucedeu o arfar surdo do cansaço e o
sorvo ansioso de muitos cântaros de água, atirando-se toda essa gente,
extenuadíssima, para o chão, onde não andara o lume, e contemplando com os olhos embaciados de água tão hediondo quadro de devastação.
E o que iria talvez a essa hora, de remorso no espírito dos bárbaros incendiários ao contemplarem, sabe Deus de onde, os horrorosos efeitos da sua obra nefasta? Daí… Ou
Nero mandasse deitar, ou não, fogo a Roma para deliciar a sua alma
negra com os horrores de tão estranho espetáculo; o que é facto é que
ele pôs-se, todo enlevado, a entoar ao som da lira um hino ao célebre
incêndio de Tróia!”