UMA VAGA CEIFOU A VIDA DE SEIS PESSOAS.
" A 16 DE DEZEMBRO DE 1972, PELAS QUATRO DA MADRUGADA, VINDOS DE UMA BOITE, CINCO RAPAZES E CINCO RAPARIGAS, TODOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS, DIRIGIRAM-SE À BOCA DO INFERNO, A FIM DE VEREM O MAR, QUE ESTAVA EMBRAVECIDO DEVIDO AO VENTO FORTE DE SUDOESTE.
O ESPPECTÁCULO QUE SE LHES DEPAROU NAQUELE FOI, DE FACTO, MARAVILHOSO. AS ONDAS ALTEROSAS BATIAM NOS ROCHEDOS, GALGANDO-OS, ATINGINDO A POALHA MUITOS METROS DE ALTURA.
DEPOIS, ACONTECEU A IMPREVIDÊNCIA E O DESTEMOR PRÓPRIOS DOS VERDES ANOS. a MAIOR PARTE DO GRUPO SALTOU A PEQUENA CANCELA QUE, NOS DIAS DE PERIGO, BARRA A PASSAGEM E FOI ATÉ QUASE À BEIRA DAS ROCHAS VER MAIS DE PERTO O ESPECTÁCULO QUE O MAR OFERECIA.
A CERTA ALTURA, UMA ONDA ALTEROSA ATINGIU O GRUPO, QUE PRETENDEU RECUAR, MAS JÁ NÃO O CONSEGUINDO, POIS, ENTRETANTO, MAIS DUAS ONDAS ENORMES ARRASTARAM OS JOVENS PARA O MAR.
OS GRITOS DE AFLIÇÃO E OS PEDIDOS DE SOCORRO DAS VITIMAS FICARAM ABAFADOS PELO FORTE MARULHAR.
CONSEGUEM AINDA AGARRAR-SE ÀS ROCHAS E ASSIM SE SALVAREM A MUITO CUSTO O BRASILEIRO SALVADOR M, DE 24 ANOS, E A PORTUGUESA MARIA C.R., DE 25 ANOS. OS OUTROS DOIS QUE FICARAM CÁ MAIS PARA CIMA, LINO S DE 26 ANOS E MARIA M R DE 21 ANOS, AMBOS PORTUGUESES, PROCURAM IMEDIATAMENTE SOCORRER OS COMPANHEIROS, O QUE NÃO LHES FOI POSSÍVEL, DADA A RAPIDEZ COM QUE A TRAGÉDIA SE CONSUMOU.
CERCA DAS QUATRO HORAS E MEIA, A MARIA M R CHEGA A CASCAIS TODA MOLHADA E AFLITA, AO QUARTEL DOS BOMBEIROS A PEDIR SOCORROS, QUE ESTES LOGO FIZERAM SEGUIR PARA O LOCAL:
O JIPE PORTA CABOS E UMA AMBULÂNCIA, SOB AS ORDENS DO COMANDANTE INTERINO JOSÉ FRITO; NADA PODIAM FAZER, PORÉM DADA A VISIBILIDADE SER NULA E O MAR NÃO DEIXAR NINGUÉM APROXIMAR-SE DELE.
JÁ DE MANHÃ E APESAR DO MAU TEMPO, A CAPITANIA DO PORTO DE CASCAIS MANDOU LARGAR DE PAÇO DE ARCOS UM BARCO SALVA-VIDAS DO INSTITUTO DE SOCORROS A NÁUFRAGOS, QUE PROCEDEU A INTENSAS BUSCAS DURANTE O DIA TODO, NÃO TENDO APARECIDO NENHUM DOS SEIS CORPOS DOS DESAFORTUNADOS ESTUDANTES.
A IDENTIDADE DAS VÍTIMAS QUE DESAPARECERAM :
NÍDIA S. C, DE 21 ANOS, NATURAL DE LUANDA;
MARIA R.L.S. DE 21 ANOS, BRASILEIRA;
MARIA J. C. M. DE 24 ANOS PORTUGUESA;
JOSÉ P. R. DE DE 24 ANOS, BRASILEIRO;
JOÃO F. C. G. DE 25 ANOS, PORTUGUÊS.*
FONTE. JORNAL " DIÁRIO DE NOTÍCIAS " 18 DE DEZEMBRO DE 1972
BOCA DO INFERNO EM DIA DE TEMPORAL |
Boca do Inferno
A
Boca do Inferno localiza-se na Costa da Guia, a Oeste da vila de
Cascais, em Portugal. O nome "Boca do Inferno" atribuído a este local
deve-se à analogia morfológica e ao tremendo e assustador impacto das
vagas que aí se fazem sentir.
Boca do Inferno (Cascais)
A Boca do Inferno localiza-se na Costa da Guia, a Oeste da vila de Cascais, em Portugal.
O nome "Boca do Inferno" atribuído a este local deve-se à analogia morfológica e ao tremendo e assustador impacto das vagas que aí se fazem sentir.
A característica que compõe a rocha na falésia é de natureza carbonatada. A erosão exercida pela ação das águas das chuvas que, contendo dióxido de carbono dissolvido, provocam a dissolução do carbonato. Através deste processo formam-se cavidades e grutas no interior dos calcários.
É bem possível que o local tenha sido uma antiga gruta. Com o abatimento das camadas superiores a gruta terá sido destruída, restando uma enorme cavidade a céu aberto.
Com características únicas, é local de lazer, onde se pode desfrutar de uma paisagem divina e magníficos pôr-do-sol, sendo apenas ensombrada por não raros suicídios cometidos na sua perigosa e desprotegida falésia.
Actualmente, o mar com embates violentos e impiedosos, eleva-se numa espuma branca e mortífera por dezenas de metros, continuando a desgastar a milenar rocha, aumentando desta forma a espectacularidade e a dimensão da Boca do Inferno.
Em 1896, um filme feito pelo inglês Henry Short já mostrava a incansável força do mar a bater contra as rochas no local.[1]
Ficou muito conhecida por ser cenário do suicídio de Aleister Crowley.