Cheias 1967
Na
noite de 25 e madrugada de 26 de Novembro de 1967, há 49 anos, uma
grande tempestade assolou o país. Na região da Grande Lisboa, mais de
500 pessoas perderam a vida, perto de 900 foram desalojadas e
verificou-se um sem número de danos em infraestruturas, nomeadamente
pontes, estradas e edifícios de diversa natureza.
A passagem de um sistema de baixa pressão sobre a região caraterizado
por uma forte convecção e forte instabilidade, associada a uma
atmosfera rica em vapor de água, traduziu-se num evento extremo cuja
quantidade de precipitação registada num período de 4 a 9 horas foi
compatível com um período de retorno superior a 100 anos.
A precipitação total ocorrida foi observada essencialmente num
período de 5 horas, o que em algumas estações correspondia ao seu valor
médio mensal.
A estação de São Julião do Tojal em 5 horas registou 110,6 mm (entre
as 19 e as 24h), tendo tido um pico de 30 mm entre as 22 e as 23h da
noite de 25 de novembro. Nessa noite, entre as 21 e as 22h, foram
registados 42 mm em Sassoeiros, 60 mm no Monte Estoril e 33 mm em
Sintra/Pena.
A elevada quantidade de precipitação originou este evento de cheias
rápidas (as chamadas flash floods), no entanto o que o tornou num dos
mais mortíferos em Portugal, foi principalmente a construção inadequada
em leitos de cheia e a coincidência com a hora de pico da maré alta.
A maior parte das vítimas, residente ao longo de bacias de pequenos
rios e ribeiras da região, muitas em habitações precárias e
clandestinas, foi apanhada durante o sono, o que se traduziu num aumento
substancial de mortos e desalojados.
Este evento corresponde ao segundo mais intenso de precipitação em
24h para a área da grande Lisboa entre 1950 e 2008, com uma média de
precipitação de 86 mm. O evento mais intenso de precipitação na mesma
área ocorreu em 1983 com média de precipitação de 95 mm, porém com
impacto consideravelmente menor.
Nota: notícia elaborada com base no artigo: “The deadliest storm of
the 20th century striking Portugal: Flood impacts and atmospheric
circulation”, publicado no Journal of Hydrology, de Ricardo M. Trigo et
all.; e na publicação “Contribuição para o estudo da cheia da região de
Lisboa em 25-26 de Novembro de 1967” do Serviço Meteorológico Nacional
de Silvério F. Godinho.
Era eu um garoto porém,hoje, ainda me recordo deste dia.