NADA MAIS ACTUAL E A COMPROVAR QUE POUCO OU NADA EVOLUÍMOS EM 300 ANOS...
"Não são ladrões
apenas os que cortam as bolsas.
Os ladrões que mais merecem este título
são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o
governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, pela
manha ou pela força, roubam e despojam os povos.
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos;
os outros furtam correndo risco, estes furtam sem temor nem perigo.
Os outros, se furtam, são enforcados; mas estes furtam e enforcam."
Padre António Vieira
António Vieira
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre
António Vieira (português europeu) ou Antônio Vieira (português brasileiro) (
Lisboa,
6 de fevereiro de
1608 —
Salvador,
18 de julho de
1697), mais conhecido como
Padre António Vieira ou
Padre Antônio Vieira[1], foi um
religioso,
filósofo,
escritor e
orador português da
Companhia de Jesus.
Uma das mais influentes personagens do
século XVII em termos de
política e
oratória, destacou-se como
missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os
direitos dos povos
indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado "
Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em
tupi).
António Vieira defendeu os
judeus, a abolição da distinção entre
cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela
Inquisição) e cristãos-velhos (aqueles cujas as famílias eram católicas a gerações), e a abolição da
escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
[2]
Na
literatura, seus sermões possuem considerável importância no
barroco brasileiro e
português. As
universidades frequentemente exigem a sua leitura.
Biografia
Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, freguesia da
Sé, em
Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem
alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou
africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta.
[3][4] [5]
Cristóvão serviu na
Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da
Inquisição. Mudou-se para o
Brasil em
1614, para assumir cargo de escrivão em
Salvador, na
Bahia, mandando vir a família em
1618.
No Brasil
António Vieira chegou à
Bahia, onde em
1619 seu pai passou a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia, o que motivou a vinda de toda a família. Em
1614, iniciou os primeiros estudos no
Colégio dos Jesuítas de Salvador,
[6]
onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se um brilhante
aluno. Segundo o próprio, foi a partir de um "estalo" na cabeça que, de
súbito, tudo clareou: passou a entender com facilidade e a guardar tudo o
que lia na memória. Até hoje muitos se referem a fenômeno semelhante a
esse como "o estalo de Vieira".
[7]
Ingressou na Companhia de Jesus como
noviço em 5 de maio de
1623[8].
Em
1624, quando na
invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária.
Um ano depois tomou os votos de
castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado.
Em 1626, seus talentos como escritor já eram reconhecidos e ficou
encarregado de escrever e traduzir para o latim a "Carta Ânua", que era
um relatório anual dos trabalhos da Província da Companhia de Jesus,
que era encaminhada ao Superior-Geral da Companhia em Roma
[8].
Prosseguiu os seus estudos em
Teologia, tendo estudado ainda
Lógica,
Metafísica e
Matemática, obtendo o mestrado em
Artes. A partir do final de 1626 ou do início 1627, começou a atuar como professor de
Retórica em
Olinda.
Retornou a Salvador para completar seus estudos, onde em 10 de dezembro de 1634, foi ordenando sacerdote
[8].
Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama
de notável pregador. Em 1638, foi nomeado como professor de
teologia do
Colégio Jesuíta de Salvador[9].
Quando a segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (
1630-
1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos
Países Baixos,
pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que
obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um
inimigo militarmente muito superior à época.
Quando eclodiu uma disputa
entre
Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos
judeus[10], caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da guerra.
Em Portugal
Após a
Restauração da Independência (
1640), em
1641 regressou a Lisboa iniciando uma
carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca.
Em 1º de janeiro de 1642, pregou o "
Sermão dos Bons Anos" na Capela Real, que teve um forte teor político, no qual criticou os tempos nos quais
Portugal foi controlado por castelhanos e no qual associou o
sebastianismo a
João IV e à restauração da independência de Portugal
[8] [9].
Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de
João IV de Portugal, sendo por ele nomeado embaixador e posteriormente pregador régio.
Ainda como diplomata, foi enviado em
1646 aos
Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à
França.
Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos
cristãos-novos, entrou em conflito com o
Santo Ofício, mas viu fundada a
Companhia
Geral do Comércio do Brasil.
No Brasil, outra vez
Em Portugal, havia quem não gostasse de suas pregações em favor dos
judeus.
Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, onde, entre
16 de janeiro de 1653
[9] e setembro de 1661
[11], esteve na liderança da Missão no
Maranhão e no
Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.
[12]
Em 1653, proferiu o "
Sermão da Primeira Dominga de Quaresma" em
São Luís
do Maranhão, no qual tentou convencer os senhores de engenho a
libertarem os seus escravos indígenas. Sua luta contra a escravidão dos
povos nativos da América estava associada à sua crença de que a
colonização portuguesa teria como missão converter aqueles povos para a
fé católica[8].
Entre 1658 e 1660, escreveu o "
Regulamento das Aldeias[13]", mais conhecido como a "Visita de Vieira", por meio do qual estabeleceu as diretrizes das missões religiosas na
Amazônia,
que, com pouquíssimas mudanças, vigoraram por mais de um século. Esse
documento tratou do cotidiano da ação missionária, envolvendo desde os
métodos de doutrinação até a disposição do espaço de moradia dos
missionários e índios.
Essas regras não eram de aplicação restrita aos
jesuítas, pois tiveram que ser seguidas também pelas outras congregações
[14].
Diz o Padre
Serafim Leite em
Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo,
1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no
século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos índios e crítica de costumes". "
Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!"
Sobre esse período da vida de Vieira, ver também:
O papel de Antônio Vieira nas Missões religiosas na Amazônia Portuguesa
Naufrágio nos Açores
Em
1654, pouco depois de proferir o célebre "
Sermão de Santo António aos Peixes" em
São Luís,
[12] no estado do
Maranhão, o padre António Vieira partiu para
Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio carregado de
açúcar.
Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos
indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da
ilha do Corvo, a Oeste dos
Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade.
Mesmo recolhidas as velas, à exceção do
traquete, correndo o navio à capa, uma rajada mais forte arrancou esta vela, fazendo a embarcação adernar a
estibordo. Em pleno mar revolto, na iminência do
naufrágio, o padre concedeu a todos absolvição geral, bradando aos
ventos:
- "Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai
este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e
deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas
almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco."[carece de fontes]
-
Após essa exortação, obteve de todos a bordo um voto a
Nossa Senhora de que lhe rezariam um
terço todos os dias, caso escapassem à morte iminente.
Ainda por um quarto de hora o navio permaneceu adernado até que os
mastros
se partiram. Com o peso da carga, estivada até às escotilhas, o navio
voltou à posição normal, permanecendo à deriva, ao sabor dos elementos.
Nesse transe uma outra embarcação foi avistada, mas sem que
prestasse qualquer auxílio. Ao cair da noite a mesma retornou, mas
tratava-se de um
corsário neerlandês
que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que
acabou por ser afundada.
Nove dias mais tarde, quarenta e um
portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados
na
Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da
Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes
roupas,
calçado e
dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha.
Dali, também, creditou
Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a
Amesterdão resgatar os papéis e
livros
que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha
sido cumprido uma vez que dispomos hoje de cerca de duzentos sermões
(este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do
religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio.
O grupo passou em seguida à
Ilha Terceira,
onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus
companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa.
Instalado no
Colégio dos Jesuítas em Angra, ele aqui permaneceu mais algum tempo,
tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado
na
Ermida da Boa Nova. Entre os
sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na
Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a
7 de outubro, com aquele templo repleto.
Uma semana mais tarde, Vieira passou à
Ilha de São Miguel,
onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua
autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a
24 de outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654.
Em Portugal, outra vez
Em setembro de 1661, teve que deixar o
Estado do Maranhão e Grão-Pará por reações contrárias às suas ações contra a escravidão dos povos nativos
[15].
Em Portugal, António Vieira tornou-se confessor da “regente”, D.
Luísa de Gusmão que foi a primeira
rainha de Portugal da
quarta dinastia, no entanto essa foi deposta em junho de 1662
[9], por
D. Afonso VI, que não era favorável ao jesuíta.
Abraçou a profecia
Sebastiana e por isso entrou em novo conflito com a
Inquisição que o acusou de
heresia, inicialmente, com base numa carta de 1659 ao bispo do
Japão
na qual expunha sua teoria do quinto império segundo a qual Portugal
estaria predestinado a ser cabeça de um grande império do futuro.
Foi condenado por um conjunto de manuscritos sebastianistas: "
Quinto Império"; "
História do Futuro" e "Chave dos Profetas" e ficou recluso em um Colégio dos jesuítas
Coimbra,
entre 1º de outubro de 1665 e 23 de dezembro de 1667, quando sua
reclusão foi transferida para a Casa do Noviciado dos jesuítas em
Lisboa. Em 30 de junho de 1668, recebeu o perdão das penas
[15] [16].
Em Roma
Em agosto de 1669, mudou-se para
Roma[16], onde ficou 6 anos.
Oficialmente, o motivo de sua viagem era o de defender a
canonização dos "
Quarenta Mártires Jesuítas" (1570), mas também procurou ser reabilitado e combater a
Inquisição Portuguesa[8].
Encontrou o Papa à beira da morte, mas deslumbrou a
Cúria
com seus discursos e sermões.
Com apoios poderosos, renovou a luta
contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio
da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava
apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade
oratória que seduzira, primeiro, o governo geral do Brasil, a corte de
Dom
João IV, e que depois, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações.
Entre 1675 e 1681, a actividade da Inquisição esteve suspensa por
determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que
encontrou o seu maior fundamento nos relatórios que o jesuíta deixou em
Roma, nas mãos do
Sumo Pontífice,
sobre os múltiplos abusos de poder. Desta forma conseguia dois feitos
raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez
durante sete anos a actividade do Santo Oficio em Portugal e, feito não
menor, lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam
sobre si.
Em Portugal
Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado.
Quando, em
1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu.
Mas o
Príncipe Regente passara a protector do
Santo Ofício e recebeu-o friamente.
Em
1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.
No Brasil, pela última vez
Em 1681, retornou à Bahia, alegando questões de saúde.
Em 1688,
exerceu a função de visitador-geral das missões do Brasil e dedicou o
resto de seus anos à edição dos Sermões, cartas e de
Clavis Prophetarum, uma obra de interpretação profética das Escrituras que iniciara em Roma
[8].
A coleção completa dos seus
Sermões, iniciada em
1679, exigiu 16 volumes. Cerca de 500 de suas
Cartas foram publicadas em 3 volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.
Já velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência.
Em
1694,
já não conseguia escrever pelo seu próprio punho.
Em 10 de junho
começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre na
Bahia a 18 de julho de 1697, com 89 anos.
[12]
Obra
Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, não
sendo propriamente um escritor, mas sim um orador.
Além dos Sermões
redigiu o
Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu.
Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o "
Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "
Sermão da Sexagésima", o "
Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "
Sermão do Bom Ladrão","
Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros.
Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.
A Obra Completa do Padre António Vieira[17],
anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro
séculos após o seu nascimento.
Esta publicação em 30 volumes inclui a
totalidade das suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos
políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e
teatro, e é a primeira edição completa e cuidada de toda a sua vasta
produção escrita.
Um dos maiores projetos editoriais do seu género, foi o
resultado de uma cooperação internacional entre várias instituições de
investigação e academias científicas, culturais e literárias
Luso-Brasileiras, sob a égide da Reitoria da
Universidade de Lisboa.
Mais de 20 mil fólios e páginas
[18]
de manuscritos e impressos atribuídos a Vieira foram analisados e
comparados, em dezenas de bibliotecas e arquivos em Portugal, no Brasil,
em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, México e Estados
Unidos da América.
Cerca de um quarto da
Obra Completa consiste em textos inéditos.
Este projeto, sob a direção de
José Eduardo Franco e
Pedro Calafate, foi desenvolvido pelo
CLEPUL em parceria com a
Santa Casa da Misericórdia, e publicado pelo
Círculo de Leitores,
com o último volume a ser lançado em 2014. Embora esta seja uma edição
portuguesa, uma seleção de textos será publicada em 12 línguas como
parte do projeto.
Festa litúrgica
Embora não seja considerado santo na
Igreja Católica, Padre Antônio Vieira consta no
calendário de santos da
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil como sacerdote e testemunha profética, sendo sua festa litúrgica celebrada em 18 de julho.
[19]
Obras
Primeira página de "Historia do Futuro", de uma edição de
1718.
Antônio Vieira escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de
tratados proféticos, relações etc. Seguem abaixo alguns de seus sermões:
[12]
Cronologia[20]
- 1608 – Nasce a 6 de fevereiro em Lisboa, na freguesia da Sé, António Vieira, filho primogénito de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo.
-
- 1614 – Desembarca com a família em Salvador da Bahia, onde frequentará as aulas do Colégio dos Jesuítas.
-
- 1624 - Em Maio, as forças holandesas ocupam a cidade do Salvador.
-
- 1626 – Com 18 anos de idade, o noviço António Vieira é encarregue de
redigir a Carta Annua ao Geral dos Jesuítas, relatório anual da
Companhia de Jesus no Brasil. Constitui o seu primeiro escrito.
-
- 1627 – Transfere-se para o Colégio dos Jesuítas de Olinda, onde passa a ministrar aulas de Retórica.
-
- 1633 – Prega o primeiro sermão público, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador.
-
- 1634 – É ordenado sacerdote, a 10 de dezembro, celebrando a 13 do mesmo mês a sua primeira missa.
-
- 1638 – É nomeado Lente em Teologia.
-
- 1640 – Prega o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda", na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador.
-
- 1641 – Vieira viaja para Lisboa, onde residirá até 1646.
-
- 1642–1644 – Prega pela primeira vez na Capela Real, em Lisboa, o "Sermão dos Bons Anos".
Em atenção ao brilhantismo das suas prédicas recebe, em 1644, o título
de Pregador de Sua Majestade e alguns dos seus sermões são publicados
separadamente. É, igualmente, nomeado Tribuno da Restauração.
-
- 1645 – Prega o "Sermão do Mandato", na Capela Real, em Lisboa.
-
- 1646–1652 – Profissão solene na Igreja de São Roque, em Lisboa. Pregador e conselheiro de D. João IV, é por este enviado como embaixador em diversas missões diplomáticas aos Países Baixos e à França, negociando Pernambuco, a paz europeia, o financiamento da guerra contra Castela e a futura Companhia Geral do Comércio do Brasil.
-
- É o período de grande actividade diplomática e política de Vieira, que se desloca por grande parte da Europa, representando e defendendo os interesses portugueses.
-
- Faz, ainda, parte da embaixada portuguesa nas negociações da Paz de Münster, cujo objectivo era pôr fim à Guerra dos Trinta Anos.
-
- Em Ruão e Amesterdão encontra-se e negoceia com representantes da comunidade judaica portuguesa aí refugiada, o que lhe valeria, desde então, a hostilidade do Santo Ofício.
- 1652 – Em novembro parte de volta para a América Portuguesa, a fim de se dedicar às missões junto dos indígenas do estado do Maranhão, dos quais assumirá corajosamente a defesa, contra os interesses esclavagistas dos colonos.
-
- 1654 – Prega o "Sermão de Santo António aos Peixes",
na véspera de embarcar para Lisboa, onde, em breve visita, pedirá
providências favoráveis aos índios e às missões jesuítas no estado do
Maranhão.
- 1659 – Visita cinco aldeias da etnia Nheengaíba. No regresso a Belém do Pará, encontrando-se doente em Cametá, redige o seu primeiro tratado futurológico "Esperanças de Portugal, V Império do Mundo".
-
- 1661 – Em resultado do seu combate à escravidão dos índios, Vieira e
os seus companheiros jesuítas são expulsos do Estado do Maranhão e
embarcados para Lisboa.
-
- 1662 – Prega o importante "Sermão da Epifania" diante da rainha-regente.
-
- 1663–1667 – É desterrado para Coimbra
e começam os interrogatórios da Inquisição, que o persegue devido às
suas ideias milenaristas e messiânicas inspiradas no profetismo de António Gonçalves Annes Bandarra ("Quinto Império") e, também, por causa das suas alegadas simpatias pela "gente da nação", os judeus.
-
- Em 1666,
a Inquisição ordena que seja retirado da cela de religioso, a que
estava confinado, e colocado em cárcere de custódia.
-
- Apesar de
praticamente desprovido de livros para consultas, redige duas
Representações da Defesa e, em segredo, parte do livro "História do Futuro" e da "Apologia".
-
- Em 1667 é proferida a sentença: "… seja privado para sempre da voz activa e passiva e do poder de pregar…"
-
- 1668 – É amnistiado a 12 de junho.
-
- 1669 – Prega o "Sermão do Cego", na Capela Real, em Lisboa. Parte para Roma
em busca de revisão da sua sentença, onde permanece seis anos,
pregando, em italiano, aos cardeais da Cúria romana e à exilada rainha Cristina da Suécia.
-
- 1675 – Regressa a Lisboa munido de um Breve do Papa Clemente X, isentando-o "por toda a vida de qualquer jurisdição, poder e autoridade dos inquisidores presentes e futuros de Portugal", mas permanecendo sujeito à autoridade da Cúria romana.
-
- 1679 – Declina o convite da rainha Cristina da Suécia para ser seu confessor.
-
- 1681 – Regressa à América Portuguesa, a Salvador, na Bahia,
em Janeiro, e passa a residir na Quinta do Tanque, casa de campo do
Colégio dos Jesuítas, onde prepara a publicação dos seus Sermões e
redige a "Clavis Prophetarum".
-
- 1686 – Vieira é um dos poucos a não ser afectado pela epidemia de "mal da bicha" (febre amarela). Devido a essa calamidade, a Câmara de Salvador faz votos a São Francisco Xavier, proclamando-o Padroeiro da Cidade do Salvador, em 10 de maio.
-
- 1688 – É nomeado Visitador-Geral da Província do Brasil (até 1691).
-
- 1690 – Promove a Missão entre os índios Cariri da Bahia, financiando-a com o lucro da venda dos seus livros.
-
- 1694 – Emite parecer a favor da liberdade dos índios, contra as administrações particulares na Capitania de São Paulo.
-
- 1695 – Envia carta-circular de despedida à nobreza de Portugal e amigos, por não poder escrever a todos.
- 1696 – É transferido da Quinta do Tanque para o Colégio dos Jesuítas, no Terreiro de Jesus.
-
- 1697 – Termina a revisão do tomo XII dos Sermões; dita a sua última carta ao Geral da Companhia de Jesus, Tirso Gonzalez, a 12 de julho.
-
-
- Falece a 18 de julho, no Colégio, aos 89 anos. Os ofícios fúnebres
realizam-se na Igreja da Sé, oficiados pelos Cónegos. É sepultado na
Igreja do Colégio.
-
Bibliografia
- José Pedro Paiva. Padre Antonio Vieira, 1608-1697: bibliografia, Biblioteca Nacional, Lisboa 1999 ISBN 972-565-268-1
-
- João Lúcio de Azevedo. História de Antônio Vieira. São Paulo:
Alameda, 2008, 2v.: Esse biógrafo destaca-se por dividir a vida de
Vieira em seis fases: "O religioso" (1608-40), "O político" (1641-50),
"O missionário" (1651-61), "O vidente" (1661-68), "O revoltado"
(1669-80) e "O vencido" (1681-97)[9]
-
- José Van Den Besselaar. António Vieira: o homem, a obra, as ideias. Lisboa: ICALP, 1981 (Colecção Biblioteca Breve - Volume 58)
-
- Thomas Cohen. The fire of tongues. Stanford, EUA: Stanford University Press, 1998.
- Margarida Vieira Mendes.
-
- A oratória barroca de Vieira. 2ª ed., Lisboa: Caminho, 2003.
-
- Alcir Pécora. Teatro do sacramento. 2ª ed., São Paulo/Campinas: Edusp/Ed. Unicamp, 2008.
- Revista Semear. Revista da Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses , n. 2, 1998.
-
Referências
- Revista Oceanos, nrs. 30/31, Abril/Setembro 1997.
Ligações externas
- Sermões do Padre Vieira (primeira edição) na Brasiliana Digital da USP
- Cartas do Padre Vieira na Brasiliana Digital da USP
- Sermões (vol I), org. Alcir Pécora , (vol. II)
- Cartas do Brasil (org. João Adolfo Hansen)
- comemorações dos 400 anos do nascimento de Vieira (portal da Universidade de Aveiro)
- Biografia do Padre António Vieira
- Biografia do Pe. António Vieira, no site Patrimônios de São Luís
- Lista de Sermões
- Autógrafo de António Vieira em documentos da Biblioteca Nacional de Portugal
- Episódios dramáticos da inquisição portuguesa, v. 1, o caso de Antonio Vieira, página 205 em diante, autor Antonio Baião
- As
propostas de Padre António Vieira a D. João IV, para melhorar a
situação económica do Reino de Portugal História Moderna Economia e
Sociedade, por Cláudio Fonseca, Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa, 8 de Junho de 2015
- A
legitimidade da restauração portuguesa a partir do discurso do Padre
Antonio Vieira (1641-1661, por Leandro Henrique Magalhães, Universidade
Federal do Paraná, Curitiba, 2000
- Revisitar o processo inquisitorial do padre António Vieira, poir José Pedro Paiva, Lusitania Sacra, 2011
-
No Portugues Barroco da época do Padre, o nome da familia era escrito Vieyra; esta maneira de soletrar o nome do Padre é ainda a usada na Wikipedia em Ingles no artigo referente a ele
«Padre António Vieira». www.ubi.pt. Consultado em 11 de junho de 2020
RevelarLX Arquivado em 10 de fevereiro de 2012, no Wayback Machine.
based on CARDOSO, Maria Manuela Lopes – António Vieira: pioneiro e
paradigma de Interculturalidade.
Lisboa: Chaves Ferreira Publicações
S.A., 2001. p. 37-57; DOMINGUES, Agostinho – O Padre António Vieira: um
património a comunicar. Porto: Edição Artes Gráficas, Lda., 1997. p.
6-37;
DOMINGUES, Mário – O drama e a glória do Padre António Vieira. 2ª
edição. Lisboa: Livraria Romano Torres, 1961. p. 9-31.
MENDES, João, S.J. – Padre António Vieira. Lisboa: Editorial Verbo, imp.
1972. p. 9-23.
http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12824.pdf
http://digitalblue.blogs.sapo.pt/77449.html
Sermões: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/sermoes-401724.shtml Arquivado em 12 de novembro de 2013, no Wayback Machine.
O MESSIANISMO DO PADRE VIEIRA E A INQUISIÇÃO, acesso em 16 de outubro de 2016.
Os Jesuítas no Maranhão e Grão-Pará Seiscentista: Uma Análise Sobre os Escritos dos Protagonistas da Missão, acesso em 11 de novembro de 2016.
Propôs que Portugal protegesse os cristãos novos (judeus) da Inquisição,
de modo a atrair os cristãos novos que estavam espalhados pela Europa, e
desse modo atrair recursos para financiar os empreendimentos do Império Português cf. (Antonio Vieira, acesso em 13 de outubro de 2016.).
Os Jesuítas no Maranhão e Grão-Pará Seiscentista: Uma Análise Sobre os Escritos dos Protagonistas da Missão, acesso em 11 de novembro de 2016.
«Antonio Vieira». UOL - Educação. Consultado em 6 de fevereiro de 2013
REGULAMENTOS DAS ALDEIAS: da Missio ideal às experiências coloniais, acesso em 28 de outubro de 2016.
A ordem da missão e os jogos da ação: conflitos, estratégias e armadilhas na Amazônia do século XVII, acesso em 12 de outubro de 2016.
Antonio Vieira, acesso em 16 de outubro de 2016.
Padre António Vieira nos cárceres da Inquisição, acesso em 16 de outubro de 2016.
http://www.circuloleitores.pt/catalogo/1061674/padre-antonio-vieira
http://expresso.sapo.pt/lancada-obra-integral-do-padre-antonio-vieira=f785286
"Normas para o Ano Cristão". Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. 27 de novembro 2014.
Disponível em: [1]. Página visitada em 20 de julho de 2015.