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27.6.22

Absinto

 

Destilando: Absinto


Absinto destilada, é especialmente popular na França sobretudo pela ligação aos artistas parisienses de finais do século XIX e princípios do século XX, até a sua proibição em 1915.

Criada originalmente como infusão medicinal pelo médico francês, tornou-se a bebida da moda, contando com certo poder alucinogénio da planta Artemisia absinthium que a integrava e que deu nome à bebida.

Geralmente uma cor verde-pálido, com um aroma similar ao anis, porem mais sutil devido às diversas ervas usadas, e apresenta uma percentagem de álcool muito elevada (45% a 85%, embora nenhum produto comercializado tenha mais de 74%).

O princípio ativo que leva toda a culpa pela fama de alucinógeno do absinto se chama thujone, e é um componente da losna. Em doses muito altas, o thujone pode ser tóxico. Trata-se de um inibidor GABA (ácido gama-aminobutírico), o que significa que ele bloqueia os receptores GABA no cérebro e isso pode causar convulsões se você ingerir uma certa quantidade. Está presente em muitos alimentos, mas nunca em doses altas o suficiente para fazer mal. No absinto também não há quantidade suficiente de thujone que possa fazer mal. No final do processo de destilação, sobra muito pouco thujone no produto. A ciência moderna estima que uma pessoa que beba absinto morrerá de intoxicação pelo álcool muito antes de ser afetada pelo thujone. E não existe prova nenhuma de que o thujone possa provocar alucinações, mesmo em doses elevadas.

Isso pega fogo!

Levando em conta as análises atuais da bebida e de seus ingredientes, é bem mais provável que uma morte relacionada ao absinto seja atribuível ao alcoolismo, a uma intoxicação por álcool ou à ingestão de uma bebida de má qualidade, que, assim como a moonshine, uma bebida destilada ilegalmente, pode conter substâncias tóxicas.

Na Europa do início do século XX o absinto pode ser considerado uma de droga de massas, levando a população ao alcoolismo e, segundo médicos da época, ocasionando outros problemas de saúde, inclusive mentais, tais como: epilepsia, suicídio e loucura.

Muitos fatos que marcaram a história se dão devido ao consumo exagerado da bebida, tais como o tiro que o poeta Paul Verlaine deu em Arthur Rimbaud, seu amante na ocasião e Van Gogh,que além de suas perturbações inatas, estava sob o efeito do absinto quando cortou a própria orelha e agrediu Gauguin.

Na Suíça, considera-se que cerca de ,etade da população adulta era dependente da “fada verde”. Em 1912, cerca de 220 milhões de litros de absinto eram produzidos na França.O consumo de absinto na França era tão elevado que a hora do consumo foi apelidada de hora verde, entre 17:00 e 19:00 da noite.

Além dos males causados à saúde popular, o absinto foi responsável pelo aumento da criminalidade. Em 1905, Jean Lanfray assassinou sua família com uma espingarda após grande consumo de outros tipos de álcool e de absinto. Em 1908, por plebiscito popular, foi proibido na Suíça, onde 63,5% dos eleitores apoiaram a proibição. Aplicada em 1910, a lei proibiu o absinto na Suíça. Outros países seguiram e em 1913 os Estados Unidos e quase toda Europa haviam adotado a proibição. Apenas na Espanha, Portugal, Dinamarca e e Inglaterra ainda era permitido o consumo, desde que a bebida fosse produzida com quantidade limitada de tujona.

Em 1999 no Brasil, foi trazida pelo empresário Lalo Zanini e legalizada no mesmo ano, porém teve de adaptar-se à lei brasileira, com teor alcoólico máximo de 54°GL.

Conheça as mais famosas marcas de absinto.

26.6.22

Navios Fantasmas

 

Histórias de Navios Fantasmas

 

 

Avistados por navegantes desde antes das descobertas do novo continente, navios fantasmas estão no nosso imaginário, na cultura popular e nas crenças dos povos desde antes de Cristo, conheça algumas histórias desses navios. Lady Lovibond O dia foi 13 de fevereiro de 1748. O capitão Simon Reed levava a esposa no seu navio para comemorarem o aniversário de casamento, embora na época o facto de levar uma mulher  num navio era tido como um erro grave, e a viagem mesmo em bons tempos, era considerada de alto risco, levar mulheres em viagens marítimas era  mau presságio e má sorte. O destino era Portugal. Mas, no meio da viagem, a história conta que o imediato e braço direito do capitão  apaixonou-se e foi para a cama com a mulher do capitão. O capitão matou o homem (John Rivers), e o lançou à água. Depois do acontecido, o capitão resolveu levar o navio para o Goodwin Sands, canal que fica na Inglaterra, onde misteriosamente todos os 50 tripulantes do navio apareceram mortos, sem sinal de luta, como se todos os 50 tivessem tido ataque cardíaco ao mesmo tempo.
 O mais estranho é que no mesmo dia, mas 100 anos depois, dois navios ingleses avistaram o Lovibond na areia da praia inglesa. E em 1848, pescadores afirmaram ter visto o navio encalhado no meio de uma neblina e saíram com botes para ajudá-lo, mas chegando ao local não havia  navio algum. E em 1948, o navio foi mais uma vez avistado na praia inglesa, o capitão Bull Prestwick afirmou ter visto o navio navegando nas águas perto da praia, mas com um estranho brilho verde à sua volta.
 Mary Celeste  A história mais conhecida e documentada  no mundo todo, a história do Mary Celeste. Um navio saído de Nova York com destino a Génova, com 8 tripulantes e 2 passageiros, comandado pelo capitão Briggs e na carga  aproximadamente 1700 barris de vinho. O navio saiu do solo americano no dia 13 de dezembro de 1872 e quando passava pela Baía de Gibraltar foi avistado pelo capitão Morehouse,  que descreveu ter visto o navio descrevendo manobras errantes e parecendo estar descontrolado, embora o tempo estivesse óptimo para navegar. O capitão Morehouse era amigo de Briggs, e decidiu entrar no Mary Celeste para ver se estava tudo bem, a surpresa aconteceu quando Morehouse achou o navio completamente vazio, sem nenhuma alma viva, mas o mais estranho e que é debatido até hoje, é qual o motivo  do navio ter sido abandonado. Não foram encontradas marcas de luta, defeitos no navio, marcas de explosão, absolutamente nada. Todos os tripulantes estão desaparecidos até hoje, o navio estava intacto, com todos os barris presentes, (9 foram abertos), todos os pertences dos tripulantes estavam a bordo, todas as camas arrumadas, tudo na mais perfeita ordem. A provisão de comida com ainda 6 meses de reserva e água restante, ninguém sabe até hoje como os tripulantes desapareceram, nem o motivo de tal coisa. Depois disso o navio passou por mais 17 donos, e na maioria das vezes, os donos tiveram mortes desastrosas, em 2001 foram encontrados os restos de Mary Celeste depois de uma tempestade que o destruiu no século IX.
 Fliying Dutchman ( O Holandês Voador) A história mais conhecida e popularizada pela industria do cinema. A história do Holandês Voador, e o que poucos sabem é que esse nome não era o nome original do navio, apenas o apelido de Hendrick Van Decken,o seu capitão. Mas devido a fama do nome, o navio herdou esse nome também. A história começa quando o Holandês viajava pelo Cabo Da Boa Esperança, com destino a Amsterdão. A história relatada pelos marinheiros que não morreram, é de que o navio rumava para o meio de uma tempestade, todos os marinheiros correram para o capitão esperando alguma coisa, mas ele apenas bebia cerveja e fumava cachimbo, dirigindo o navio para o meio da tempestade. Os marinheiros imploravam para  tentar contorná-la, quando um marinheiro tentou tomar o leme das mãos de Van Decken, o capitão matou o homem com um tiro no peito e lançou o seu corpo ao mar. Depois disso ele teria subido em uma das velas, e gritado para os céus palavras ofensivas a Deus e desafiando a entidade para um duelo. Segundo os marinheiros as nuvens abriram-se enquanto o capitão parecia estar conversando com alguém olhando para o céu, diziam que Van Decken havia sido amaldiçoado por feiticeiros e que quando ele morresse, vagaria eternamente em um navio fantasma sem nunca mais pisar em terra firme. Para os mais crentes foi exatamente isso que aconteceu, pois segundo a lenda, o capitão apontou a sua pistola para o céu e disparou tiros para o alto até que a pistola explodiu  em  plena tempestade, boa parte dos marinheiros e o capitão foram mortos. Os marinheiros restantes diziam que Van Decken nunca demonstrou medo, apenas bebia, fumava e ria até o navio ser destruído. O Holandês foi visto inúmeras vezes desde então, a mais conhecida é a história do Príncipe George de Gales que avistou o navio perto do Reino Unido. Em 1941 na praia de Gleencairn, uma multidão afirmou ter visto um navio medieval com luzes verdes  chocar contra uma rocha, mas quando o impacto aconteceu, o navio desapareceu.

5.6.22

VIAJANTE...

 «Ama-se alguém porque sim, e não há nada que explicar. O grande equívoco da pornografia é acreditar que o sexo pode ser visível. Porque não é: faz-se, sente-se, vive-se, fica na pele, no corpo, na alma, na memória, mas está para além do que os olhos podem alcançar. O sexo é invisível. Contá-lo é como contar uma viagem de barco a partir da margem, analisando as oscilações da água e as posições do navio, sem ter embarcado. Quando a única coisa real era a viagem.

 


 Só depois se podia, sempre de modo imperfeito e aproximado, falar dela. É verdade que comecei por admirar o teu rosto e desejar o teu corpo. Notava a maneira como te vestias, que nunca era ostensiva nem provocante, era pelo contrário discreta, levemente sofisticada. No entanto a forma como te vestias despertava-me o desejo de despir-te.»

 [Teolinda Gersão, A cidade de Ulisses; Sextante, 3.ª ed. Outubro 2012]

3.6.22

NATURAL ( MENTE )

 

«Depressa percebi que o desgosto seleciona e reorganiza os que estão à volta de quem sofre; que alguns passam e outros reprovam. Velhas amizades podem intensificar-se através da dor partilhada; ou revelar-se de repente superficiais. Os novos são melhores que os de meia-idade; as mulheres são melhores que os homens. Não devia ser surpresa, mas é. Afinal, esperávamos que os mais próximos em idade e sexo e estado civil percebessem melhor. Que ingenuidade. Lembro-me de uma “conversa, à mesa de jantar” de um restaurante, com três amigos casados que tinham aproximadamente a minha idade. Todos a conheciam há muitos anos – talvez oitenta ou noventa, no total – e todos teriam dito, se lhes perguntassem, que gostavam muito dela. Mencionei o seu nome; ninguém deu resposta. Voltei a fazê-lo e nada. À terceira, talvez eu estivesse deliberadamente a tentar provocar, irritado com o que me parecia não boas maneiras, mas cobardia. Receosos de tocar no nome dela, três vezes a negaram e, por isso fiquei com a pior ideia acerca deles. Há a questão da raiva. Alguns ficam zangados com a pessoa que morreu, que os abandonou, que os traiu ao perder a vida. Há coisa mais irracional do que isto? Poucos morrem por vontade, até a maior parte dos suicidas. Alguns dos que são atingidos pelo desgosto ficam zangados com Deus, mas, se Ele não existe, também isso é irracional. Há os que ficam zangados com o universo por deixar que as coisas aconteçam, que sejam inevitáveis e irreversíveis. Não senti propriamente isso, mas, durante aquele Outono de 2008, li os jornais e segui os acontecimentos na televisão com uma indiferença avassaladora. Por alguma razão dei muita importância a que Obama fosse eleito, mas muito pouca ao resto do mundo. Diziam que todo o sistema financeiro podia estar à beira de cair e se despenhar, mas isso não me incomodava. O dinheiro não podia salvá-la, então para que servia o dinheiro e para quê salvar-lhe a pele? Diziam que o clima mundial atingira um ponto sem retorn, mas podia atingir esse ponto e continuar, que para mim era igual. Eu voltava do hospital para casa, de carro; e num dado lugar da estrada, mesmo antes de uma ponte ferroviária, vieram-me à ideia estas palavras que repeti em voz alta: “É simplesmente o universo a fazer o seu trabalho.”»
 
[Julian Barnes, Os níveis da vida; trad. Helena Cardoso, Quetzal, Novembro 2013;