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| 19 fevereiro 2022 | 19h12 |
Diga-se que nas áreas em que a CMC levou a cabo semelhante ecocídio em anos anteriores, são agora predominantes…as acácias! Com efeito, pela forma como a intervenção foi realizada, as acácias voltaram a nascer; as outras grandes árvores não. E a maior parte dos exemplares plantados pela CMC morreu.
A CMC e o ICNF – que gerem o Parque Natural como se fosse um feudo deles e não ouvem as organizações ambientais, ao contrário do que estão obrigadas – estão, pois, a tornar o Parque Natural um campo deserto e sem vida, ameaçando flora e fauna protegida por tratados internacionais.
Em causa está o “abate de centenas de árvores de grande porte numa área significativa do Parque Natural Sintra-Cascais”, na freguesia de Alcabideche, concelho de Cascais, distrito de Lisboa, situação para a qual foi apresentada queixa a várias entidades, inclusive ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, informou o Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, uma das organizações ambientalistas que denunciaram o caso.
A queixa foi apresentada por um grupo de vários cidadãos e de várias organizações ambientalistas, nomeadamente SOS Parque Natural Sintra-Cascais, Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, QSIntra, Fórum Cidadania Lisboa, Fórum por Carcavelos, Grupo Ecológico de Cascais ONGA e Associação de Defesa da Aldeia de Juso.
Divulgando fotografias e vídeos do corte de árvores, as organizações ambientalistas afirmam que se tratam de “espécies não-invasivas” e que “a extensão do abate é grande”, exigindo “medidas imediatas” para “impedir a continuação da destruição de um património natural numa zona protegida por lei no Parque Natural Sintra-Cascais, o primeiro parque natural nacional, com biodiversidade única ao nível de flora e fauna, insubstituível e de extrema importância para o meio ambiente e para o país, em particular perante o cenário de emergência climática”.
© Carla Quirino - RTP
Em criança, na casa do avô, durante as tardes de transmissão do relato de futebol, José Duarte recorda-se, "vezes sem conta, de espreitar por trás do rádio procurando o dono da voz, mas o aparelho só me dava calor e uma luz fraca que vinham das válvulas acesas".
José Duarte partilhou com a RTP o entusiasmo da arte de restaurar rádios antigos, quase sempre avariados e esquecidos. Se a uns teve de reparar o exterior, a outros precisou de investigar e mergulhar no mundo das válvulas e circuitos electrónicos.
Tem cerca de uma centena de rádios a válvulas mas destaca perto de 40 aparelhos, todos restaurados por ele. Se por um lado as linhas dos modelos o seduziu em primeira instância, a missão de lhes devolver a voz conquistou-o de vez. Praticamente todos os aparelhos antes da década de 60 funcionavam em onda média e onda curta. Depois veio o FM e mais recentemente o sinal digital e os emissores de onda média deixaram de ser usados.
Excelsior 55 EZ80
O projeto mais recente de José Duarte é um rádio francês da década de 50.
Adquirido há meia dúzia de anos por cerca de 120 euros, o aparelho precisava de uma reparação eletrónica, entretanto já concluída sem dificuldade.
Rádios Históricos
José Duarte vai buscar a uma das muitas estantes onde se espalha a coleção, um rádio de baquelite escura, lustrosa, de formato retangular com linhas simples.
Adquirido numa feira, precisou de o reparar: "Tinha uma válvula avariada juntamente com outros componentes electrónicos". Do analógico saltou para o digital procurando na internet solução. Encontrou esquemas e válvulas para dar vida ao velho rádio nacional socialista.
Estes rádios baratos difundidos pela população tinham como missão receber a mensagem do III Reich. Quantas pessoas terão escutado os discursos de Adolf Hitler neste aparelho, reflete José Duarte, acrescentando que estando ao serviço "de um regime opressor ", o Volksempfänger "veiculava a propaganda nazi e controlava a restante informação".
Ao lado do Volksempfänger, José Duarte apresenta-nos mais um aparelho da coleção. Também da década de 30 do século passado, outro rádio produzido para as massas e por onde, desta vez, o regime português de António Salazar se fazia ouvir.
Se o alemão Paul Goebbels, ministro da Propaganda do III Reich, promoveu a difusão dos recetores de rádio em terras germânicas, em Portugal, Henrique Galvão defendeu o projeto da Emissora Nacional "para bem da nação".
"Em Portugal, nos anos da II Guerra, a onda média e curta foi muito importante para quem queria ouvir os relatos de alguns episódios da guerra", explica José Duarte.
A rádio também servia para saber as notícias que se passavam noutros países. "A censura cortava a informação e as pessoas, através das estações estrangeiras, em onda curta, ouviam os relatos e notícias" vindas de outras paragens, como que "uma janela para o mundo". Para fiscalizar o uso do espectro radiofónico português em possíveis transmissões clandestinas, o Estado Novo criou os "Serviços Rádios- eléctricos para fazerem essas escutas", acrescentou.
O colecionador encontrou o rádio português num antiquário, avariado e com a estrutura exterior de madeira, estragada. Sobre a arte de restauro, detalha a precisão do trabalho que pretende que seja "criterioso, no sentido de preservar ao máximo as características originais de cada aparelho", e defende que só assim se preserva a memória de toda uma época.
Na recuperação no RCA, para além da reparação electrónica, Duarte investigou uma prática de envernizamento que se fazia hà época e que utilizava excrementos de um insecto.
E se "perdendo a memória, perde-se o ensinamento", como defende José Duarte, é essa memória da rádio que os Estados Membros da UNESCO decidiram exaltar, quando criaram o Dia Internacional da Rádio.
para preservar o meio de comunicação intemporal e consciêncializar as pessoas da importância do rádio.
Proclamando em 2011 e adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2012, o dia 13 de fevereiro tornou-se o Dia Internacional da Rádio.
A radiodifusão continua a ser um dos meios de comunicação mais confiáveis e acessíveis do mundo e por isso a edição de 2022 tem o tema "Rádio e Confiança".
José Duarte, em jeito de homenagem, relembra que a rádio só se faz porque milhares de trabalhadores anónimos estão todos os dias e noites mundo fora a garantirem tecnicamente as emissões.

Em 1754, Rousseau escreveu um livro com o título “Discurso Sobre a Desigualdade” em que afirmou que:
“o “homem é naturalmente bom e só as instituições [da sociedade] o tornam mau”.
“O primeiro homem que vedou um terreno e disse: ‘isto é meu’, e achou pessoas bastantes simples para acreditar nisso, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil”. [Rousseau]
Rousseau vai ao ponto de deplorar a introdução da metalurgia e da agricultura.
" O trigo é símbolo da nossa infelicidade. A Europa é um continente infeliz por ter o máximo do trigo e do ferro. Para abandonar o mal, basta abandonar a civilização, porque “o homem é naturalmente bom, e o selvagem depois de jantado está em paz com toda a natureza e é amigo de todas as criaturas.”
Rousseau enviou uma cópia do seu livro a Voltaire que, depois de o ler, escreveu-lhe em 1755 uma carta em que dizia o seguinte:
“Recebi o seu novo livro contra a raça humana, e agradeço. Nunca se utilizou tal habilidade no intuito de nos tornar estúpidos. Lendo este livro, deseja-se andar de gatas; mas eu perdi o hábito há mais de sessenta anos, e sinto-me incapaz de readquiri-lo. Nem posso ir ter com os selvagens do Canadá porque as doenças a que estou condenado tornam-me necessário um médico europeu, e por causa da guerra actual naquelas regiões; e porque o exemplo das nossas acções fez os selvagens tão maus como nós.”