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ZEUS |
Em algumas ocasiões quando nos meus tempos de tropa e já com algum cabelo branco ouvia e repetia a frase " Não há nuvem !!! " significava em regra que tal assunto ou situação era isento de aborrecimentos.
Era uma frase corriqueira talvez considerada " calão " como hoje o " bué da fixe ! " que às vezes ouvi-mos a propósito de algo bom tipo aqueles chocolates que a srª solicita ao prestativo Ambrósio quando lhe apetece algo.
O Ambrósio se respondesse à patroa " Não há nuvem ; tomei a liberdade de pensar nisso srª. " Ela acharia decerto estranha a resposta.
Consta então:
|
Cumulus. Como é mais larga do que alta, é da espécie humilis. * ( Foto de J.P.L. ) | |
" O CLÁSSICO DEUS GREGO Zeus era o senhor dos céus, o deus da chuva e o domador das nuvens. Ele e a sua mulher, Hera, mantinham uma relação algo tempestuosa, principalmente devido a ele ser um grande sedutor. Hera tinha ciúmes das suas amantes e Zeus vingava-se de quem tentasse a sorte com ela. Um destes personagens foi Ixion, que teve o descaramento de a tentar seduzir, depois de o próprio Zeus o ter convidado para o Olímpo. Ouvindo dizer que alguma coisa se passava, Zeus decidiu testar as intenções de Ixion e arranjou uma nuvem parecida com a sua esposa. Ixion meteu-se com a nuvem e foi morto por Zeus. Mais tarde, da nuvem nasceu Centauros que, tal como a sua prole teimosa, os Centauros, era parte homem e parte cavalo.
Acho que tudo se tratou de um aviso aos observadores de nuvens mais ansiosos.
Nada de intimidades com as nuvens. " * ( 1 )
Esta " estória " transcrita para os nossos dias seria classificada por um amigo meu com uma expressão que acho muito engraçada, descreve-la-ia como sendo tudo uma questão de: " Orelhitas de osso."
|
Orelhitas de Osso
|
* Do livro:- The Cloudspotter's Guide
Autor: - Gavin Pretor- Pinney.
Ano: - 2006.
Zeus
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
.
Zeus (em
grego antigo: Ζεύς;
transl. Zeús;
[1] em
grego moderno: Δίας, transl.
Días) é o pai dos
deuses (πατὴρ ἀνδρῶν τε θεῶν τε,
patēr andrōn te theōn te),
[2] que exercia a autoridade sobre os
deuses olímpicos na
antiga religião grega. É o deus dos céus,
raios,
relâmpago que mantêm a ordem e justiça na
mitologia grega. Seu equivalente
romano é
Júpiter, enquanto seu equivalente
etrusco é
Tinia; alguns autores estabeleceram seu equivalente
hindu como sendo
Indra.
Filho do
titã Cronos e de
Reia, Zeus é o mais novo de seus irmãos; na maior parte das tradições é casado, primeiro com
Métis, engendrando a deusa
Atena e, depois, com
Hera, embora no
oráculo de
Dodona, sua esposa seja
Dione, com quem, de acordo com a
Ilíada, ele teria gerado
Afrodite.
[3] É conhecido por suas aventuras eróticas, que frequentemente resultavam em descendentes divinos e heroicos, como Atena,
Apolo e
Ártemis,
Hermes,
Perséfone (com
Deméter),
Dioniso,
Perseu,
Héracles,
Helena de Troia,
Minos, e as
Musas (de
Mnemosine); com
Hera, teria tido
Ares,
Ênio,
Ilítia,
Éris,
Hebe e
Hefesto.
[4]
Como ressaltou o acadêmico alemão em seu livro
Religião Grega,
"mesmo os deuses que não são filhos naturais de Zeus dirigem-se a ele
como Pai, e todos os deuses se põem de pé diante de sua presença."
[5] Para os gregos, era o Rei dos Deuses, que supervisionava o
universo. Nas palavras do
geógrafo antigo
Pausânias, "que Zeus é rei nos céus é um dito comum a todos os homens."
[6] Na
Teogonia, de
Hesíodo, Zeus é responsável por delegar a cada um dos deuses suas devidas funções. Nos
Hinos Homéricos ele é referido como o "chefe dos deuses".
Seus símbolos são o raio, a águia, o touro e o
carvalho. Além de sua clara herança
indo-europeia, sua clássica descrição como "ajuntador de nuvens" também deriva certos traços
iconográficos das culturas do
Antigo Oriente Médio, tais como o
cetro.
Zeus frequentemente foi representado pelos antigos artistas gregos em
duas poses diferentes: numa, em pé, apoiado para a frente, empunhando um
raio na altura de sua mão direita, erguida; na outra sentado, numa pose
majestosa. Havia muitas estátuas erguidas em sua honra, das quais a
mais magnífica era
a sua estátua em
Olímpia, uma das
sete maravilhas do mundo antigo. Originalmente, os
Jogos Olímpicos eram realizados em sua honra.
Etimologia
Carruagem de Zeus
De Histórias dos Tragedistas Gregos, 1879, de Alfred Church
Em
grego, o nome do deus é Ζεύς,
Zeús,
IPA:
[zdeús] (
nominativo : Ζεύς,
Zeús;
vocativo : Ζεῦ,
Zeû;
acusativo: Δία,
Día;
genitivo: Διός,
Diós;
dativo: Διί,
Dií). Na
Civilização Minoica, Zeus não era cultuado pela população geral, mas apenas em pequenos
cultos minoritários que o viam como um
semideus que acabara sendo morto.
[7] Os primeiros registros de seu nome estão no
grego micênico, nas formas
di-we e
di-wo, escritas no
silabário Linear B.
[8]
Zeus, referido
poeticamente pelo vocativo
Zeu pater ("Ó, pai Zeus"), é uma continuação de *
Di̯ēus, o
deus proto-indo-europeu do céu diurno, também chamado de *Dyeus ph
2tēr ("Pai Céu").
[9] Este mesmo deus é conhecido por este nome em
sânscrito (
Dyaus/Dyaus Pita),
latim (
Júpiter, de
Iuppiter, do vocativo
proto-indo-europeu *dyeu-ph
2tēr
[10]), que é derivado da forma básica *
dyeu- ("brilhar", e em seus diversos derivados - "céu", "deus").
[7] Já na
mitologia germânica o paralelo pode ser encontrado em *
Tīwaz > alto germânico antigo
Ziu,
nórdico antigo Týr, enquanto o latim também apresenta as formas
deus,
dīvus e
Dis (uma variação de
dīves[11]), do substantivo relacionado *
deiwos.
[11] Para os gregos e romanos, o deus do céu também era o deus supremo. Zeus é a única divindade do
panteão olímpico cujo nome tem uma etimologia tão evidentemente indo-europeia.
[12]
Epítetos e títulos
Zeus desempenhava um papel dominante, presidindo sobre o panteão
olímpico da Grécia Antiga. Foi pai de muitos heróis, e fazia parte de
diversos
cultos
locais. Embora o "ajuntador de nuvens" homérico fosse um deus do céu e
do trovão, como seus equivalentes orientais, também era o supremo
artefato cultural; de certa maneira, era a encarnação das crenças
religiosas gregas, e o
arquétipo da divindade grega.
No
neoplatonismo, a figura de Zeus familiar à mitologia grega é associada ao
Demiurgo, ou
Mente (
nous) Divina. Especificamente dentro da obra de
Plotino,
Enéadas,
[14] e na
Teologia Platônica, de
Proclo.
Além dos
epítetos
locais, que simplesmente designavam que a divindade havia feito algo em
determinado lugar, os epítetos ou títulos aplicados a Zeus enfatizavam
diferentes aspectos de sua ampla autoridade:
- Zeus Olímpio, enfatizava a realeza de Zeus e seu domínio sobre os deuses, bem como sua presença específica no Festival Pan-Helênico de Olímpia.
- Zeus Pan-Helênio ("Zeus de todos os Helenos"), a quem o célebre templo de Éaco em Egina foi dedicado.
- Zeus Xênio, Filóxeno ou Hóspites: Zeus que era o padroeiro da hospitalidade e dos convidados, pronto para vingar qualquer mal cometido a um estrangeiro.
- Zeus Órquio: Zeus protetor dos juramentos. Mentirosos que haviam sido expostos eram forçados a dedicar uma estátua a Zeus, muitas vezes no santuário de Olímpia.
- Zeus Agoreu: Zeus que cuidava dos negócios na ágora e punia os comerciantes desonestos.
- Zeus Egíoco: Zeus que portava a égide, com a qual ele infundia o terror nos ímpios e em seus inimigos.[15][16][17]
Outros autores derivaram este epíteto de αἴξ ("cabra") e οχή,
interpretando-o como uma alusão à lenda segundo a qual Zeus teria sido
amamentado por Amalteia.[18][19]
Entre outros nomes e epítetos dados a Zeus estão:
- Zeus Meilíquio (Meilichios, "facilmente acessível"): Zeus assimilou um daimon ctônico arcaico, propiciado em Atenas, o Meilíquio.
- Zeus Taleu (Zeus Tallaios, "Zeus solar"): o Zeus que era cultuado em Creta.
- Zeus Labrando (Labrandos): venerado na Cária, seu local de culto era em Labraunda, e era representado empunhando um machado de ponta dupla (lábris). Estava associado ao deus hurrita do céu e da tempestade, Texube.
- Zeus Nao (Naos) e Zeus Búleo (Bouleus): formas de Zeus cultuadas em Dodona, o oráculo mais antigo. Alguns autores acreditam que os nomes de seus sacerdotes, os selos, teriam dado origem ao nome de helenos, dado ao povo grego desde a Antiguidade.
- Zeus Cássio: o Zeus de monte Acra, vale de montanhas entre a Síria e Turquia.
- Zeus Itômio ou Itomeu (Ithomatas): o Zeus do monte Itome, na Messênia.
- Zeus Astrápeo (Astrapios, "relampejante")
- Zeus Brôncio ou Bronteu ("trovejante")
Mito
Nascimento
Cronos teve diversos filhos com
Reia:
Héstia,
Deméter,
Hera,
Hades e
Posídon, porém engoliu-os (menos Posídon, Hades e Hera) assim que nasceram, após ouvir de
Gaia e
Urano
que ele estava destinado a ser deposto por seu filho, da mesma maneira
que ele havia deposto seu próprio pai - um oráculo do qual Reia tomou
conhecimento e pôde evitar.
Quando Zeus estava prestes a nascer, Reia procurou Gaia e
concebeu um plano para salvá-lo, para que Cronos fosse punido por suas
ações contra Urano e seus próprios filhos. Reia deu à luz Zeus na ilha
de
Creta, e entregou a
Cronos uma pedra enrolada em roupas de bebê, que ele prontamente engoliu.
Infância
Reia teria escondido Zeus numa
caverna dos
montes Dícti, em
Creta. De acordo com as diversas versões da história, ele teria sido criado:
- por Gaia;
- por uma cabra chamada Amalteia, enquanto um pelotão de curetes
— soldados ou deuses menores — dançavam, gritavam e batiam suas lanças
contra seus escudos para que Cronos não ouvisse o choro do bebê (ver cornucópia);
- por uma cabra chamada Aix (que pertencia à ninfa Amalteia), e da pele dela Zeus fez a Égide;
- por uma ninfa chamada Adamanteia. Como Cronos era senhor da Terra, dos céus e do mar,
ela o escondeu pendurado por uma corda de uma árvore, de modo que ele,
não estando nem na terra, nem no céu e nem no mar, teria ficado
invisível para seu pai;
- por uma ninfa chamada Cinosura, e como agradecimento, Zeus a teria colocado em meio às estrelas.
- por Melissa, que o amamentou com leite de cabra e mel.
Rei dos deuses
Após chegar à idade adulta, Zeus forçou
Cronos a vomitar primeiro a pedra que lhe havia sido dada em seu lugar - em
Pito, sob os vales do
monte Parnaso, como um sinal para os mortais: o
Ônfalo, "
umbigo" - e em seguida seus irmãos, de acordo com a ordem em que haviam sido engolidos. Em algumas versões,
Métis deu a Cronos um
emético
para forçá-lo a vomitar os bebês, enquanto noutra o próprio Zeus teria
aberto com um corte a barriga de Cronos. Em seguida, Zeus libertou os
irmãos de Crono, os
gigantes, os
hecatônquiros e os
ciclopes, que estavam aprisionados num
calabouço no
Tártaro, após matar
Campe, o monstro que os vigiava.
Para mostrar seu agradecimento, os ciclopes lhe presentearam com o
trovão e o
raio,
que haviam sido escondidos anteriormente por Gaia. Zeus então,
juntamente com seus irmãos e irmãs, os gigantes, hecatônquiros e
ciclopes, depuseram
Cronos e os outros
titãs, durante a batalha conhecida como
Titanomaquia. Os titãs, após serem derrotados, foram despachados para o
Tártaro, enquanto um deles,
Atlas, foi condenado a segurar permanentemente o céu.
Após a batalha contra os titãs, Zeus dividiu o mundo com seus irmãos mais velhos,
Posidão e
Hades: Zeus ficou com o céu e o ar, Posidão com as águas e Hades com o mundo dos mortos (o
mundo inferior). A antiga Terra,
Gaia,
não podia ser dividida, e portanto ficou para todos os três, de acordo
com suas habilidades - o que explica porque Posidão era o "sacudidor da
terra" (o deus dos
terremotos), e Hades ficava com os humanos que morreram (ver
Pentos).
Gaia, no entanto, não aprovou a maneira com que Zeus tratou os
titãs, seus filhos; logo após assumir o trono como rei dos deuses, Zeus
teve de combater outros filhos de Gaia: o monstro
Tifão e a
Equidna. Zeus derrotou Tifão, aprisionando-o sob o
monte Etna, porém poupou a vida de Equidna e seus filhos.
Zeus e Hera
Ver artigo principal:
Hera
Zeus era irmão e
consorte de
Hera. Com ela teve três filhos:
Ares,
Hebe e
Hefesto, embora alguns relatos afirmem que Hera tê-los-ia tido sozinha. Algumas versões também descrevem
Ilítia e
Éris como filhas do casal. As conquistas amorosas de Zeus, no entanto, entre
ninfas e as mitológicas progenitoras mortais das dinastias
helênicas são célebres. A mitografia olímpica lhe credita com uniões com
Leto,
Deméter,
Dione e
Maia. Entre as mortais com quem ele teria se relacionado estavam
Sêmele,
Io,
Europa e
Leda e o jovem menino
Ganímedes, porém Zeus o presenteou com a eterna juventude e imortalidade.
Diversos mitos mencionam o sofrimento de Hera com o ciúme gerado
por estas conquistas amorosas, e a descrevem como uma inimiga
consistente das amantes de Zeus e de seus filhos. Por algum tempo uma
ninfa chamada
Eco
foi encarregada de distrair Hera falando incessantemente, afastando
assim sua atenção dos casos amorosos de seu marido; quando Hera
descobriu o estratagema, condenou Eco a repetir permanentemente as
palavras de outras pessoas.
Consorte e filhos
Os principais mitos relacionados a Zeus são sobre sua vida amorosa e enorme descendência:
|
Descendentes semi-divinos e mortais
|
1Os gregos alegavam tanto que as
moiras eram filhas de Zeus e da
titânide Têmis quanto de seres primordiais como o
Caos,
Nix ou
Ananque.
2As
graças eram consideradas filhas de Zeus e
Eurínome, porém também foram citadas como filhas de
Dioniso, ou de
Hélio e da
náidade Egle.
3Alguns relatos contam que Ares,
Hebe e
Hefesto teriam nascido
partenogeneticamente.
4De acordo com uma versão,
Atena teria nascido por meio de partenogênese.
5Helena de Troia seria filha de
Leda ou
Nêmesis.
* De acordo com
Hesíodo e outros autores,
Afrodite seria filha de
Urano e
Tálassa, sendo tia de Zeus.
Cultos
Cultos pan-helênicos
O principal centro de culto de Zeus, para onde todos os gregos se
dirigiam quando queriam prestar homenagem ao seu principal deus, era
Olímpia. A cada quatro anos realizava-se um
festival, cujo ponto máximo eram os célebres
Jogos Olímpicos. Havia na cidade um altar a Zeus, feito não de pedra mas sim de cinzas, obtidas a partir dos restos de
sacrifícios animais realizados ali ao longo de séculos.
Fora dos santuários que se encontravam nas principais
pólis,
não havia uma maneira específica de culto a Zeus partilhada por todo o
mundo grego. A maior parte dos títulos listados abaixo, por exemplo,
podiam ser encontrados em numerosos
templos gregos da
Ásia Menor à
Sicília. Certos rituais eram igualmente comuns: o sacrifício de um animal de cor branca sobre um altar elevado, por exemplo.
Zeus Velcano
Com apenas uma exceção, os gregos eram unânimes em reconhecer o local de nascimento de Zeus como sendo a ilha de
Creta. A
Civilização Minoica
contribuiu com diversos aspectos essenciais da religião grega antiga:
"através de cem canais a antiga civilização se esvaziou na nova",
observou o historiador americano
Will Durant,
[24] e o Zeus cretense manteve suas feições jovens originais. Velcano (
Velchanos), versão helenizada do nome
minoico do filho local de uma
deusa-mãe, "uma divindade pequena e inferior que assumiu os papéis de filho e consorte",
[25] foi adotado como um epíteto para Zeus, cujo culto espalhou-se para diversos outros locais.
Em Creta, Zeus era venerado em diversas cavernas (em
Cnossos,
Ida e
Palecastro). Durante o
período helenístico um pequeno santuário dedicado a Zeus Velcano foi fundado nas proximidades da cidade moderna de
Aghia Triada, sobre as ruínas de um antigo palácio minoico. Moedas do período originárias de
Festo mostram a forma com a qual o deus era cultuado: um jovem sentado entre os galhos de uma árvore, com um galo sobre seus joelhos.
[26]
Noutras moedas cretenses Velcano foi representado na forma de uma
águia, e era associado com uma deusa que celebrava um casamento místico.
[27] Inscrições em
Gortina e Lito registraram um festival referido como Velcânia (
Velchania), o que mostra quanto seu culto ainda era difundido na Creta helenística.
[28]
As histórias de
Minos e
Epimênides sugerem que estas cavernas haviam sido usadas anteriormente para adivinhações
incubatórias por reis e sacerdotes. A ambientação dramática da peça
Leis, de
Platão,
se passa ao longo de uma rota de peregrinação a um destes sítios,
enfatizando o conhecimento cretense arcaico. Na arte da ilha, Zeus era
representado como um jovem de cabelos longos, e não como, no resto da
Grécia, um adulto maduro; a ele eram entoados hinos que o descreviam
como
ho megas kouros, "o grande jovem". Estatuetas de marfim do "Garoto Divino" foram desenterradas nas proximidades do
Labirinto de
Cnossos, por
Arthur Evans.
[29] Juntamente com os
curetes (
kouretes), um grupo de dançarinos
extáticos armados, ele presidia sobre os rituais secretos e rigorosos de treinamento atlético-militar da
paideia cretense.
O mito da morte do Zeus cretense, encontrado em diversos sítios
montanhosos, porém mencionado apenas numa fonte comparativamente tardia -
Calímaco[30] - juntamente com a afirmação do gramático
Antonino Liberal de que um fogo se acendia anualmente na caverna onde o jovem havia nascido e que ele havia compartilhado com um
mítico enxame de abelhas, sugere que Velcano teria sido uma divindade anual associada à
vegetação.
[31] O autor helenístico
Evêmero
aparentemente teria proposto uma teoria segundo a qual Zeus teria sido
um grande rei de Creta, e que, postumamente, sua glória teria o
transformado aos poucos numa divindade. As obras de Evêmero não
sobreviveram aos dias de hoje, porém foram mencionadas por autores
cristãos posteriores.
Zeus Liceu
O epíteto
Zeus Liceu (
Zeus Lykaios, "Zeus-
lobo") era atribuído a Zeus apenas quando associado ao festival arcaico das
Liceias, na localidade de
Liceia, nas encostas do
Monte Liceu, o pico mais alto da
Arcádia. Zeus tinha uma associação apenas formal
[32] com os rituais e mitos deste
rito de passagem que envolviam a ameaça antiga de
canibalismo e a possibilidade de uma transformação em
licantropo para os
efebos que dele participavam.
[33] Nas proximidades da antiga pilha de cinzas sobre a qual eram efetuados os sacrifícios,
[34] se encontrava um recinto proibido no qual, supostamente, nenhuma
sombra jamais era projetada.
[35]
De acordo com
Platão,
[36]
um clã específico se reuniria na montanha para fazer um sacrifício a
Zeus Liceu, a cada nove anos, e uma pequena quantidade de entranhas
humanas era acrescentada às entranhas do animal sacrificado; aquele que
consumisse o pedaço de carne humana supostamente se transformaria num
lobo, e voltaria à forma humana apenas se não voltasse a consumir carne
humana até o fim do próximo ciclo de nove anos. Haviam
jogos associados com o festival das Liceias, que foram interrompidos no
século IV a.C. com a urbanização da Arcádia (
Megalópole); lá, o principal templo era dedicado a Zeus Liceu.
Apolo também tinha uma antiga forma lupina, Apolo Liceu (
Apollo Lycaeus), venerado em
Atenas no
Liceu (
Lykeion), célebre por ser um dos locais frequentados por
Aristóteles, onde ele costumava lecionar.
Outros cultos
Embora a
etimologia indique que Zeus era originalmente um
deus celestial, diversas cidades gregas prestavam homenagem a uma versão local de Zeus, que vivia sob a terra. Os
atenienses e
sicilianos cultuavam
Zeus Melíquio (
Zeus Meilichios, "bondoso" ou "
melífluo"), enquanto outras cidades tinham
Zeus Ctônio (
Zeus Chthonios, "terreno"),
Zeus Catactônio (
Zeus Katachthonios, "sob a terra") e
Zeus Plúteo (
Zeus Plousios, "trazedor de riquezas"). Estas divindades podiam ser representadas nas artes plásticas na forma de
serpentes,
ou em forma humana, ou até mesmo como ambas, na mesma imagem. Também
recebiam oferendas da carne de animais negros sacrificados em poços no
solo, da mesma forma como era feito para divindades ctônicas, como
Perséfone e
Deméter, ou como as homenagens dedicadas aos
heróis em suas sepulturas - enquanto os deuses olímpicos costumavam receber vítimas brancas, sacrificadas em altares elevados.
Em alguns casos, as cidades não determinavam com precisão se o
daimon a quem eles estavam dedicando o sacrifício era um herói ou um Zeus subterrâneo; assim, o santuário de
Lebadeia, na
Beócia, pertencia tanto ao herói
Trofônio quanto ao
Zeus Trofônio (
Zeus Trophonius, "aquele que nutre"), de acordo com a versão apresentada por
Pausânias ou
Estrabão. O herói
Anfiarau era cultuado como
Zeus Anfiarau (
Zeus Amphiaraus), em
Oropo, nos arredores de
Tebas, e os
espartanos tinham até mesmo um santuáriio dedicado a
Zeus Agamemnon.
Cultos não-pan-helênicos
Além dos títulos e conceitos pan-helênicos mencionados acima,
diversos cultos locais mantinham suas próprias ideias idiossincráticas
sobre o rei dos deuses e homens. Com o epíteto de
Zeus Etneu (
Zeus Aetnaeus), era venerado no
Monte Etna, onde existia uma estátua sua, e era realizado um festival chamado de Etnéia em sua homenagem.
[37] Outros exemplos é o
Zeus Ênio ou
Enésio (
Zeus Aeneius ou
Aenesius), forma com a qual era venerado na ilha de
Cefalônia, onde existia um templo dedicado a si no
monte Eno.
[38]
Oráculos
Embora a maior parte dos
oráculos fossem dedicados a
Apolo, a
heróis, ou a diversas deusas, como
Têmis, alguns oráculos foram dedicados a Zeus.
Oráculo de Dodona
O culto a Zeus em
Dodona, no
Epiro, onde existem evidências de atividades religiosas desde o
II milênio a.C., estava centrado num carvalho sagrado. Quando a
Odisseia foi composta (por volta de
750 a.C.), a
adivinhação era feita ali por sacerdotes descalços, conhecidos como
selos (
selloi), que observavam o movimento e os ruídos feitos pelas folhas e galhos da árvore com o vento.
[39] Quando
Heródoto escreveu sobre Dodona, séculos depois, sacerdotisas chamadas de
pelêiades ("
pombas") haviam substituído os antigos sacerdotes.
A consorte de Zeus em Dodona não era
Hera, porém sim a deusa
Dione - cujo nome é uma forma feminina de "Zeus". Seu status como uma das
titãs indica que ela pode ter sido uma divindade pré-helênica mais poderosa, e talvez a ocupante original daquele oráculo.
Oráculo de Siuá
O oráculo de
Amom no
Oásis de Siuá, situado na região do Deserto Ocidental, no
Egito, não se encontrava dentro dos confins do mundo grego antes da época de
Alexandre, o Grande,
porém já pairava sobre o imaginário grego durante o período arcaico;
Heródoto menciona consultas com o oráculo de Zeus Amom em seus relatos
das
Guerras Persas. Zeus Amom era especialmente cultuado em Esparta, onde existia um templo dedicado a ele na época da
Guerra do Peloponeso.
[40]
Após a viagem de Alexandre ao deserto, para consultar-se com o
oráculo em Siuá, este passou a figurar no imaginário helenístico,
especialmente com a figura da
sibila líbica.
Zeus e deuses estrangeiros
Zeus foi identificado com o deus
romano Júpiter, e associado no imaginário
sincrético clássico (ver
interpretatio graeca) com diversas outras divindades, tais como o
egípcio Amom e o
etrusco Tinia. Juntamente com
Dioniso, absorveu o papel do principal deus
frígio Sabázio. O governante
sírio Antíoco Epifânio IV ergueu uma estátua de Zeus Olímpio no
templo judaico em
Jerusalém;
[41] os judeus helenizados referiam-se a esta estátua como
Baal Shamen ("Senhor do Céu").
[42]
Alguns mitólogos comparativos modernos também o alinharam com a divindade
hindu Indra.
Na cultura moderna
Representações de Zeus na forma de um touro, a forma que ele assumiu quando estuprou
Europa, podem ser vistas na moeda grega de dois
euros e na carta de identidade
britânica.
Mary Beard, professora de Estudos Clássicos na
Universidade de Cambridge, criticou o fato, descrevendo-o como uma "aparente celebração do
estupro."
[43]
No cinema e na televisão, Zeus foi interpretado por diversos atores:
- Axel Ringvall - em Jupiter på jorden, primeira adaptação conhecida do personagem para o cinema;
- Niall MacGinnis - na minissérie Jason and the Argonauts, e Angus MacFadyen, na refilmagem de 2000;
- Laurence Olivier - no filme Clash of the Titans (Fúria de Titãs, no Brasil), e Liam Neeson em sua refilmagem de 2010, bem como na sequência, Wrath of the Titans;
- Anthony Quinn - na série de televisão Hercules: The Legendary Journeys, da década de 1990;
- Rip Torn - na animação Hercules.
- John Novak - na série de televisão Supernatural (série), no episodio 8x16.
- Luke Evans - no filme Immortals (2011) (Imortais, no Brasil).
Referências
- Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Zeus».
Bibliografia
- Burkert, Walter, (1977) 1985. Greek Religion, especialmente III.ii.1 (Harvard University Press)
- Cook, Arthur Bernard, Zeus: A Study in Ancient Religion, 3 volumes (1914–1925). Nova Iorque, Bibilo & Tannen: 1964.
- Volume 1: Zeus, God of the Bright Sky, Biblo-Moser, 1 de junho de 1964, ISBN 0-8196-0148-9
- Volume 2: Zeus, God of the Dark Sky (Thunder and Lightning), Biblo-Moser, 1 de junho de 1964, ISBN 0-8196-0156-X
- Volume 3: Zeus, God of the Dark Sky (earthquakes, clouds, wind, dew, rain, meteorites)
- Druon, Maurice, The Memoirs of Zeus, 1964, Charles Scribner's and Sons. (trad. para o inglês de Humphrey Hare)
- Farnell, Lewis Richard, Cults of the Greek States 5 vols. Oxford; Clarendon 1896–1909.
- Farnell, Lewis Richard, Greek Hero Cults and Ideas of Immortality, 1921.
- Graves, Robert; The Greek Myths, Penguin Books Ltd. (ed. de 1960)
- Mitford,William, The History of Greece, 1784. Cf. v.1, capítulo II, Religion of the Early Greeks
- Moore, Clifford H., The Religious Thought of the Greeks, 1916.
- Nilsson, Martin P., Greek Popular Religion, 1940.
- Nilsson, Martin P., History of Greek Religion, 1949.
- Rohde, Erwin, Psyche: The Cult of Souls and Belief in Immortality among the Greeks, 1925.
- Smith, William, Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology, 1870, Ancientlibrary.com, William Smith, Dictionary: "Zeus" Ancientlibrary.com
Ligações externas
Também é pronunciado /zdeús/ e, no grego moderno /'zefs/; o genitivo é Διός, transl. Diós.
Hesíodo, Teogonia, 542
Existem duas histórias conflitantes a respeito da origem de Afrodite: Hesíodo, na Teogonia, afirma que ela teria "nascido" a partir da espuma do mar, após Crono ter castrado Urano, o que faria dela filha de Urano; porém Homero, na Ilíada (livro V) menciona Afrodite como filha de Zeus e Dione. De acordo com Platão (Simpósio, 180e), as duas seriam entidades completamente diferentes: Afrodite Urânia (Aphrodite Ourania) e Afrodite Pandemos (Aphrodite Pandemos).
Hamilton, Edith (1942). Mythology 1998 ed. Nova Iorque: Back Bay Books. p. 467. ISBN 978-0-316-34114-1
Ilíada, livro 1.503;533
Pausânias, 2. 24.2.
«Minoan Religion and the Ancient Greeks». Consultado em 17 de abril de 2012
Palaeolexicon[carece de fontes]
«American Heritage Dictionary: Zeus». Consultado em 3 de julho de 2006. Arquivado do original em 13 de janeiro de 2007
«Online Etymology Dictionary: Jupiter». Consultado em 3 de julho de 2006
«American Heritage Dictionary: dyeu». Consultado em 3 de julho de 2006
Burkert (1985). Greek Religion. [S.l.: s.n.] p. 321. ISBN 0-674-36280-2
O busto sob a base do pescoço é do século XVIII. A cabeça, que foi pouco trabalhada em sua parte posterior, indicando que devia se localizar originalmente num nicho, foi encontrada na Vila de Adriano, em Tívoli, Itália, e doada para o Museu Britânico por John Thomas Barber Beaumont, em 1836. BM 1516. (Museu Britânico, A Catalogue of Sculpture in the Department of Greek and Roman Antiquities, 1904).
No quarto tratado, 'Problemas da Alma', o Demiurgo é identificado como Zeus (Enéada IV, 4, 10).
Homero, Ilíada i. 202, ii. 157, 375, &c.
Píndaro, Odes Ístmias iv. 99
Higino, Astronomia Poética ii. 13
Spanh. ad Callim. hymn. in Jov, 49
Schmitz, Leonhard (1867). «Aegiduchos». In: Smith, William. Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. 1. Boston: [s.n.] p. 26
Herbermann, Charles, ed. (1913). «Gaza». Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company; Johannes Hahn: Gewalt und religiöser Konflikt; The Holy Land and the Bible Arquivado em 21 de maio de 2012, no Wayback Machine.
Higino, Fabulae 155
Escólios em Píndaro, Ode Olímpica 9, 107
Estêvão de Bizâncio, s. v. Dōdōne, com uma referência a Acestodoro
Durant, The Life of Greece (The Story of Civilization Part II, Nova Iorque: Simon & Schuster) 1939:23.
Castleden, Rodney. Minoans: Life in Bronze-Age Crete, "The Minoan belief-system" (Routledge) 1990:125
Apontado por Bernard Clive Dietrich, The Origins of Greek Religion (de Gruyter) 1973:15.
Cook, A. B. Zeus Cambridge University Press, 1914, I, figuras 397, 398.
Dietrich (1973), comentando Martin P. Nilsson, Minoan-Mycenaean Religion, and Its Survival in Greek Religion 1950:551 e notas.
"Professor
Stylianos Alxiou reminds us that there were other divine boys who
survived from the religion of the pre-Hellenic period — Linos, Plutos
and Dionysos — so not all the young male deities we see depicted in
Minoan works of art are necessarily Velchanos" (Castleden 1990:125
Richard Wyatt Hutchinson, Prehistoric Crete, (Harmondsworth: Penguin) 1968:204, menciona que não há qualquer referência clássica à morte de Zeus (apontado por Dietrich 1973:16, nota 78).
"This
annually reborn god of vegetation also experienced the other parts of
the vegetation cycle: holy marriage and annual death when he was thought
to disappear from the earth" (Dietrich 1973:15).
No mito fundador do banquete de Licáon para os deuses, no qual havia sido incluído entre os ingredientes a carne de um sacrifício humano - talvez um dos próprios filhos de Licáon, Níctimo ou Arcas
- Zeus teria derrubado, enfurecido, a mesa e atingido a casa de Licáon
com um raio; seu patronato pode ter sido apenas pouco mais que
formulaico.
Uma ligação morfológica ao termo lyke, "brilho", pode ser apenas fortuito.
Arqueólogos modernos não encontraram traços de restos humanos entre os detritos sacrificatórios. Walter Burkert, "Lykaia and Lykaion", Homo Necans, traduzido para o inglês por Peter Bing (University of California) 1983, p. 90.
Pausânias 8.38.
República 565d-e
Schol. ad Pind. Ol. vi. 162
Hesíodo, de acordo com um escólio na Argonautika de Apolônio de Rodes, ii. 297
Odisseia, 14.326-7
Pausânias 3.18.
II Macabeus 6:2
Russel, David Syme. Daniel. (Louisville, Kentucky: Westminster John Knox Press, 1981) 191.