Quando falamos hoje em “regime político” (em Portugal), em geral, já não podemos distinguir claramente a Esquerda e a Direita: é praticamente tudo igual, excepto algumas diferenças na forma como a economia deve ser orientada.
A Direita não é mais do que uma “Esquerda moderada” — porque a sua ideologia parte dos mesmos pressupostos / princípios (acerca da realidade, entendida em si mesma) dos que são adoptados pela Esquerda.
A Direita do nosso tempo é uma “Esquerda de Ontem”, desejosa de digerir, em paz e sossego, o seu opíparo manjar de iguarias burguesas.
A Esquerda controla o regime, e a chamada “Direita” vai a reboque.
Um indivíduo da “Direita normalizada” é hoje um “progressista paralisado” — E quando alguém da “Direita” (ou da Não-esquerda, como queiram) se rebela contra a agenda política da Esquerda, entra em funcionamento o “bullying” da Esquerda —
Todo o indivíduo que desagrade ao intelectual de Esquerda, merece a morte.
O controlo do regime pressupõe a existência de privilégios concedidos à Esquerda, e dos quais a Direita não pode — de modo nenhum! — usufruir (tolerância repressiva).
Por exemplo, é permitido (pelo regime) que a Esquerda possa publicamente insultar, difamar, vilipendiar. Mas se alguém se lembra de fazer o mesmo em relação a um dignitário de Esquerda, é logo metido em tribunal. Esta é a nova estratégia da Esquerda, face ao surgimento de uma nova Direita que se rebelou contra o seu estatuto de menoridade e de inferioridade.
A liberdade de expressão só se aplica plenamente à Esquerda.
O esquerdista português a mente revolucionária, em geral, clama pela “liberdade que está moribunda!”, quando as suas vítimas se recusam a contribuir para os seus próprios assassinatos — físicos, intelectuais ou morais.
A política tem uma relação estreita com a assumida “superioridade moral” da Esquerda.
Essa política cumpre o desígnio da construção de um Totalitarismo de Veludo, substituindo provisoriamente as funções de uma polícia do pensamento, e com a contribuição valiosa dos juízes activistas que exercem (provisoriamente) as funções de inspectores de uma polícia política em construção.
Por outro lado, o esquerdista acredita piamente que a opinião de um antagonista de Direita é refutada acusando-o de “imoral” (ad Hominem). O seu antagonista é “imoral”, e por isso “não tem razão” — sendo que a “moral” adoptada pelo esquerdista é discricionária, por um lado, e por outro lado é considerada a única, e sem qualquer discussão possível.
O esquerdista diz-se, dele próprio, que é uma parte do processo democrático; mas, em boa verdade, sente-se o juiz. Hoje, só é considerado “imparcial” aquele que aceita, sem discutir, as teses da Esquerda; e quem as discute e as coloca em causa — muitas vezes respondendo na mesma moeda utilizada pela Esquerda —, é condenado em tribunal por um qualquer juiz activista.
Convém dizer que nem o Cristianismo, nem o paganismo, ensinam éticas altruístas
Tanto a moral cristã como a moral pagã (não a actual moral pagã dos nazis, mas antes a moral pagã da Antiguidade Tardia), são individualismos éticos que impõem deveres sociais apenas como meios de atingir um determinado fim — no caso do paganismo: o fim é a perfeição terrena; no caso do Cristianismo: a salvação eterna.
Portanto, a ideia segundo a qual “o esquerdista procura a colectivização de uma ética altruísta, na esteira do Cristianismo” é absolutamente falaciosa.