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3.4.22

A politização da Justiça

 


pensamento unico 300 webQuando falamos hoje em “regime político” (em Portugal), em geral, já não podemos distinguir claramente a Esquerda e a Direita: é praticamente tudo igual, excepto algumas diferenças na forma como a economia deve ser orientada.

A Direita não é mais do que uma “Esquerda moderada” — porque a sua ideologia  parte dos mesmos pressupostos / princípios (acerca da realidade, entendida em si mesma) dos que são adoptados pela Esquerda.

A Direita do nosso tempo é uma “Esquerda de Ontem”, desejosa de digerir, em paz e sossego, o seu opíparo manjar de iguarias burguesas.


A Esquerda controla o regime, e a chamada “Direita” vai a reboque.

Um indivíduo da “Direita normalizada” é hoje um “progressista paralisado” —  E quando alguém da “Direita” (ou da Não-esquerda, como queiram) se rebela contra a agenda política da Esquerda, entra em funcionamento o “bullying” da Esquerda —

Todo o indivíduo que desagrade ao intelectual de Esquerda, merece a morte.

O controlo do regime pressupõe a existência de privilégios concedidos à Esquerda, e dos quais a Direita não pode — de modo nenhum! — usufruir (tolerância repressiva).

Por exemplo, é permitido (pelo regime) que a Esquerda possa publicamente insultar, difamar, vilipendiar. Mas se alguém se lembra de fazer o mesmo em relação a um dignitário de Esquerda, é logo metido em tribunal. Esta é a nova estratégia da Esquerda, face ao surgimento de uma nova Direita que se rebelou contra o seu estatuto de menoridade e de inferioridade.

A liberdade de expressão só se aplica plenamente à Esquerda.

O esquerdista português a mente revolucionária, em geral,  clama pela “liberdade que está moribunda!”, quando as suas vítimas se recusam a contribuir para os seus próprios assassinatos — físicos, intelectuais ou morais.

A política tem uma relação estreita com a assumida “superioridade moral” da Esquerda.

Essa política cumpre o desígnio da construção de um Totalitarismo de Veludo, substituindo provisoriamente as funções de uma polícia do pensamento, e com a contribuição valiosa dos juízes activistas que exercem (provisoriamente) as funções de inspectores de uma polícia política em construção.

Por outro lado, o esquerdista acredita piamente que a opinião de um antagonista de Direita é refutada acusando-o de “imoral” (ad Hominem). O seu antagonista é “imoral”, e por isso “não tem razão” — sendo que a “moral” adoptada pelo esquerdista é discricionária, por um lado, e por outro lado é considerada a única, e sem qualquer discussão possível.

O esquerdista diz-se, dele próprio, que é uma parte do processo democrático; mas, em boa verdade, sente-se o juiz. Hoje, só é considerado “imparcial” aquele que aceita, sem discutir, as teses da Esquerda; e quem as discute e as coloca em causa — muitas vezes respondendo na mesma moeda utilizada pela Esquerda —, é condenado em tribunal por um qualquer juiz activista.

Convém dizer que nem o Cristianismo, nem o paganismo, ensinam éticas altruístas

Tanto a moral cristã como a moral pagã (não a actual moral pagã dos nazis, mas antes a moral pagã da Antiguidade Tardia), são individualismos éticos que impõem deveres sociais apenas como meios de atingir um determinado fim — no caso do paganismo: o fim é a perfeição terrena; no caso do Cristianismo: a salvação eterna.

Portanto, a ideia segundo a qual “o esquerdista procura a colectivização de uma ética altruísta, na esteira do Cristianismo”  é absolutamente falaciosa.