Furacão Humberto e tempestade Imelda vão afetar Portugal? Presença de ambos no Atlântico “pode favorecer descida das temperaturas”

Fenómenos naturais não devem provocar ocorrências como a tempestade Gabrielle, mas, através da interação de Fujiwhara, podem alterar a localização do anticiclone dos Açores
Atualmente, o furacão Humberto é de categoria 4, mas chegou momentaneamente à categoria 5 antes de enfraquecer ligeiramente, explica ao Expresso Hélder Lopes, professor do Departamento de Geografia da Universidade do Minho.
O
fenómeno apresenta ventos de cerca de 230 km/h e encontra-se próximo
das ilhas Bermudas, deslocando-se em direção a noroeste e norte.
Já a tempestade tropical Imelda
formou-se entre Cuba e as Bahamas, onde permanece. Os ventos são muito
inferiores aos do furacão Humberto, variando entre 92 e 95 km/h.
“A
previsão é de que a Imelda se desloque para norte inicialmente e depois
faça uma curvatura para leste/nordeste, afastando-se da costa dos
Estados Unidos. Há expectativa de que evolua para furacão de categoria 1 antes dessa curva”, adianta o geógrafo.
Interação entre Humberto e Imelda pode afetar o clima em Portugal
Apesar de não terem impacto direto em Portugal, Humberto e Imelda podem alterar o padrão climatérico no Atlântico. A explicação está na interação de Fujiwhara, que ocorre quando dois ciclones tropicais se encontram suficientemente próximos e os seus centros começam a “girar em torno um do outro”, modificando trajetórias habituais.
Se isso acontecer, os fenómenos podem influenciar a posição do anticiclone dos Açores, deslocando-o para leste ou afastando-o da sua posição central no oceano. “Ao interagirem, os dois ciclones tropicais podem exercer força no padrão atmosférico ao redor, puxando ou deslocando sistemas de alta pressão adjacentes”, esclarece Hélder Lopes.
Em Portugal, o cenário mais provável é de alterações ligeiras no estado do tempo. Segundo o geógrafo, o deslocamento do anticiclone “pode favorecer a entrada de ventos de norte e provocar uma descida das temperaturas no próximo fim de semana”, ainda que o resultado final dependa da evolução dos dois sistemas tropicais.*
* Fonte do texto: Jornal Expresso.