2019-02-26 (IPMA)
50 anos sobre o grande sismo de 1969
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências e o laboratório associado Instituto Dom Luiz estão a lançar um inquérito macrosísmico nacional por ocasião dos 50 anos sobre o grande sismo de 1969.
Este é o sismo de maior magnitude sentido na Europa desde o grande terramoto de Lisboa de 1755. Ocorreu na madrugada de 28 de fevereiro de 1969 tendo gerado alarme e pânico entre a população, cortes nas telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica.
Para além do continente português, foi sentido na Madeira, Espanha, Marrocos e França, com registo de vítimas mortais em Portugal e Marrocos, tendo ainda sido gerado um pequeno tsunami registado instrumentalmente.
O sismo ocorreu numa época em que a instrumentação sísmica não estava ainda suficientemente desenvolvida, sendo fundamental complementar os poucos registos instrumentais de então com os testemunhos da população afetada. Neste momento, as tecnologias de comunicação permitem uma recolha de dados muito mais alargada do que a que foi possível naquele tempo.
E, por motivos facilmente compreensíveis, não haverá no futuro outra ocasião com este significado e com real possibilidade de se salvaguardar esta memória. É por isso agora o momento certo para realizar um inquérito macrosísmico sobre os efeitos deste sismo tão importante.
O inquérito pode ser acedido em http://sismo1969.ipma.pt.
Sismo de Portugal de 1969
Sismo de Portugal de 1969 | |
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Epicentro | 36.01º N, 10.57º W, Sudoeste de Sagres |
Magnitude | 8,0 MW |
Data | 28 de fevereiro de 1969 |
Zonas atingidas | Sul de Portugal e Região de Lisboa |
Vítimas | 13 |
Atingiu toda a região de Portugal, norte de Marrocos e parte de Espanha, sendo o último grande sismo a ocorrer em Portugal Continental, e o mais importante do século XX.
O epicentro do sismo ocorreu a 36.01º N, 10.57º W, no Oceano Atlântico a sudoeste do Cabo de São Vicente, e a magnitude atribuída foi de 8 na escala Richter e VIII na escala de Mercalli.
Este evento é interpretado como resultante da compressão interplaca (Africana e Euroasiática) que ocorre na região sudoeste ibérica.
O sismo provocou alarme e pânico entre a população, cortes na telecomunicações e no fornecimento de energia eléctrica.
Registaram-se 13 vítimas mortais em Portugal Continental, 2 como consequência direta do sismo, e 11 indiretas. A maior intensidade (VIII) foi sentida no Algarve, sendo atribuida a Lisboa uma intensidade (VII).
Referências
- Lopez-Arroyo A. and A. Udias. Aftershock sequence and focal parameters of the February 28, 1969 earthquake of the Azores-Gibraltar fracture zone. Bulletin of the Seismological Society of America 1972 62: 699-719.
- Buforn, E., A. Udias, and M.A. Colombas, 1988, Seismicity, source mechanisms and tectonics of the Azores-Gibraltar plate boundary, Tectonophysics 152(1-2): 89-118.
- Fukao, Y. (1973). Thrust faulting at a lithosphere plate boundary. The Portugal earthquake of 28.02.1969. Earth and Planet. Sc. Lett., vol.18, pp 205-216
- Quintino, Júlio (1970). O SISMO DE 28 DE FEVEREIRO DE 1969. Sep. Bol. Lab. Mineralógico e Geológico Fac. Ciências, 11. p 265-292.
No
último dia de fevereiro de 1969, os portugueses acordaram
sobressaltados. Um terramoto de magnitude 7,9 na escala de Richter
interrompeu a noite, com especial veemência na região algarvia. O último
sismo a assustar Portugal destruiu, mas esteve longe do potencial de
devastação a que o país está sujeito. “Foi um aperitivo”, avisa o
investigador Mário Lopes.
Como nenhum outro desde então, o terramoto de magnitude 7,9 na escala de Richter provocou estragos, arrasou uma aldeia, deu azo a um pequeno tsunami e provocou 13 vítimas mortais, duas das quais consideradas vítimas diretas do abalo.
O sismo foi sentido em Marrocos, mas também em Bordéus e nas Canárias. Em Portugal, o Algarve foi a região mais afetada. Era também a que estava mais próxima do epicentro, localizado a cerca de 200 quilómetros a sudoeste de Sagres.