Ia rasgar meus pobres versos quando
uma Ave na gaiola entristeceu.
E ao vê-la acabrunhada olhando o céu
perguntei-lhe em que estava ela pensando.
- " Poder voar ! " me respondeu chorando.
- " P´ra quê ? " volvi. " Sou grande amigo teu "
" e receio demais que o povoleu
" te apedreje, impiedoso, gargalhando ...
VOAR |
Ela fitou-me, cheia de ternura ...
E eu então, que a animara tanta vez
Soltei-a ! ... Abriu as asas pela altura.
- " Melhor, disse eu, farias em ficar ... "
E ela tornou, de longe, assim : - " Talvez !
Mas cumpro o meu Destino - que é voar ... ?
Poema de autoria de: Inácio Vaz da Cruz
-editado no ano de 1940