As propriedades rústicas do Alentejo são, na maior parte, distribuidas em terrenos mais ou menos extensos chamados herdades.
Essa distribuição teve origem em tempo de D. Afonso III que, abolindo as jugadas estabelecidas por D.Afonso Henriques e os foros certos ou censos de D. Sancho I, deu as terras livres alodiais, separando a parte que reservou para si, em reguengos. Estes terrenos, passando em herança de pais para filhos, tomaram o nome de terras herdadas ou herdades.
É a este sistema de divisão de terreno em grandes propriedades livres, que se deve atribuir o defeito da falta de população, em que sempre esteve e ainda está todo o Alentejo. Mas ele foi naqueles tempos necessário.
Das épocas anteriores à invasão árabe, nenhuns vestígios se encontram, que nos mostrem qual era a população dos extensos sertões situados entre o Sado e os serros de Monchique; entre o oceano e os plainos de Aljustrel e de Ourique. Eram provavelmente vastas e sombrias florestas de sobreiros, carvalhos e azinheiros, só habitadas pelos animais bravios.
Nem o Celta, nem o Lusitano deixaram um só vestígio da sua existência nestes lugares, sem dúvida mais desertos então do que hoje. O legionário romano não curava de arrotear terras. Só conhecia a via militar, e o castro ou presídio a que ela o conduzia. O Godo, sempre em contínuas lutas, destruía sem produzir. Durante o domínio muçulmano, a agricultura atingiu certo grau de desenvolvimento, se atendermos aos vestígios da existência de casais agrícolas, situados no centro das matas, e apartados das povoações acasteladas. Estes vestígios são os nomes que ainda conservam algumas povoações rurais,tais como.
Alfardim, Aduares, Almadamim, Almagede, Alcarial, Alcoleia, Feitais, Ademas, Afincerna ,Alqueivinhos ,Enxarafe ,Fataca, Alpendre , Lesiria, etc.
Desde esse tempo até aos primeiros reis portugueses, as guerras e correrias continuadas entre moiros e cristãos assolaram, e deviam quase inteiramente despovoar, estes vastos territórios, que só poderiam ser de novo povoados assegurando-se aos colonos a posse das terras para si e para seus descendentes.
Tal foi, segundo nos parece, o motivo que levou D. Afonso III a dividir o país em grandes propriedades, sem o qual estímulo, dificilmente seria povoado. *
Extraído de um artigo publicado no ano de 1860 no jornal " O Bejense "
Essa distribuição teve origem em tempo de D. Afonso III que, abolindo as jugadas estabelecidas por D.Afonso Henriques e os foros certos ou censos de D. Sancho I, deu as terras livres alodiais, separando a parte que reservou para si, em reguengos. Estes terrenos, passando em herança de pais para filhos, tomaram o nome de terras herdadas ou herdades.
É a este sistema de divisão de terreno em grandes propriedades livres, que se deve atribuir o defeito da falta de população, em que sempre esteve e ainda está todo o Alentejo. Mas ele foi naqueles tempos necessário.
Das épocas anteriores à invasão árabe, nenhuns vestígios se encontram, que nos mostrem qual era a população dos extensos sertões situados entre o Sado e os serros de Monchique; entre o oceano e os plainos de Aljustrel e de Ourique. Eram provavelmente vastas e sombrias florestas de sobreiros, carvalhos e azinheiros, só habitadas pelos animais bravios.
Nem o Celta, nem o Lusitano deixaram um só vestígio da sua existência nestes lugares, sem dúvida mais desertos então do que hoje. O legionário romano não curava de arrotear terras. Só conhecia a via militar, e o castro ou presídio a que ela o conduzia. O Godo, sempre em contínuas lutas, destruía sem produzir. Durante o domínio muçulmano, a agricultura atingiu certo grau de desenvolvimento, se atendermos aos vestígios da existência de casais agrícolas, situados no centro das matas, e apartados das povoações acasteladas. Estes vestígios são os nomes que ainda conservam algumas povoações rurais,tais como.
Herdade alentejana ( Quadro e foto de J.P.L. ) |
Desde esse tempo até aos primeiros reis portugueses, as guerras e correrias continuadas entre moiros e cristãos assolaram, e deviam quase inteiramente despovoar, estes vastos territórios, que só poderiam ser de novo povoados assegurando-se aos colonos a posse das terras para si e para seus descendentes.
Tal foi, segundo nos parece, o motivo que levou D. Afonso III a dividir o país em grandes propriedades, sem o qual estímulo, dificilmente seria povoado. *
Extraído de um artigo publicado no ano de 1860 no jornal " O Bejense "