" O general Gomes da Costa, um militar de grande prestígio, saíra de Braga seguido de toda a guarnição e avançara sobre Lisboa numa marcha triunfal. Gomes da Costa, na sua proclamação declarara:
" VERGADA SOB A ACÇÃO DUMA MINORIA DEVASSA E TIRÂNICA, A NAÇÃO SENTE-SE MORRER. EU POR MIM REVOLTO-ME ABERTAMENTE "
Ninguém se lhe opôs porque a verdade era que não só Gomes da Costa mas o país inteiro sentia-se revoltado, estava, enfim, farto!
Estava toda a gente farta e foi com um suspiro de alívio que a enorme maioria dos portugueses acolheu e abençoo o 28 de Maio. " *
* PEDRO FALCÃO. " OS VALARES "
Isto ocorreu em 1926 como sabemos. E se fosse nos dias de hoje?
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Manuel Gomes da Costa
Nota: Para a avenida homónima, veja Avenida do Marechal Gomes da Costa.
Manuel Gomes da Costa | |
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Manuel Gomes da Costa | |
10.º Presidente da República Portuguesa | |
Período | 29 de junho de 1926 a 9 de julho de 1926 |
Antecessor | José Mendes Cabeçadas |
Sucessor | Óscar Carmona |
Presidente do Ministério de Portugal | |
Período | 17 de junho de 1926 a 9 de julho de 1926 |
Antecessor | José Mendes Cabeçadas |
Sucessor | Óscar Carmona |
Dados pessoais | |
Nome completo | Manuel de Oliveira Gomes da Costa |
Nascimento | 14 de janeiro de 1863 Portugal, Lisboa, Santa Isabel |
Morte | 17 de dezembro de 1929 (66 anos) Portugal, Lisboa, São Sebastião da Pedreira |
Primeira-dama | Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936) |
Partido | Independente (até 1917 e 1918–1929), Partido Centrista Republicano (1917–1918) |
Profissão | Militar (Marechal) |
Assinatura |
Manuel de Oliveira Gomes da Costa GOTE • GOA • GCA (Santa Isabel, Lisboa, 14 de janeiro de 1863 — São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 17 de dezembro de 1929) foi um militar e político português, presidente do Ministério acumulando com a chefia do Estado, fazendo dele o de facto décimo presidente da República Portuguesa e o segundo da Ditadura Nacional.
Biografia
Carreira militar
Enquanto soldado, destacou-se nas campanhas de pacificação das colónias, na Índia e em África, e ainda na I Grande Guerra. Ao lado dos Aliados, em inícios de 1917, comandou a Segunda Divisão do Corpo Expedicionário Português. Durante a Batalha de Lys, em 9 de abril de 1918, o CEP teve 400 baixas e cerca de 6500 prisioneiros, um terço de suas forças na linha de frente. A divisão de Gomes da Costa foi particularmente atingida e foi praticamente exterminada.
A 15 de Fevereiro de 1919 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis,[1] a 14 de Setembro de 1920 foi feito Grande-Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a 5 de Outubro de 1921 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis.[2]
Revolução
Um monárquico convicto, Gomes da Costa, tinha convivido com pessoas de várias convicções políticas. Isso e a sua reputação de soldado levaram-no a liderar a direita conservadora, cujos revolucionários lideraram o golpe de estado de 28 de maio de 1926 em Braga, que derrubou a Primeira República portuguesa, depois da morte do general Alves Roçadas, sua escolha original, que deveria ter sido seu chefe.[1]Depois do sucesso da revolução, ele não assumiu o poder a princípio, confiando os cargos de Presidente da República e Presidente do Conselho de Ministros (Primeiro-Ministro) a José Mendes Cabeçadas, o líder da revolução em Lisboa. Logo os líderes do golpe não gostaram da atitude de Mendes Cabeçadas, uma escolha do anterior presidente Bernardino Machado e ainda simpatizante da antiga república. Ele foi substituído por Gomes da Costa em ambos os cargos numa reunião do quartel-general em Sacavém, a 17 de Junho de 1926. O novo governo foi o primeiro a incluir o último primeiro-ministro e ditador de Portugal, António de Oliveira Salazar, como ministro da Fazenda.
O governo de Gomes da Costa durou tanto quanto o de Mendes Cabeçadas, porque foi derrubado por um novo golpe em 9 de julho do mesmo ano. Esta contra-revolução foi chefiada por João José Sinel de Cordes e Óscar Carmona, depois de Gomes da Costa tentar remover Carmona como ministro das relações exteriores e de se revelar incapaz de lidar com os dossiers governativos.
Exílio e posteridade
Carmona, agora presidente do Ministério, enviou-o para o exílio nos Açores, e fê-lo Marechal do Exército Português, usando o pretexto de que Gomes da Costa era "inapto para o cargo".[1] Ainda exerceu algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Em Setembro de 1927, regressou já doente ao Continente, tendo falecido em condições miseráveis, sozinho, pobre e desligado do poder, 3 meses depois.[1] Faleceu em casa, na rua João Crisóstomo, n.º7, terceiro andar, da freguesia de São Sebastião da Pedreira, sendo a causa de morte insuficiência cardio-renal. O funeral seguiu para o Cemitério do Alto de São João.
Parte do seu espólio literário encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal. Encontra-se colaboração sua na revista
Contemporânea[3] (1915-1920).
Gomes da Costa foi casado com Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936), cujo matrimónio ocorreu em Penamacor, a 15 de Maio de 1885. Deste casamento tiveram três filhos: Estela Henriqueta de Mira Godinho Gomes da Costa (1889-1968), que casou com Pedro Francisco Massano de Amorim (1862-1929), Governador da Índia, viúvo de Elvira Gorjão de Oliveira Amorim, sem descedência; Manuela de Mira Godinho Gomes da Costa (1890-1969), que casou com João Herculano de Melo e Moura (1893-1990), com descendência, e posteriormente no estado de divorciada com Joaquim Nunes Ereira, de quem não teve filhos; Carlos Gomes da Costa (1891-1967), que casou com Helena do Carmo May de Oliveira, com descendência.
Obra Publicada
- Gaza: 1897-1898. Lisboa : M. Gomes, 1899.
- A Grande Batalha do C. E. P. (A Batalha do Lys) 9 de Abril de 1918. Lisboa : Livraria Popular de Francisco Franco, 1919.
- O Corpo de Exército Português na Grande Guerra: A Batalha do Lys: 9 de Abril de 1918. Porto : Tip. Renascença Portuguesa, 1920.
- A guerra nas colonias: 1914-1918. Lisboa :Portugal-Brasil, 192_.
- Soldados de Portugal. Macau : Imprensa Nacional, 1923.
- Descobrimentos e conquistas. Lisboa : Serv. Gráf. do Exército, 1927.
- Descobrimentos e conquistas: Afonso de Albuquerque: 1569-1915. Lisboa: Imprensa Nacional, 1929.
- Memórias. Prefácio de Aires de Ornelas; posfácio do Coronel Ferreira do Amaral. Lisboa : A. M. Teixeira & C.ª, 1930.
- A revolta de Goa e a campanha de 1895-1896. Lisboa : Soc. Ind. de Tipografia, 1939.
Referências
Ligações externas
- Museu da Presidência da República: Gomes da Costa
- Presidência da República: Manuel de Oliveira Gomes da Costa
- Gomes da Costa, o homem que derrubou a 1ª República, Os Presidentes (Ep. 3) (Extrato de Documentário), por Alexandrina Pereira / Rui Pinto de Almeida, Braveant para a RTP, 2011
- Foto de Gomes da Costa como Presidente da República