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Na imagem de satélite das 11h30
podemos observar a depressão no Oceano Atlântico, entre Portugal Continental e
o Arquipélago dos Açores; o seu deslocamento processa-se para leste/nordeste,
tendendo a ser cada vez mais lento de tal forma que o seu núcleo só deverá
atingir a Península Ibérica por volta das 18h00. O cavamento da depressão deu
origem a um sistema frontal, cujo ramo quente (superfície frontal quente) tem
estado a atravessar o território de Portugal Continental desde as primeiras
horas da manhã de hoje, originando um aumento da nebulosidade e ocorrência de
precipitação, acompanhada por algum vento, sobretudo nas regiões do norte e
centro.
O ramo frio (superfície frontal
fria) começa agora a organizar-se sobre o Oceano Atlântico e deverá atingir Portugal
Continental a partir do meio da tarde, afectando primeiro as regiões do litoral
e progredindo depois para o interior; a passagem da superfície frontal fria dará
origem a períodos de chuva, por vezes fortes e acompanhados por rajadas de
vento muito fortes.
Após a passagem da superfície
frontal fria, o vento rodará de sudoeste para oeste/noroeste e tornar-se-á
moderado a forte; o regime de chuva dará lugar a aguaceiros, pontualmente
fortes havendo ainda a possibilidade de ocorrência de trovoadas e queda de
granizo.
A entrada do ar frio fará descer
a temperatura do ar e cota de neve nas regiões do interior.
Tempestade Stephanie teve rajada de 134,3 km/h e ondas de 17 metros em Sines
Rajadas de vento que ultrapassaram 100km/h em alguns locais, tendo-se mesmo registado 134,3 km/h no Cabo da Roca, ondas de […]
Rajadas
de vento que ultrapassaram 100km/h em alguns locais, tendo-se mesmo
registado 134,3 km/h no Cabo da Roca.
Ondas de 12,5 metros em Leixões e
ondas de 17 metros em Sines, são alguns dos números extremos da
tempestade Stephanie, que atingiu Portugal e o Atlântico Norte no fim de
semana, segundo dados hoje revelados pelo Instituto Português do Mar e
da Atmosfera.
O IPMA explica que, durante a tarde do dia 8 de fevereiro e o dia 9,
uma depressão no Atlântico Norte, localizada entre a costa leste do
Estados Unidos da América e os Açores, «sofreu, no seu deslocamento para
leste, um processo de ciclogénese explosiva, registando-se uma descida
da pressão de 29 hPa entre as 12UTC (12 horas locais) do dia 08 e as
12UTC do dia 09».
Às 18 UTC (18h00 em Portugal Continental), do dia 9 de fevereiro,
domingo, a depressão, designada por Stephanie pela universidade de
Berlim, centrava-se na Corunha, com um mínimo de pressão de 981 hPa
(Figura 1), deslocando-se para es-nordeste, vindo a localizar-se às
06UTC do dia 10, no sul de França.
A aproximação desta depressão à costa ocidental portuguesa originou
precipitação, por vezes forte, em especial nas regiões do litoral oeste,
e vento forte de sudoeste ou de oeste com rajadas.
Estas rajadas, durante a tarde e a noite do dia 9, ultrapassaram
100km/h em alguns locais, tendo-se registado 134,3 km/h no Cabo da Roca
às 20:20UTC.
A tabela 1 mostra os valores mais elevados da rajada
registados na rede de estações meteorológicas do IPMA.
A partir da noite do dia 9, com o deslocamento da depressão para o
Golfo da Biscaia, verificou-se uma rotação do vento para noroeste,
mantendo-se forte e com rajadas da ordem de 80 a 90 km/h, durante a
madrugada do dia 10.
O vento intenso associado à depressão originou agitação marítima
forte no Atlântico, tendo sido registadas nas bóias ondógrafo do
Instituto Hidrográfico (IH) ondas com altura significativa, Hs, até 8
metros e com altura máxima, Hmax, de 12.5 metros em Leixões e 17 metros
em Sines (Figura 2), associadas a um período de médio de 10 segundos.
As previsões dos modelos numéricos (Figura 3), assim como as
previsões do Centro Operacional de Previsão do Tempo do IPMA, foram
corroboradas pelas medições obtidas pela rede de bóias ondógrafo do
Instituto Hidrográfico.
No entanto, «as ondas de altura máxima com 17 metros, observadas em
Sines, podem ser designadas como “freak (ou rogue) wave”, uma vez que a
sua altura foi maior que o dobro da altura significativa (Hs ~8 m), o
que se pode considerar como um evento extremo, dado que a probabilidade
de ocorrer é inferior a 1%», acrescenta o IPMA.
Apesar das inúmeras similaridades entre esta ondulação e aquela que
ocorreu no passado dia 6 de Janeiro (associada à passagem da tempestade
Christina), nomeadamente nos valores de Hs e da direção de propagação,
«as diferenças nos valores dos períodos de ondas determinam diferenças
na energia e no comprimento de onda».
Contrariamente à ondulação originada pela tempestade Christina, a
ondulação gerada pela tempestade Stephanie «apresentou um período médio
de 10 segundos, explicado pelo facto da sua geração ter ocorrido
substancialmente mais perto da costa Oeste Portuguesa e durante menos
tempo, quando comparadas com as ondas geradas pela tempestade Christina
ao longo do seu trajeto ao longo de uma enorme faixa no Atlântico
Norte».
Os registos feitos mostram que, apesar de tudo, a tempestade
Stephanie acabou por não ser tão violenta para a costa ocidental
portuguesa, como a Christina, em janeiro.
A questão do período médio das ondas, que agora foi mais curto, é importante. É que, segundo Bruno Gonçalves, do site MeteoFontes,
«para duas ondas com a mesma altura, a onda que tiver um período maior
(intervalo de tempo entre duas ondas) terá consequentemente um
comprimento de onda maior, logo, uma energia associada muito maior.
É a
tal questão de se ter comentado que essas ondas pareciam
“mini-tsunamis”, pois uma onda com grande comprimento de onda, quando
vem, traz consigo uma grande massa de água atrás, que leva mais tempo a
rebentar e percorre uma maior distância ao rebentar na praia, entrando
praia dentro e chegando a zonas onde não era suposto chegar. As ondas de
menor período, rebentam mas não se “espraiam” muito, pois são mais
curtas».
«Estas ondas da Stephanie, se tivessem tido um período similar à
Christina, estaríamos agora a falar do desaparecimento de muitas praias e
apoios balneares, assim como, por exemplo, a derrocada das torres de
Ofir…», acrescenta o meteorologista amador.