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10.3.20

A NOZ

A propósito do que vamos ouvindo por aí acerca da justiça, ou da falta dela, resolvi editar o pequeno trecho que segue


                                                                    A     NOZ

Debaixo de uma grande nogueira, e perto de uma aldeia encontraram dois rapazes uma noz. 

« A noz é minha », gritou Inácio; « porque fui eu o primeiro que a vi ».

 «  Não ! » respondeu Bernardo; « eu entendo que ela é minha porque fui eu quem a apanhou ».

 E ambos travaram uma briga assanhada.

 « Eu vou terminar a contenda »;

 » disse outro rapaz mais crescido que acabava de chegar. 

Colocou-se no meio dos dois, abriu a noz, e falou deste modo:

 « Uma metade da casca pertence àquele que primeiro viu a noz;
   a outra àquele que a apanhou; e o miolo guardo eu para mim pela minha sentença ».

    « Este », acrescentou ele a rir, « é o resultado ordinário da maior parte das demandas. »*

 * Texto extraído da obra  " Exercícios Preparatórios de Composição "
    Editada em Lisboa no mês de Fevereiro de 1881

   




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