2023-06-05 (IPMA)
Durante a semana que teve início em 28 de maio, o território de
Portugal continental foi afetado por condições meteorológicas adversas,
caraterizadas pela ocorrência de trovoadas acompanhadas por aguaceiros
fortes, por vezes de granizo e, frequentemente, por rajadas fortes de
vento. A sua incidência foi diferenciada sobre o território e
verificou-se em períodos distintos, consoante as áreas e instantes em
que a coexistência dos diversos ingredientes atmosféricos indispensáveis
para o efeito, se foi materializando.
A convecção atmosférica desempenhou um papel central nestas condições.
Trata-se de um processo responsável pela subida espontânea do ar por
efeito de impulsão. O aquecimento radiativo junto ao solo, ao aumentar
localmente a instabilidade disponível, e os efeitos da orografia, ao
facilitarem a libertação dessa instabilidade desempenharam, também, um
papel importante na distribuição da precipitação. No seu conjunto,
contribuem para determinar as áreas onde, a cada momento, a
instabilidade se liberta e, portanto, os locais onde a subida do ar
húmido, organizada segundo fortes correntes ascendentes, se estabelece.
Quando predomina um regime de condições favoráveis à ocorrência de
trovoada, é possível que numa área, como a de um distrito, se verifique
uma grande variabilidade quanto aos locais afetados por condições
adversas: determinados locais podem ser fortemente afetados por chuva
forte, granizo e/ou vento, mas outros locais próximos poderão não sentir
efeitos significativos.
No dia 28, próximo da Mêda (distrito da Guarda) (figura 1), foram
observados cerca de 50 mm (valor com alguma sobrestimação por efeito da
queda de granizo), mas numa região situada menos de 10 km para nordeste,
foram observados apenas 2 mm durante as 24 horas do dia. No dia 29, na
área da Serra Amarela (distrito de V. do Castelo) (figura 2), o radar
observou valores da ordem de 50-70 mm, mas é visível que, por exemplo,
numa área situada a nordeste de Braga, relativamente próxima, os valores
acumulados foram apenas da ordem de 3 mm. O mesmo se poderá dizer de
outras áreas situadas mais a sul, em que existem valores muito
discrepantes em áreas vizinhas (figura 2). No dia 30, nas vizinhanças de
Boticas (distrito de Vila Real), foi observado pelo radar um valor de
cerca de 45 mm (figura 3) mas poucos quilómetros a sudoeste desta área,
pouco choveu
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