Acordou hoje o Cobre com nuvens cinzentas que a pouco e pouco se desfizeram em generosa água.
A terra sequiosa agradeceu exalando um aroma singular.
Incómoda, para a maioria, esta chuva de Primavera não o foi para uns poucos, refiro-me aos outros habitantes deste recanto de Cascais, as aves, a vegetação e talvez algum humano que cultive algo ao ar livre.
Autrora, quando a actual urbe primava pela ausência, tudo isto, ao redor, eram campos cultivados.
Memorizei alguns desses locais e alguns desses aromas que jamais voltarão.
O meu Cobre menino, parafraseando o insígne cascalense Sr: Pedro Falcão, bom e saudoso Amigo, era então um jardim.
De minha casa ao " alto dos tanques" assim chamado por ser ali que estavam ( e estão, desactivados ) os tanques públicos para lavagem da roupa, existiam as " quinta do Calça a Bota " seguida da " quinta do Casaleiro " pomposos nomes dados a pequenas courelas onde se colhiam rosas, favas, alfaces, trigo e muito mais.
Separadas pelos hoje raros muros de pedra e rodeadas por pinhais entre os quais, também, algumas figueiras, oliveiras, medronheiros, nespereiras, amendoeiras entre outras coabitavam.
Na fotografia que ilustra esta memória temos um exemplar desses muros.*
Este está já condenado ao progresso e ao cimento, como todos os demais.
Dizia eu o quanto esta chuva foi generosa.
Nos tempos da minha meninice tudo era natureza, terra a terra desde a serra até aqui.
Ainda me recordo muito bem da existência de algumas destas áreas onde se criavam suínos a que nós crianças admirava-mos a voracidade.
Aves e coelhos a chamada " criação " quase todos tinham algo de seu.
Por estas ruas, hoje de nomes sonantes, corria-mos alheios pisando a lama da terra.
Aqui perto de mim havia a quinta do " Maluco " cercada por um muro alto com escalhas de vidro no topo, e que no seu interior o proprietário construira uma habitação em altura a que nós chamava-mos o " mirante ", no alto da mesma estava uma espécie de banco onde se dizia o sr: tomava banhos de sol em pelota.
Nunca vi tal cena mas, do " mirante ", recordo-me como se fosse agora e não há mais de quarenta anos quando o derrubaram como tudo o demais afim da urbanização geral destes arredores.
Penso nas fotografias magnificas que aquele sr:, caso quisesse, teria obtido de um local tão previlégiado.
Vou escrevendo e ocorrem-me as memórias. Agora fico por aqui pois as palavras são como as cerejas. No entanto hei-de voltar ao tema.
* Hoje, Julho de 2020, No lugar onde obtive a foto do muro está um edificado um colégio. Ao redor nada mais há a não ser urbanizações. Para quem quiser ver.
A terra sequiosa agradeceu exalando um aroma singular.
Incómoda, para a maioria, esta chuva de Primavera não o foi para uns poucos, refiro-me aos outros habitantes deste recanto de Cascais, as aves, a vegetação e talvez algum humano que cultive algo ao ar livre.
Autrora, quando a actual urbe primava pela ausência, tudo isto, ao redor, eram campos cultivados.
Memorizei alguns desses locais e alguns desses aromas que jamais voltarão.
O meu Cobre menino, parafraseando o insígne cascalense Sr: Pedro Falcão, bom e saudoso Amigo, era então um jardim.
De minha casa ao " alto dos tanques" assim chamado por ser ali que estavam ( e estão, desactivados ) os tanques públicos para lavagem da roupa, existiam as " quinta do Calça a Bota " seguida da " quinta do Casaleiro " pomposos nomes dados a pequenas courelas onde se colhiam rosas, favas, alfaces, trigo e muito mais.
Separadas pelos hoje raros muros de pedra e rodeadas por pinhais entre os quais, também, algumas figueiras, oliveiras, medronheiros, nespereiras, amendoeiras entre outras coabitavam.
MURO DE PEDRA SOLTA A NORTE DOS DEPÓSITOS DE ÁGUA. Foto de J.P.L em Junho de 2012 |
Na fotografia que ilustra esta memória temos um exemplar desses muros.*
Este está já condenado ao progresso e ao cimento, como todos os demais.
Dizia eu o quanto esta chuva foi generosa.
Nos tempos da minha meninice tudo era natureza, terra a terra desde a serra até aqui.
Ainda me recordo muito bem da existência de algumas destas áreas onde se criavam suínos a que nós crianças admirava-mos a voracidade.
Aves e coelhos a chamada " criação " quase todos tinham algo de seu.
Por estas ruas, hoje de nomes sonantes, corria-mos alheios pisando a lama da terra.
Aqui perto de mim havia a quinta do " Maluco " cercada por um muro alto com escalhas de vidro no topo, e que no seu interior o proprietário construira uma habitação em altura a que nós chamava-mos o " mirante ", no alto da mesma estava uma espécie de banco onde se dizia o sr: tomava banhos de sol em pelota.
Nunca vi tal cena mas, do " mirante ", recordo-me como se fosse agora e não há mais de quarenta anos quando o derrubaram como tudo o demais afim da urbanização geral destes arredores.
Penso nas fotografias magnificas que aquele sr:, caso quisesse, teria obtido de um local tão previlégiado.
Vou escrevendo e ocorrem-me as memórias. Agora fico por aqui pois as palavras são como as cerejas. No entanto hei-de voltar ao tema.
* Hoje, Julho de 2020, No lugar onde obtive a foto do muro está um edificado um colégio. Ao redor nada mais há a não ser urbanizações. Para quem quiser ver.