| O FOGO DE PEDRÓGÃO GRANDE VISTO DE BORDO DE UM CANADAIR |
Incêndio florestal de Pedrógão Grande em 2017
| Incêndio florestal de Pedrógão Grande em 2017 | |
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Imagem de satélite da NASA das nuvens de fumo sobre Portugal a 18 de junho de 2017. |
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| Local | Pedrógão Grande, Leiria |
| Data | 17 de junho de 2017 — 24 de junho de 2017 |
| Área queimada | 53 000 ha |
| Uso do solo | áreas florestais e urbanas |
| Vítimas mortais | 64 mortos |
| Feridos | 254 feridos (7 graves) |
| Motivo | Trovoada seca |
| Coordenadas | |
| Mapa | |
| Localização em Portugal. | |
O incêndio florestal de Pedrógão Grande deflagrou a 17 de junho de 2017 no concelho de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, em Portugal, tendo alastrado aos concelhos vizinhos de Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Ansião e Alvaiázere (também distrito de Leiria); ao concelho da Sertã (distrito de Castelo Branco); ao concelho de Pampilhosa da Serra (distrito de Coimbra) e ao concelho de Góis (Coimbra).
O desastre é o maior incêndio florestal de sempre em Portugal, o mais mortífero da história do país[ e o 11.º mais mortífero a nível mundial desde 1900.
Um balanço provisório contabilizou 64 mortos (63 civis e 1 bombeiro voluntário — Gonçalo da Conceição Correia — de Castanheira de Pera) e 254 feridos (241 civis, 12 bombeiros e 1 militar da Guarda Nacional Republicana), dos quais 7 em estado grave (4 bombeiros, 2 civis e 1 criança).
Entre as vítimas mortais, 47 foram encontradas nas estradas do concelho de Pedrógão Grande, tendo 30 morrido nos automóveis e 17 nas suas imediações durante a fuga ao incêndio. O incêndio também arrasou dezenas de lugares.
A causa apontada pelas autoridades foi trovoada seca que, conjugada com temperaturas muito elevadas (superiores a 40 graus Celsius) e vento muito intenso e variável, fez deflagrar e propagar rapidamente o fogo
No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, acredita que este incêndio não teve origem em causas naturais já que, segundo a perceção de alguns habitantes de Pedrógão Grande, o fogo já estaria ativo duas horas antes da altura em que ocorreu a trovoada seca nesta zona.
A Procuradoria-Geral da República confirmou que o Ministério Público está a investigar as causas do incêndio.
Como resposta à catástrofe, o governo de Portugal decretou três dias de luto nacional, de 18 a 20 de junho de 2017, enquanto várias autoridades internacionais enviaram mensagens de solidariedade
Eventos
O incêndio na região de Pedrógão Grande, a 18 de junho.
Uma intensa onda de calor precedeu os incêndios de 2017, em Pedrógão Grande, com muitas áreas de Portugal registando temperaturas acima de 40 °C (104 °F). Durante a noite de 17–18 de junho, iniciaram-se um total de 156 incêndios em todo o país, particularmente nas áreas montanhosas a 200 km (124 mi) a norte-nordeste de Lisboa.Os iniciais começaram na vila de Pedrógão Grande e espalharam-se dramaticamente.
As trovoadas secas precederam o evento e inflamaram alguns incêndios.O diretor nacional da Polícia Judiciária, Almeida Rodrigues, afirmou que a Polícia, juntamente com a Guarda Nacional Republicana (GNR), descobriu a árvore que terá sido atingida por um raio, dando início ao fogo.
Rodrigues também descartou que o incêndio tenha origem criminosa.
Mais de metade da região do Pinhal Interior Norte, que abrange Pedrógão Grande, estava ocupada por plantações de eucaliptos (Eucalyptus),cujo óleo é altamente inflamável, e de pinheiro-bravo (Pinus pinaster).
O Jornal de Leiria escreveu: "a ajudar a violência do fogo pode ter estado a natureza do coberto vegetal da região, composto por mais de 90% de eucalipto, o baixo teor de humidade do dia de ontem e as altas temperaturas que, mesmo durante a noite, ainda se mantêm."
No dia 20 de junho, uma das frentes ativas do incêndio de Pedrógão Grande confluiu com a frente principal do incêndio de Góis (distrito de Coimbra) e formou uma frente de fogo única com 58 km de extensão, o que levou à evacuação de 27 aldeias.
Vários meios foram concentrados em Góis, contando com cerca de 1 000 bombeiros e 7 meios aéreos no combate às chamas. Na noite de 20 de junho mantinham-se 7 frentes ativas no incêndio de Góis.
No dia 21 de Junho o incêndio de Pedrogão Grande foi dado como dominado, vindo a ser declarado extinto dia 24 de Junho.
O incêndio de Góis foi dominado no dia 22 de Junho e declarado extinto igualmente no dia 24 de Junho. Ambos os incêndios, com múltiplas frentes que alastraram a diversos concelhos, lavraram durante uma semana, de 17 de Junho a 24 de Junho de 2017.
Vítimas e danos
Automóveis destruídos pelo incêndio.
Pelo menos 64 pessoas morreram nas aldeias ou estradas do concelho de Pedrógão Grande. Outras 204 pessoas ficaram feridas, incluindo doze bombeiros; sete pessoas — cinco bombeiros e uma criança — ficaram em estado crítico
A maior mortalidade ocorreu na estrada nacional 236-1, numa zona florestal entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, onde 47 pessoas morreram dentro dos seus carros ou perto deles, quando um incêndio atingiu a área. 30 delas morreram presas no interior dos seus veículos enquanto as outras 17 morreram nas proximidades, ao tentarem escapar a pé.
Uma pessoa morreu atropelada. Apesar de a causa da morte de 30 pessoas ter sido atribuída a carbonização, especialistas dizem que a verdadeira causa da morte poderá ter sido a inalação de fumos e que essas mesmas pessoas só teriam sido carbonizadas muito tempo depois de terem falecido
Esta é a catástrofe mais mortal, desde 1989, em Portugal, ano em que ocorreu o acidente aéreo do voo Independent Air 1851, nos Açores, vitimando 144 pessoas.
Tratou-se, igualmente, da catástrofe natural mais mortífera sucedida no território português desde as cheias ocorridas na Madeira em 2010 e o evento com mais vítimas mortais no mesmo território desde o desastre áereo de 1989 na ilha de Santa Maria.
Também foi o incêndio florestal mais mortal na história de Portugal e um dos três maiores da Europa, consumindo mais de trinta mil hectares de floresta.
Na tarde de 20 de junho, chegou a ser noticiado que um dos aviões Canadair que combatiam o incêndio ter-se-ia despenhado em Ouzenda, algo que, quando questionado, o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, não pôde confirmar.
Mais tarde, a Autoridade Nacional de Proteção Civil desmentiu as notícias que davam conta da queda do avião, atribuindo os relatos de algumas testemunhas à explosão de uma bilha de gás numa rulote.
Reações
O primeiro-ministro António Costa chamou o desastre de "a maior tragédia dos últimos anos em relação a incêndios florestais", enquanto o Conselho de Ministros decretou três dias de luto nacional, a contar a partir de 18 de junho.Visivelmente abalado, o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou a Pedrógão Grande na noite 17 de junho e encontrou-se com sobreviventes evacuados para Leiria.
Mais de 1 700 bombeiros foram mobilizados para combater os incêndios em todo o país, 800 deles apenas em Pedrógão Grande.
Muitas pessoas foram evacuadas para a vizinha Ansião, onde os residentes lhes forneceram abrigo.
O fumo de baixa suspensão impediu que os helicópteros pudessem oferecer apoio, prejudicando os esforços de combate ao incêndio. Alguns sobreviventes criticaram a resposta, que consideraram inadequada do Governo, alegando que, horas depois de o incêndio ter começado, ainda não teriam sido ajudados por nenhum bombeiro.
A Comissão Europeia acionou o Mecanismo de Proteção Civil para prestar auxílio a Portugal, enquanto França, Itália e Espanha enviaram meios aéreos de bombardeio de água ao país.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, afirmou que a comissão poderia comparticipar até 95% das despesas de recobro e reconstrução necessárias, na sequência do acontecimento.
O Reino de Marrocos também enviou um meio aéreo de combate a incêndios. Além de aviões de combate a incêndios, a Espanha enviou também meios terrestres e cerca de 200 bombeiros.
Em Roma, o Papa Francisco orou e pediu que se rezasse pelas vítimas e pelo povo português durante a oração do Angelus.
Diversos outros líderes internacionais enviaram as suas condolências a Portugal, incluindo:
Emmanuel Macron, presidente da França; Mariano Rajoy, primeiro-ministro de Espanha e os reis de Espanha, Filipe VI e Letícia; a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel e o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier; Xi Jinping, presidente da China;Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá; Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia; Prokópis Pavlopoulos, presidente da Grécia e Aléxis Tsípras, primeiro-ministro da Grécia; Paolo Gentiloni, primeiro-ministro de Itália; Stefan Lofven, primeiro-ministro da Suécia; Michel Temer, presidente do Brasil; Francisco Guterres, presidente de Timor-Leste; Evaristo Carvalho, presidente de São Tomé e Príncipe; Jorge Carlos Fonseca, presidente de Cabo Verde; José Mário Vaz, presidente da Guiné-Bissau; José Eduardo dos Santos, presidente de Angola Fernando Chui Sai-on, Chefe do Executivo de Macau;] entre outros
Também diversos líderes de instituições europeias e mundiais enviaram os seus pesares e palavras de coragem a Portugal e ofereceram ajuda no que lhes fosse possível, incluindo: António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas; Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia; Gianni Infantino, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA).