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RIBEIRA DE LUCEFÉCIT ( Foto de J.P.L. em Março de 2012 )
Em Portugal temos poucos lugares com uma dispersão tão grande de
locais sagrados e durante um período tão longo como na Ribeira de
Lucefécit, no concelho do Alandroal. Desde a fase pré-romana até aos tempos medievais.
Deus EndovélicoNa fase pré-romana, os lusitanos teriam uma divindade indígena alvo
de um culto com algum relevo, o Deus Endovélico, que foi massificado com
os romanos. Como sucede com quase todos os cultos proto-históricos, não há
grandes certezas. Linguistas, historiadores, arqueólogos procuram
explicações e, simultaneamente, fundamentar algumas das teses que
consideram mais corretas.
Cabeço de São Miguel da MotaCom o Deus Endovélico a situação é mais ou menos semelhante. Por um
lado, tem várias designações e os santuários podem ter mudado de lugar.
Primeiramente no Santuário Rupestre da Rocha da Mina e depois, com os
romanos, ter passado para o cabeço de São Miguel da Mota. Por outro
lado, esta divindade poderá estar associada à medicina, à cura de
doenças ou à proteção depois da morte. Onde seria o santuárioHá poucas certezas, como salienta Ricardo Pacífico, coordenador do
fórum cultural do Alandroal – o que é absolutamente seguro é a
descoberta arqueológica, por Leite Vasconcelos, de peças dos séculos I a
III que revelam a existência de um culto.
Continua a recolha de material arqueológico e praticamente todos os
anos há escavações em toda a área envolvente à ribeira devido à sua
importância como espaço de sacralização.
Os vestígios encontrados vão desde o tempo pré-romano até à idade
média, com a construção de igrejas, algumas delas aproveitando
estruturas de cultos pagãos. Existem várias igrejas, como a da Fonte
Santa, São Miguel da Mota e o Santuário da Nossa Senhora da Boa Nova.
Esta última, é ainda local de peregrinação.
Ribeira de LucefécitA designação da ribeira de Lucefécit, ela própria está envolta em
mistério porque terá origem em Lúcifer, correspondente a Vénus, a
estrela da luz.
Só que, tratando-se de um culto pagão, a igreja terá associado o nome a referências demoníacas e até Afonso X, nas Cantigas de Santa Maria, dedicadas a Santa Maria de Terena, prefere omitir o nome –
Dun rio que per y corre, de que seu nome non digo, yndo pos el braadando: «Aquest’ é noss’ emigo.» E o demo contra eles disse: «Que avedes comigo? ca nunca eu vos fiz torto, sabe-o tod’ esta beira.» Quen serve Santa Maria, a Sennor mui verdadeira…
Além destes espaços de culto, é ainda possível observar outros pontos de interesse como sepulturas medievais. Zona do CastelinhoHá também o Castelo velho (um antigo castro do III milénio antes de
Cristo e está classificado como Monumento Nacional) e o Castelinho, um
esporão rochoso que seria uma fortificação com muralhas de xisto que
protegia o povoado na margem esquerda da Ribeira de Lucefécit.
Leite Vasconcelos associa estas duas estruturas ao Santuário Endovélico de S. Miguel da Mota, que fica relativamente próximo.Prepare-se para caminharEstes espaços só são visitáveis com caminhadas, em alguns casos é
necessário guia devido à dificuldade em localizar os locais de
interesse. O melhor processo é contatar o Posto de Turismo do Alandroal para obter ajuda e acompanhamento nas caminhadas. Quando se faz uma visita a algum destes lugares, é desejável um
enquadramento histórico para melhor se perceber o “espírito” do sítio
porque pouco resta em termos materiais. É o caso do Santuário Endovélico
de S. Miguel da Mota que, nos dias de hoje, pouco mais é do que um
marco geodésico. Barragem de Lucefécit
Nos dias de verão, a caminhada pode ser complementada com um banho na barragem de Lucefécit, próximo de Terena.
Quem quer aproveitar a organização de um evento para visitar o “Vale
Sagrado” tem o Festival Terras do Endovélico, entre 7 e 16 de Julho,
organizado pela Câmara do Alandroal que vai recriar o culto do
endovélico no cabeço de S. Miguel e garante transporte até ao local após
inscrição no Posto de Turismo