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As limitações impostas pelo Governo foram publicadas hoje em Diário da República.
Tal como tinha prometido na passada sexta-feira, o Governo avançou
com uma portaria, publicada este domingo, em Diário da República, que
estabelece várias restrições no acesso e ocupação dos espaços nos
estabelecimentos comerciais - supermercados, centros comerciais e loja -
e nos restaurantes e bares.
Sublinhando que a aplicação desta medida extraordinária tem em vista aumentar as "as possibilidades de distanciamento social e isolamentoprofilático", o Governo decretou que a partir de segunda-feira só devem estar nos espaços comerciais "0,04 pessoas por metro quadrado de área", ou seja, quatro pessoas por cada 100 metros quadrados.
Este rácio deve ser cumprido na "área destinada ao público, incluindo as áreas de uso colectivo ou de circulação, à excepção das zonas reservadas a parqueamento de veículos". Fora destes limites ficam os trabalhadores e funcionários destes espaços comerciais.
"Os
estabelecimentos de comércio por grosso estão excluídos" destas novas
restrições, pode ler-se ainda na portaria assinada pelo ministro da
Economia, Pedro Siza Vieira.
No que diz respeito aos
restaurantes, bares e cafés, foi estabelecido que a ocupação de pessoas
nestes espaços deve ser "limitada em um terço da sua capacidade"
habitual.
Nesta portaria é ainda referido que "os gestores, os
gerentes ou os proprietários dos espaços e estabelecimentos referidos"
devem "efetuar uma gestão equilibrada dos acessos de público, em cumprimento do disposto" e "monitorizar as recusas de acesso de público, de forma a evitar, tanto quanto possível, a concentração de pessoas à entrada dos espaços".
O
movimento, impulsionado pelos receios em torno da pandemia de Covid-19,
começou a sentir-se na terça à noite e intensificou-se na quarta-feira,
com engarrafamento nos corredores dos produtos mais procurados,
carrinhos de compras lotados, filas junto às caixas de pagamento.
Na
quinta-feira ao fim do dia, a escassez de alguns produtos era evidente.
No Pingo Doce de Paço d’Arcos duas mulheres olhavam incrédulas para o
espaço onde deveria estar o papel higiénico: “Nem uma embalagem”,
comentavam. “Parece que vai acabar o mundo”, desabafava uma jovem no
momento em que entrava na Mercadona de Matosinhos e enfrentava
prateleiras totalmente vazias nos corredores dos frescos.
O
Governo tinha acabado de apelar à calma, pela voz do secretário de
Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres,
garantindo não haver risco de rutura de stocks nem de racionamento de
produtos. “Não há razões para aquilo que se designa corrida aos
supermercados”, disse o governante no final de uma reunião de um grupo
de trabalho entre o Governo, entidades públicas e associações dos
sectores agroalimentar, retalho, distribuição e logística.
Na
quarta-feira, os responsáveis da área da distribuição e da produção já
tinham apelado à calma e rejeitado ruturas nas lojas. O diretor-geral da
Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo
Xavier, assegurava o normal funcionamento do sector da distribuição:
“Este maior afluxo tem levado a que as operações logísticas tenham de
ser mais rápidas, o que nem sempre é possível”, explicava. “As fábricas
continuam a produzir os produtos, os transportes não vão parar, nem a
logística. Há produtos em stock, muitos são de produção nacional.”
Pedro
Pimentel, diretor-geral da Centromarca — Associação Portuguesa de
Empresas de Produtos de Marca, recomenda: “É fundamental que os
consumidores não sintam sensação de escassez e é preciso que sejam
racionais nas compras para não andarmos, daqui a uns anos, a consumir
coisas que açambarcamos sem qualquer necessidade.”
A regra é
manter hábitos de consumo e “tudo continuará a correr normalmente, até
porque desta vez o quadro não tem qualquer relação com o que se passou
com a greve dos motoristas de matérias perigosas e há todas as condições
para os produtos chegarem diariamente às prateleiras”, acrescenta.
A
comparação com o que se passou em 2019, na crise dos combustíveis,
mostra que estamos perante situações completamente diferentes, defende.
Em 2019, as bombas de gasolina estavam sem combustível, o transporte dos
produtos estava bloqueado e as lojas corriam o risco de ficar vazias.
Agora, na crise da Covid-19, as unidades produtivas estão a laborar, o
transporte de produtos é contínuo, as lojas são reabastecidas, os
produtos vão estar disponíveis, sublinha.
E o Expresso confirmou
que as reposições são reais. Quinta-feira às 19h30, nos supermercados de
Matosinhos Sul havia buracos na prateleiras, mas às 9h de sexta-feira
era visível a azáfama nas reposições. Pelas 10h de sexta-feira, a
reposição de conservas no Auchan de Cascais corria a todo o vapor. Os
funcionários confessam “exaustão” no arranque da jornada, mas as
vitrinas refrigeradas estão novamente cheias de carne, conservas,
cereais, polpa de tomate, bolachas, batatas reaparecem.
Assim,
antes de correr ao supermercado e meter alguma coisa no carrinho, “será
bom pensar primeiro se realmente precisa do produto”, alerta Pedro
Pimentel
. “Somos os mesmos consumidores de sempre, com as necessidades
de consumo de sempre e tudo sempre correu bem”, reforça. António
Rousseau, especialista em marketing de distribuição e professor do IPAM —
Instituto Português de Administração de Marketing acrescenta: “As
marcas trabalham cadeias de reaprovisionamento inteligentes que reportam
automaticamente produtos em falta.
Se vai havendo buracos é porque
estamos a trabalhar com um quadro de consumo diferente do habitual,
ainda desconhecido das superfícies comerciais, habituadas a uma
reposição diária nas lojas. O ajuste envolve alterações da cadeia
logística”, explica.