OVNIs, Pentágono e o Circo
No passado dia 9 de Março, o Washington Post publicou um artigo de Christopher Mellon intitulado " The military keeps encountering UFOs. Why doesn’t the Pentagon care?" (Os militares continuam a encontrar ovnis! Porque é que o Pentágono não mostra interesse?).
Chris Melon (como é normalmente conhecido) foi assistente do Secretário
de Defesa, para assuntos dos serviços de informação, da administração do
Presidente Bill Clinton e de George W. Bush.
O agora publicado artigo serviu para dar a conhecer um terceiro vídeo (em dezembro haviam sido disponibilizados dois), autorizado pelo Pentágono e difundido pela empresa de Tom Delonge, To The Stars Academy of Arts and Science.
Nele, é possível ver um pequeno "objecto" a ser seguido pela câmara de
um caça da força-área norte americana. Este caso terá ocorrido na costa
leste dos EUA, em 2015.
Chris Mellon, que neste momento é um dos membros da empresa To The Stars, refere
que têm sido abordados por militares preocupados com a segurança
nacional, e igualmente frustrados com a forma como o Departamento de
Defesa tem lidado com os vários casos.
No
seu artigo, lança um apelo para que seja possível, aos membros das
forças armadas (norte-americanas) poderem reportar de forma mais
sistemática, segura e sem tabus, para que se possa estudar e entender,
de forma séria, o enigma ovni.
Não deixa de ser interessante, e talvez até um pouco anedótico, que o
parágrafo acima pareça saído de uma "cápsula temporal". É que há 60 anos
atrás, numa altura em que ocorreram diversos avistamentos, um pouco por
todos os EUA, testemunhados por diversos pilotos, muitos deles
catalogados no projecto Blue Book, o repto lançado por oficiais e
investigadores, foi exactamente o mesmo. ( Ler Artigo "Pentágono Admite Estudar Ovnis)
A assunção
oficial de que o fenómeno continua a ser estudado, apesar de desmentido
e ridicularizado ao longo dos anos, e o consequente "redescobrimento"
dos ovnis por parte dos media, deveria, na nossa perspectiva, levar a um
maior cuidado e esforço de credibilidade por parte de investigadores,
testemunhas e demais público interessado.
O que assistimos, no entanto, salvo algumas excepções, é a manutenção,
ou até crescimento, de uma tendência de misturar seriedade com fantasia.
A seriedade pelos vistos não vende, mas a fantasia sim.
Num mundo tomado pelos "factos alternativos", a especulação pura e a ficção científica ganharam asas.
No ano passado, fomos apanhados de surpresa com o tema da conferência
anual da MUFON (Julho 2017). O enfoque era dado ao Programa Espacial
Secreto, e entre os oradores estavam Corey Goode e Andrew Basiago, dois
assumidos viajantes no tempo, que afirmam ter vivido grandes aventuras
em Marte e não só.
A MUFON (Mutual UFO Network) é uma das organizações mais conceituadas no
que toca à investigação do fenómeno ovni, e que sempre demonstrou uma
forte preocupação pela abordagem científica, embora de mente aberta.
A decisão de abrir as portas à fantasia, resultou na demissão de Richard
Hoffman e Robert Powell, dois dos seus directores e responsáveis pela
área científica.
Mas por outro lado, "permitiu" uma das maiores assistências da história da MUFON. O dinheiro conta, a fantasia vende.
Em Setembro, em Montserrat, Barcelona, um outro congresso, também contou com Corey Goode e uma sala cheia de gente para o ouvir.
Este ano de 2018, o cenário não será diferente.
Está já a ser promovida grande conferência na Califórnia, onde se
misturam investigadores sérios como Richard Dolan e contadores de
história como Corey Goode ou David Wilcock.
Seguindo a tendência, espera-se casa cheia.
O movimento internacional de Exopolítica tem sofrido algumas baixas com
toda esta situação. A vincada diferença de opiniões entre alguns
grupos, levou ao afastamento de amigos e colegas, o que levou o núcleo
europeu a criar a GLEXO - Global Exopolitics Organization.
O objectivo passa por restaurar a credibilidade do movimento, promovendo um activismo sério.
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