É normal entre amigos, conhecidos, no momento em que somos
apresentados, no consultório. Mas o aperto de mão pode ter os dias
contados como o cumprimento mais usual, pelo menos em ambiente clínico.
"Nos últimos anos, tem havido um crescente reconhecimento da
importância das mãos como vetores de infeção", recoda uma equipa de
médicos da UCLA na publicação da Associação Médica norte-americana.
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Preocupados, sobretudo, com os "passou-bem" em ambiente clínico, os
médicos recordam que as mãos dos profissionais de saúde ficam
contaminadas, apesar dos esforços para limitar o alastramento das
doenças.
A recomendação é, por isso, que os apertos de mão sejam tratados como
o fumo do tabaco, criando mesmo zonas onde o cumprimento é interdito.
"Remover o aperto de mão do ambiente de saúde pode vir a ser reconhecido
como uma forma importante de proteger a saúde dos doentes e prestadores
de cuidados", escreve o autor do artigo. *
Fonte: Revista VISÃO
Agência Reuters
Imagens recolhidas na Internet
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O que é o S.R.M.O ou M.E.R.S. Fui pesquisar e encontrei o seguinte:
SÍNDROME RESPIRATÓRIA DO MÉDIO ORIENTE
Por Helen Branswell
Na próximas semanas
oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS) enfrentam uma situação
difícil e politicamente carregada. O mês de jejum muçulmano, o Ramadão,
começa em 9 de Julho e pode atrair até dois milhões de pessoas de todo o
mundo para os locais sagrados da Arábia Saudita numa peregrinação
chamada
Umrah. Mas uma nova doença, chamada de síndrome respiratória do Médio Oriente, ou MERS, pode ameaçá-los.
O controle de doenças infecciosas durante reuniões massivas é sempre um desafio, mas neste ano as coisas ficaram ainda piores.
Actualmente
a Arábia Saudita está lutando contra a MERS, mas até o momento divulgou
poucas das informações que cientistas ou oficiais de saúde pública
poderiam usar para tentar evitar sua disseminação dentro da Arábia
Saudita ou ao redor do mundo.
No início de Maio, fontes oficiais sauditas chocaram o mundo ao anunciar 13 novos casos no intervalo de alguns dias.
Desde
o começo do mês de Maio foram identificados 38 novos casos no mundo –
31 deles na Arábia Saudita – e 20 vítimas morreram. Praticamente sem
pistas para investigar sobre onde o vírus vive na natureza e como as
pessoas o contraem, a OMS está tentando descobrir o que recomendar a
esses peregrinos, e aos países a que eles vão voltar, sobre como evitar
infecções e a disseminação internacional de uma devastadora doença nova.
A
MERS provoca pneumonia severa e falha renal em alguns casos. É
semelhante à SARS, a síndrome respiratória aguda severa, que surgiu na
China continental em 2002, foi transmitida para Hong Kong em 2003, e em
seguida transportada nos pulmões de passageiros internacionais para Singapura, Hanoi, Toronto e outras cidades.
Oficiais da saúde não
querem lançar mão das medidas radicais adoptadas durante o surto da
SARS, como pedir aos cidadãos do mundo que evitassem áreas infectadas
como Hong Kong e Toronto. Por outro lado, ninguém deseja que a
Umrah e peregrinação
Hajj, maior ainda, que acontecerá em Outubro, disparem uma pandemia.
O
novo vírus foi isolado pela primeira vez em Junho de 2012. Mas sua
existência chegou à atenção do mundo apenas semanas antes do
Hajj
de Outubro último, quando um especialista em doenças infecciosas
egípcio que trabalhava na segunda maior cidade da Arábia Saudita,
Jeddah, relatou que tinha tratado um homem que morreu de uma infecção
provocada por um coronavírus.
Não se sabe se a MERS tem ou pode desenvolver a capacidade de ser disseminada continuamente de pessoa para pessoa.
Kamran
Khan, médico especialista em doenças infecciosas que pesquisa padrões
globais de voo como forma de prever a disseminação de doenças, já há
algum tempo se preocupa com o calendário religioso muçulmano.
“Nós
ainda não temos uma boa ideia sobre a origem desse vírus, então as
medidas tomadas para mitigar riscos são limitadas”, observa Khan, que
trabalha para o Centro de Pesquisa Keenan no Saint Michael’s Hospital em
Toronto.
Coronavírus como a MERS, a SARS, e vários outros,
recebem esse nome devido ao característico halo, ou coroa, que parecem
ter em suas camadas externas.
Muitos infectam morcegos; os poucos
que infectam pessoas provocam doenças que vão da gripe comum à severa
devastação pulmonar, comum nos casos de MERS, forçando pacientes a se
submeterem à respiração mecânica.
A MERS ainda não evoluiu para
se disseminar tão bem quanto a SARS é capaz de fazer. E a SARS, nada
fraca, matou cerca de 11% dos casos antes de desaparecer em 2004.
No último outono boreal, e no início de 2013, infecções de MERS apareceram esporadicamente em uma variedade de locais.
Os
testes com amostras de um surto de Abril de 2012 na Jordânia revelou
que o vírus tinha morto duas enfermeiras naquele local. Três homens de
uma família na capital saudita, Riyadh, parecem ter passado o vírus um
para o outro.
Pessoas doentes do Qatar e dos Emirados Árabes
Unidos foram transportadas para o Reino Unido e a Alemanha. E, mais
recentemente, turistas levaram a infecção para o Reino Unido, França,
Tunísia e Itália.
Os países afectados na Península Arábica não
foram muito generosos com informações, e especialistas em saúde global
ainda têm que encontrar a estratégia adequada para persuadir oficiais a
levarem a sério a descoberta da fonte das infecções ou o escopo da
doença em seres humanos.
Um surto da gripe aviária H7N9 na China, no início de Abril, também desviou a atenção da MERS.
O último vírus, porém, não foi ignorado por muito tempo.
As
13 novas infecções no início de Maio estavam ligadas, surgindo em
pacientes de diálise tratados no Hospital Al Moosa do oásis Al-Ahsa na
Província Leste do reino.
A SARS disparou por meio de infecções
hospitalares, então notícias de que uma instituição – ou, como algumas
fontes sugerem, várias instituições – foi o epicentro do surto aumenta o
nível de preocupação.
Donald Low, microbiólogo do Mount Sinai
Hospital em Toronto, especialista em SARS em 2003, expressou sua
esperança de que os surtos de Al-Ahsa “façam as pessoas levarem isso a
sério”.
Low está preocupado com a possibilidade do surgimento dos super-disseminadores, como aconteceu durante a SARS.
A
maioria das pessoas que contraiu a SARS passou o vírus no máximo para
uma pessoa. Mas alguns pacientes com SARS infectaram grandes números de
pessoas.
Um paciente em Singapura infectou 62 outros; uma mulher
que adoeceu nos primeiros dias do surto de Toronto infectou 44. Com a
SARS, os super-disseminadores transformaram um vírus que provavelmente
teria desaparecido sozinho em um surto global que custou 916 vidas.
Há algum super-disseminador na Arábia Saudita? Se sim, as autoridades sauditas não o revelaram.
Mas é evidente que infecções estão sendo detectadas mais rapidamente.
Durante
a reunião anual da OMS – A Assembleia Mundial da Saúde – no final de Maio, a delegação saudita recebeu o equivalente de uma reprimenda
diplomática, com a Directora Geral Margaret Chan enaltecendo a China por
seu controle do surto de H7N9 e exigindo que países com casos de MERS
ajam como bons cidadãos globais e compartilhem informações de maneira
precisa e completa.
No dia seguinte a Arábia Saudita anunciou
mais cinco casos em uma declaração com três linhas [de texto], que só
revelou que as vítimas tinham entre 73 e 85 anos de idade; todos tinham
doenças crónicas e viviam na Província Leste.
Especialistas em
doenças infecciosas estão assombrados que mesmo com a disseminação tão
avançada da MERS, o mundo ainda não tenha ideia sobre o que coloca as
pessoas em risco de infecção, quanto tempo dura o período de incubação,
quando pessoas estão contagiosas ou se há casos leves que não são
detectados porque a vigilância está concentrada em encontrar pessoas
doentes em hospitais.
Todos atribuem grande responsabilidade ao Reino da Arábia Saudita (RAS), responsável por 41 das 55 infecções até o momento.
De
acordo com Michael Osterholm, director do Centro de Pesquisa e Política
de Doenças Infecciosas da University of Minnesota: “Os países europeus
fizeram um trabalho exemplar com a investigação e acompanhamento dos
casos que foram exportados para lá. Agora, ou os países do Oriente
Médio, particularmente o RAS, não o fizeram, ou estão escondendo
informações, por qualquer razão que seja. E numa situação em que isso
representa uma possível pandemia global, isso é imperdoável”.
Cientistas também não sabem se o vírus mudou com o tempo.
Sequências
genéticas de apenas quatro isolamentos virais foram armazenadas no
GenBank, a base de dados aberta mantida pelo Centro para Informações de
Biotecnologia dos Institutos Nacionais da Saúde.
O diagrama
genético mais recente vem de uma infecção que ocorreu em Fevereiro.
Nenhuma sequência da enxurrada de casos recentes foi divulgada.
De
facto, à excepção da sequência do primeiro caso identificado – o homem de
Jeddah – nenhuma sequência saudita foi colocada no domínio público. O
vice-ministro da saúde do reino, Ziad Memish, prometeu que sequências
serão compartilhadas.
Nesta semana, uma equipe internacional de
especialistas convocada pela OMS que reuniu-se na Arábia Saudita afim de obter
informações do país. Com o relógio aproximando-se do Ramadão, eles têm
pouco tempo para responder a perguntas fundamentais sobre essa doença e fornecer
respostas necessárias para ajudar proteger os peregrinos
Umrah, e o resto do mundo. *
* Fonte: SCIENTIFIC AMERICAN