Demissão do Governo e o papel de Marcelo
Telmo Azevedo Fernandes Abr 12 |
A conversa sobre a dissolução da assembleia da república ou da demissão do actual governo é deprimente.
É certo que António Costa lidera um farrapo pestilento de peões que são úteis à sua sobrevivência política e a que chama de ministros. Estes homúnculos, como se sabe, prestam-se à sabujice ao caudilho porque não têm maneira de assegurar de forma autónoma e decente a sua existência senão pela outorga de Costa.
Também é evidente que António Costa nem uma política socialista coerente tem, o que já de si seria um descalabro para os Portugueses acelerando a vertigem da sociedade para a pobreza e a indigência.
Mas o mais humilhante e vexatório é o poder de convocar eleições ou de obrigar à recomposição do executivo estar hoje nas mãos do mais tratante, egomaníaco, leviano e oco presidente da república que Portugal já teve.
Marcelo Rebelo de Sousa avacalhou por completo as funções e credibilidade que era no passado, apesar de tudo, atribuída à Presidência da República. Além de perverter com frequência o mínimo que seria exigível em termos de respeito pelo Estado de Direito e o núcleo basilar constitucional de defesa da liberdade e direitos dos cidadãos, o incontinente comentador pimba de Cascais tem ao longo dos seus mandatos contribuído activa e conscientemente para a degradação do nosso sistema ex-democrático, promovendo padrões de cultura ética próprios de Estados falhados, e fomentando uma exigência de escrutínio público e político tão eficaz quanto a de um cachaceiro numa campanha anti-alcoolismo.
Acalentar a esperança de que a intervenção de Marcelo possa colocar os nossos dirigentes políticos numa rota de decência ou que Rebelo de Sousa possa minimizar a rebaldaria do PS e usucapião que este partido tem feito ao país é uma ilusão. Ter essa expectativa é cavar mais fundo o buraco em que estamos a cair.
A única forma de Portugal ser um país e não uma chalaça é não ter um pingo de respeito pelos personagens que nos querem pastorear.