Cientistas criam buraco de minhoca simulado e aproximam ficção da realidade
Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) – Na ficção científica buracos de minhoca no cosmos servem como portais através do espaço-tempo em que espaço naves podem percorrer distâncias inimagináveis com facilidade.
Os cientistas há muito buscam uma compreensão mais profunda deste fenómeno do universo e anunciaram nesta quarta-feira que conseguiram criar dois minúsculos buracos negros simulados em um computador quântico e transmitiram uma mensagem entre eles através do equivalente a um túnel no espaço-tempo.
O feito foi obtido por meio de um “buraco de minhoca bébe”, disse a física da Universidade Caltech Maria Spiropulu, coautora da pesquisa publicada na revista Nature.
Mas a humanidade ainda está muito longe de conseguir enviar pessoas ou outros seres vivos através de portais como esse, disse ela.
“Experimentalmente, para mim, vou dizer que está muito, muito longe. As pessoas vêm até mim e me perguntam: ‘Você pode colocar seu cachorro no buraco de minhoca?’ Então, não”, brincou Spiropulu ao responder perguntas de jornalistas. “Mas isso é um grande salto.”
“Há uma diferença entre algo ser possível em teoria e possível na realidade”, acrescentou o físico e coautor do estudo Joseph Lykken, do Fermilab, o laboratório norte-americano de Física de partículas e aceleradores.
“Portanto, pode esperar sentado para enviar seu cachorro através de um buraco de minhoca. Mas temos que começar de algum lugar. E eu acho que é simplesmente emocionante podermos colocar nossas mãos nisso.”
Os pesquisadores observaram a dinâmica do buraco de minhoca simulado em um dispositivo quântico do Google chamado de processador quântico Sycamore.
Um buraco de minhoca – uma ruptura no espaço e no tempo – é um fenómeno que atua como uma ponte entre duas regiões remotas do universo. Os cientistas se referem a eles como pontes Einstein-Rosen, em homenagem aos dois físicos que os descreveram – Albert Einstein e Nathan Rosen.
Esses buracos de minhoca são consistentes com a teoria da relatividade geral de Einstein, que se concentra na gravidade, uma das forças fundamentais do universo. O termo “buraco de minhoca” foi cunhado pelo físico John Wheeler na década de 1950.
Spiropulu disse que os pesquisadores encontraram um sistema quântico que exibe as principais propriedades de um buraco de minhoca gravitacional, mas que era pequeno o suficiente para ser implementado no hardware quântico existente.
“É isso o que podemos dizer neste momento: que temos algo que, em termos das propriedades que observamos, parece um buraco de minhoca”, disse Lykken.
Os pesquisadores disseram que nenhuma ruptura de espaço e tempo foi criada no espaço físico no experimento, embora um buraco de minhoca atravessável pareça ter surgido com base em informações quânticas teletransportadas usando códigos quânticos no processador quântico.
“Essas ideias existem há muito tempo e são ideias muito poderosas”, disse Lykken.
“Mas, no final, estamos na ciência experimental e estamos lutando há muito tempo para encontrar uma maneira de explorar essas ideias em laboratório. E é isso que é realmente empolgante. Não é apenas, ‘Bem, buracos de minhoca são legais’. Esta é uma maneira de realmente olhar para esses problemas fundamentais do nosso universo em um ambiente de laboratório.”