O projeto, denominado Roteiro Histórico do Pinhal do Rei, "foi preparado para recuperar e preservar memórias da importância do pinhal na região e do seu impacto no desenvolvimento do território e das comunidades", adiantou a ADAE, numa informação enviada à agência Lusa.
"Este projeto será materializado através de um roteiro histórico e dinâmico, com pontos de interpretação ligados à história do Pinhal de Leiria, às atividades da madeira, resinagem e arte xávega, dominantes nos concelhos de Leiria e Marinha Grande", referiu a ADAE.
Segundo a associação, o objetivo é "retratar as interações que as comunidades estabeleceram com o seu território, ao longo da história, nomeadamente com as paisagens, os recursos, as produções locais, as técnicas e o saber-fazer, os hábitos e costumes, entre outros".
A iniciativa visa também "melhorar a oferta turística no território, atrair mais visitantes, prolongar a sua estada e, ainda, melhorar a experiência" de quem se desloca à região.
Fonte da ADAE explicou que o projeto, com a duração de dois anos, representa um investimento de
"É um roteiro que procura recuperar o impacto que as atividades ligadas ao pinhal tiveram na comunidade que dele dependia, desde a atividade da resina, da madeira e do carvão, entre outras", afirmou a mesma fonte.
Após a informação estar recolhida e tratada, "pretende-se a criação de um circuito de interpretação com a colocação de painéis em locais onde as atividades se devolveram", disse, salientando que esta é uma "forma de atrair turistas" num local que, há quase cinco anos, foi fustigado por incêndios
"Por exemplo, havia uma linha de caminho-de-ferro que atravessava a mata para facilitar o transporte da madeira. Este é um dos pontos que queremos dar a conhecer neste circuito de interpretação", adiantou.
Com o Roteiro Histórico Pinhal do Rei, vão ser divulgadas "outras vertentes da mata que não a natureza, contribuindo para preservar a cultura e a identidade deste território".
O Pinhal de Leiria, também conhecido por Mata Nacional de Leiria e Pinhal do Rei, é propriedade do Estado. Tem 11.062 hectares e ocupa dois terços do concelho da Marinha Grande. A principal espécie é o pinheiro-bravo.
De acordo com informação no sítio na Internet do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a primeira arborização data do século XIII, tendo sido feitas as grandes sementeiras no reinado de D. Dinis.
No incêndio de 15 de outubro de 2017, ardeu 80 por cento da sua área.
A Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura, fundada em 1994, desenvolve a sua intervenção nos municípios da Batalha, Leiria, Marinha Grande e Porto de Mós, tendo surgido "com o objetivo de implementar novas formas de intervenção local, com incidência no mundo rural".
Grande incêndio do Pinhal de Leiria terá sido planeado secretamente entre madeireiros
Grande incêndio do Pinhal de Leiria foi planeado um mês antes em reuniões secretas numa cave entre madeireiros. Preços da madeira foram combinados na altura, revela reportagem da TVI24.
O incêndio que consumiu 86% do Pinhal de Leiria entre 15 e 16 de outubro do ano passado terá sido planeado no mês anterior por madeireiros, empresários e fábricas de compra e venda de madeira, avança uma reportagem da TVI24.
O plano foi delineado numa série de reuniões numa cave, onde também foram estabelecidos os preços para a madeira consumida.
A Polícia Judiciária já tinha assumido que o incêndio que deflagrou no Pinhal de Leiria em outubro tinha sido mão criminosa.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
Agora, a reportagem assinada pela Ana Leal revela que “o pinhal estava
armadilhado” com vasos de resina com caruma no interior para iniciar as
chamas, como contou a jornalista em entrevista na TVI24.
Esta terá sido a técnica que atingiu 36 concelhos da região centro. Embora não se tenham registado vítimas mortais na região do Pinhal de Leiria, os incêndios de outubro provocaram 49 mortos e cerca de 70 feridos no país, além de terem destruído 1.500 casas e 500 empresas.
Houve reuniões para planear incêndio e combinar preço da madeira
A fonte da TVI24 foi um homem que terá sido convidado para participar
nessas reuniões, que ocorreram na cave de um restaurante e onde
participaram pelo menos quatro das maiores empresas de madeira da
região.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
O plano para incendiar o pinhal começou a ser criado em meados de
setembro, mas só duas semanas antes é que os participantes se
encontraram.
De acordo com o homem entrevistado, “houve uma reunião para combinar o
preço da madeira e para não oferecer nada pelos lotes do Estado.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
Porque a madeira está muito cara, está a ver? Se não se comprar ao
Estado, ele tem que vender a madeira quase dada. A fonte garante ainda
que “todos os madeireiros estão feitos”, ou seja, participaram na
reunião.
A liderar este plano estaria um empresário que “até anda a alargar o
estaleiro”, conta a fonte da reportagem. Segundo ela, esse empresário
terá em sua posse 100 mil toneladas de madeira queimada só em outubro.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
A reportagem fala ainda de uma empresa que, um mês antes, já estaria a
fazer conta com o incêndio e por isso recebeu uma tranche de 500 mil
euros para comprar madeira queimada.
De acordo com o documento da Caixa de Crédito de Leiria a que a TVI
teve acesso, houve de facto uma transferência para essa empresa a 25 de
outubro, que terão sido aplicados para comprar dois camiões, dois
reboques e uma máquina de arrasto.
Grande incêndio do Pinhal de Leiria
Entre outubro e dezembro, essa empresa comprou 166 mil toneladas de
madeira queimada. No mesmo período de 2016, o volume desce para os 55
mil.