Poeiras em suspensão (atualização)
2022-03-17 (IPMA)
17 de março de 2022 (Atualização) - Episódio de Poeiras em Supensão - Impacto nas previsões meteorológicas
O episódio de poeiras que está a afetar Portugal Continental desde o
passado dia 15 de março teve origem em tempestades de areia no Norte de
África. Estas tempestades resultaram do vento forte à superfície
associado à depressão Célia, a qual influenciou o estado do tempo na
Madeira nos dias 14 e 15 de março e se encontra neste momento sobre o
Mediterrâneo em fase de dissipação.
Para saber mais sobre os impactos na qualidade do ar e na saúde,
provocados pela elevada concentração de poeiras nos níveis baixos da
atmosfera, pode ser consultada a informação disponibilizada nos sites da
Agência Portuguesa do Ambiente (link 1) e da Direção Geral da Saúde
(link 2).
Além dos impactos deste episódio de poeiras ao nível social, uma análise
preliminar permitiu também identificar um impacto no desempenho dos
modelos numéricos de previsão do tempo. Em particular, sobre Portugal
Continental, foi possível identificar que a existência de uma elevada
concentração de poeiras nos níveis médios e altos da atmosfera
(correspondendo a uma maior disponibilidade de núcleos de condensação)
deu origem à formação de uma densa camada de nuvens que de outro modo
não se teria formado e que, por esse motivo, não foi bem prevista pelos
modelos numéricos de previsão do tempo (ver Figuras 1 e 2).
Em consequência da referida camada de nuvens, a radiação solar que
atingiu a superfície foi menor que a prevista pelos modelos numéricos e,
em consequência, os valores da temperatura do ar, em particular da
temperatura máxima, foram inferiores aos valores previstos, com as
diferenças a atingirem cerca de 5 °C em alguns locais. Informação mais
detalhada sobre estes impactos requererá uma análise mais exaustiva do
presente episódio.
A análise preliminar deste episódio sobre Portugal Continental, sugere
que a elevada concentração de poeiras do deserto junto à superfície está
relacionada com o padrão da circulação atmosférica associada à
depressão Célia, que permitiu transportar as poeiras em níveis baixos da
atmosfera desde a região da Argélia até à Península Ibérica,
contornando o sistema montanhoso do Atlas pelo seu bordo oriental.
Tipicamente as poeiras resultantes das tempestades de areia na região da
Argélia são transportadas para o Mediterrâneo vindo a afetar também os
países Mediterrânicos do sul da Europa.
É frequente a Península Ibérica ser afetada por tempestades de areia que
se formam na região de Marrocos a sul do Atlas. Nestes casos, o
transporte das poeiras ocorre ou pelo bordo ocidental do Atlas, através
de uma circulação sobre o oceano Atlântico, ou através de um fluxo para
norte sobre o Atlas, em que as poeiras são projetadas para níveis mais
elevados da atmosfera. Em qualquer destes casos as concentrações próximo
da superfície tendem a ser inferiores ao caso atual.
A concentração de poeiras sobre a Península Ibérica deverá diminuir
gradualmente, no entanto não é de excluir a probabilidade de poder
continuar a afetar o estado do tempo até dia 19, podendo persistir a
formação de uma camada de nuvens altas, a dissipar-se lentamente,
condicionando a temperatura observada à superfície. O vento irá
persistir do quadrante leste, sendo temporariamente forte nas terras
altas.
15 de março de 2022 - Episódio de Poeiras em Suspensão
Está a ocorrer o transporte de poeiras sobre o território continental devido a um fluxo de sul induzido pela depressão Célia. As poeiras em suspensão, oriundas do norte de África, atingiram a Península Ibérica prevendo-se que persistam até ao fim do dia 17, quinta-feira.
Os efeitos mais visíveis são a alteração da cor do céu visto que as poeiras estão normalmente acima da superfície, embora dependendo da sua concentração possam atingir níveis mais baixos com implicações na qualidade do ar e possíveis impactos na saúde. Também é possível ocorrer a deposição das poeiras através da precipitação, esta situação é mais provável na região Sul nos dias 15 e 16 de março (Figura 3).
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