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8.11.21

Paleontólogos extraíram em Turquel “o mais completo urso fóssil do país”

 


6 nov 2021 17:34

Ossadas com milhares de anos, de um urso adulto, descobertas no Algar do Vale da Pena, trazidas para a superfície por investigadores da Universidade Nova de Lisboa e espeleólogos do Grupo Protecção Sicó

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Momento da retirada do fóssil à superfície, este sábado
Foto cedida por Octávio Mateus

“Um alívio”, diz o paleontólogo Octávio Mateus. “O mais completo urso fóssil do país” está, finalmente, à superfície, disponível para estudo pela ciência.

Após cinco anos de trabalho, investigadores da Universidade Nova de Lisboa retiraram este sábado, do Algar do Vale da Pena, na zona de Turquel, Alcobaça, com o auxílio de espeleólogos do GPS – Grupo de Protecção Sicó, o bloco de 170 quilos de rocha que contém as ossadas com milhares de anos de um urso adulto. Muito provavelmente, um urso pardo.


“O ponto mais interessante” dos resquícios obtidos hoje no Algar do Vale da Pena, também conhecido como Algar dos Ursos, é, segundo Octávio Mateus, precisamente o acréscimo de informação que proporcionam em comparação com outros vestígios existentes em Portugal, por exemplo, na Gruta da Aroeira, perto de Torres Novas.

“Este é, claramente, o mais completo urso fóssil do País”, esclarece, ao telefone com o JORNAL DE LEIRIA. “Agora começa a parte fascinante, que é extrairmos as respostas que precisamos”.

A investigação insere-se na tese de doutoramento de Darío Estraviz.

Imagem cedida por Octávio Mateus

O desfecho desta tarde representa “o culminar de vários esforços que duraram cinco anos”, explica o paleontólogo da Universidade Nova de Lisboa e líder da equipa.

As ossadas, incluindo “o crânio, que parece muito bem conservado, com dentes”, encontravam-se num local “de difícil acesso”, 70 metros no interior da gruta, a que só se chega após uma descida vertical de 20 metros, com cordas, e outros 10 a 20 metros na diagonal. “Terreno extremamente difícil”.

Os ursos fósseis do Algar do Vale da Pena são conhecidos “pelo menos desde os anos 80”.

Segundo Octávio Mateus, estão identificados quatro indivíduos: três adultos e um juvenil, além de 189 marcas de garras. Um deles, já analisado, é um urso pardo. A gruta terá sido usada para hibernação, “porventura durante centenas de anos”.

Os investigadores da Universidade Nova de Lisboa pretendem agora determinar a idade exacta do fóssil retirado este sábado e extrair ADN para estudos comparativos com a população actual e pesquisas sobre a evolução da espécie nos últimos milhares de anos.

Os registos históricos indicam que o urso pardo existiu em Portugal até ao século XVI.

 



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