Fóssil de pegada de dinossauro com 154 milhões de anos na Figueira da Foz
Um fóssil de uma pegada de dinossauro com 154 milhões de anos foi descoberto recentemente na Figueira da Foz, por mero acaso, na sequência de trabalhos de movimentação de terras na encosta sul da Serra da Boa Viagem.
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País Descoberta
Vanda Faria dos Santos, investigadora do Departamento de Geologia (Instituto D. Luiz) da Universidade de Lisboa e especialista em pegadas de dinossauro, sublinha o "reconhecimento" da comunidade científica para com quem encontrou o fóssil: "Não foi egoísta e teve interesse em partilhá-lo e torná-lo público. Outro teria levado [a pedra] para a sala lá de casa", ilustrou.
"E não existiam os Alpes, os Pirinéus, muito menos a serra da Boa Viagem. Não existiam relevos montanhosos pronunciados, a serra da Boa Viagem não terá mais de 2,5 milhões de anos, formou-se quando a Península Ibérica foi comprimida contra o norte de África", diz Pedro Callapez.
O geólogo da UC, que é mestre em Geociências e doutorado em Paleontologia, aponta o fóssil "singular, que não se encontra todos os dias" da pegada de dinossauro, destacando-lhe a relevância científica, patrimonial, lúdico-turística e educativa.
"Quando se junta dinossauros a crianças, há logo um interesse acrescido", sublinha.
A pegada agora encontrada sucede a várias outras descobertas naquela região, nomeadamente identificadas na zona do Cabo Mondego, para onde está prevista a constituição do chamado Geopark do Atlântico.
Vanda Santos recorda o trabalho "pioneiro", ali desenvolvido, no final do século XIX e início do século XX, por Jacinto Pedro Gomes, alertado por trabalhadores das minas "que diziam que havia fósseis curiosos na praia".
Estes, afirma a investigadora, acabariam removidos do local para assim sobreviverem à ação erosiva do mar e estão, desde então, no Museu Geológico de Lisboa, situação que a autarquia da Figueira da Foz pretende ver revertida.
Se o presidente da Câmara Municipal, Carlos Monteiro, admite, por um lado, que a questão "não passa por um sentimento de posse" e que "além do interesse da Figueira, há o interesse nacional", sendo que as pegadas de dinossauro que estão no museu em Lisboa, podem ali ser visitadas e até "contribuir para colocar, outra vez, na agenda nacional o Cabo Mondego e o seu património geológico", por outro lado, há a intenção de reunir, em termos expositivos, no Museu Municipal da Figueira da Foz, a pegada agora descoberta com as restantes que foram retiradas do seu ambiente natural.
A investigadora Vanda Santos, que defende que o património geológico seja preservado no local onde é encontrado, sustenta que, neste caso e com os devidos cuidados, "nada impede" a mudança de Lisboa para a Figueira da Foz.
"Podem vir ou não, é uma questão política de decisão", nota a cientista.
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