Granizo em Trás-Os-Montes
2023-06-16 (IPMA)
Nas
últimas semanas o território de Portugal continental esteve sob
condições meteorológicas caraterizadas por instabilidade atmosférica,
com destaque para as regiões do interior norte e centro.
Essas condições resultaram da presença de uma depressão centrada a
noroeste da Península Ibérica, com expressão em níveis altos, que
transportava sobre o território uma massa de ar quente, com conteúdo em
água precipitável (da ordem de 30 mm) e instabilidade caraterizada por
valores de CAPE até 600 J/Kg, potenciada pela presença de ar frio em
altitude.
Esta instabilidade foi mais significativa sobre o nordeste transmontano,
onde foram observados aguaceiros, por vezes fortes e trovoada, assim
como queda de granizo (que em alguns casos foi mais prolongada do que o
habitual, na ordem das dezenas de minutos).
A orografia determinou os locais em que persistentemente a instabilidade
se foi libertando, o que, em conjunto com outros ingredientes
(instabilidade atmosférica , humidade em níveis baixos, nível de
congelação) manteve a geração quase contínua e prolongada de granizo. As
pedras tiveram, em muitas situações, diâmetro largamente superior a 0,5
cm, o que as permite qualificar como saraiva.
No exemplo ilustrado na figura 1, do radar de Arouca/Pico do Gralheiro,
sobre a área de Mêda – Vila Nova de Foz Cô, a é visível o campo dos
máximos de refletividade projetados na horizontal (painel da esquerda) e
o campo do tipo de hidrometeoro num nível baixo (painel da direita). O
algoritmo de classificação do tipo de hidrometeoro a baixa altitude,
considerava a presença de “graupel” (neste caso, pedras de menor
dimensão) e “granizo” (pedras de granizo de maior dimensão e saraiva) em
associação aos referidos máximos de refletividade com grande magnitude
(fig 1, painel da direita).