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15.12.11

EDUARDO PRADO COELHO




 


                                                                                  
                                                                             

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.


Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.    Pertenço a um país:

-Onde a falta de pontualidade é um hábito;

-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.


-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.

-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.


-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é ‘muito chato ter que ler’) e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.

-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

-Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser ‘compradas’, sem se fazer qualquer exame.


-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.

-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.

-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.

 Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não.
 Já basta.


Como ‘matéria prima’ de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
 Esses defeitos, essa CHICO ESPERTICE PORTUGUESA’ congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte…

Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada… Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.Qual é a alternativa ?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa ‘outra coisa’ não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados… igualmente abusados ! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda… Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro… Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa ?… MEDITE . 

Eduardo Prado Coelho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Eduardo Prado Coelho
 
Eduardo Prado Coelho
Nome completo Eduardo de Almeida do Prado Coelho
Nascimento 29 de março de 1944
Lisboa, Portugal
Morte 25 de agosto de 2007 (63 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Cônjuge Maria Eduarda Ovelheira dos Reis Colares (1967, 1 filha)
Maria Teresa Alves Tocha (1979)
Maria da Conceição Campina Caleiro (1998)
Maria Manuel Viana
Ocupação Professor, escritor e ensaísta
Prémios Prémio P.E.N. Clube Português de Ensaio (1985)
Grande Prémio de Literatura Biográfica (1996)
Medalha de Mérito Cultural (1997)
Prémio Arco-íris (2004)
Magnum opus Tudo o que não escrevi


Eduardo de Almeida do Prado Coelho (Lisboa, Santa Isabel, 29 de Março de 1944Lisboa, 25 de Agosto de 2007[1]) foi um professor, escritor e ensaísta português.

 

 

Biografia

Filho do professor Jacinto de Almeida do Prado Coelho e de sua mulher Dália dos Reis de Almeida, cresceu em Lisboa e licenciou-se em Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

 Na mesma instituição viria a obter o doutoramento, com uma tese intitulada A Noção de Paradigma nos Estudos Literários

Foi assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entre 1970 e 1983. Em 1984 tornou-se professor associado da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Como professor convidado, leccionou ainda no Curso de Comunicação Social e Cultural da Universidade Lusófona, bem como no Departamento de Estudos Ibéricos da Universidade de Paris III.
Prado Coelho ocupou vários cargos públicos, tendo sido director-geral de Acção Cultural, organismo criado com a Revolução de Abril, entre 1975 e 1986, conselheiro cultural na Embaixada de Portugal em Paris, entre 1989 e 1999, comissário de Literatura e Teatro na Europália Portuguesa, em 1990, director da Delegação de Paris do Instituto Camões, entre 1997 e 1998, e representante de Portugal no Salon du Livre, em 2000. Além disso integrou o Conselho Directivo do Centro Cultural de Belém, o Conselho Superior do Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia e o Conselho de Opinião da RDP e da RTP

Teve ampla colaboração em jornais e revistas e publicou uma crónica semanal no jornal Público até à data da sua morte. Da sua bibliografia ensaística, destacam-se Os Universos da Crítica, O Reino Flutuante, A palavra sobre a palavra, A letra litoral, A mecânica dos fluidos, A noite do mundo, além de um diário, intitulado Tudo o que não escrevi. Publicou nos seus últimos anos de vida Diálogos sobre a fé, com D. José Policarpo, e Dia Por Ama, com Ana Calhau.

 Em 1996 recebeu o Grande Prémio de Literatura Autobiográfica da Associação Portuguesa de Escritores, em 2004, o Grande Prémio de Crónica João Carreira Bom, e em 2004, o Prémio Arco-íris, da Associação ILGA Portugal, pelo seu contributo para a igualdade baseada na orientação sexual.
Casou primeira vez em Lisboa a 2 de Janeiro de 1967 com Maria Eduarda Ovelheira dos Reis Colares, de quem teve uma filha, a jornalista Alexandra Prado Coelho, e de quem se divorciou, casando ela segunda vez com Lauro António.

 Casou segunda vez na Figueira da Foz a 14 de Novembro de 1979 com Maria Teresa Alves Tocha, sem geração, e casou terceira vez em Cascais a 20 de Fevereiro de 1998 com Maria da Conceição Campina Caleiro, sem geração, de quem se divorciou para viver com a escritora Maria Manuel Viana, sua companheira até ao fim da vida. 

Foi agraciado com os seguintes graus das Ordens Honoríficas portuguesas: Comendador da Ordem do Mérito (6 de setembro de 1990), Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (9 de dezembro de 1991) e Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (30 de janeiro de 2006).[2]

 

Obras

  • O Reino Flutuante: exercícios sobre a razão e o discurso (1972)
  • A palavra sobre a palavra (1972)
  • Poesia, prosa, com Maria Alzira Seixo (1974)
  • Hipóteses de Abril (1975)
  • Poesia + Prosa : séculos XIX e XX, com Maria Alzira Seixo (1977)
  • A letra litoral : ensaios sobre a literatura e seu ensino (1979)
  • Os universos da crítica : paradigmas nos estudos literários (1982)
  • Vinte anos de cinema português : 1962-1982 (1983)
  • Pessoa-Soares e a cultura em língua francesa (1983)
  • A confissão de Eduardo ou o último a saber: notas para uma leitura de Sedução de José Marmelo e Silva (1984)
  • A mecânica dos fluídos : literatura, cinema, teoria (1984)
  • A "nouvelle critique" em Portugal (1984)
  • Os universos da crítica : paradigmas nos estudos literários (1987)
  • A noite do mundo (1987)
  • Tudo o que não escrevi : diário (1992)
  • Para Óscar Lopes (1996)
  • Uma homenagem a Óscar Lopes (1996)
  • O cálculo das sombras (1997)

 

Referências


  1. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Eduardo Almeida do Prado Coelho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 6 de agosto de 2020

 

Ligações externas